No livro de Daniel está escrito que ele orou e jejuou por 21 dias em uma grande batalha a favor da sua nação. Ele conta que um anjo veio e lhe trouxe uma revelação: que desde o primeiro dia que ele começou a orar, seu clamor foi ouvido nos céus, porém o príncipe da Pérsia, um principado, estava impedindo o anjo de trazer a resposta. para libertação da sua nação.
O que entendemos, então, dessas batalhas é que existem principados que lutam contra o povo de Deus e o escravizam. Mesmo Deus já tendo decretado a vitória desse povo, para que esse decreto chegue até nós, é preciso que haja uma batalha espiritual prolongada, permeada pelas orações dos crentes.
No caso do capítulo 10 de Daniel, que fala desse episódio que citei inicialmente, o anjo Miguel, principal guerreiro chefe do exército celestial, veio ajudar o anjo que levou a mensagem a Daniel. Somente depois dessa revelação, o povo hebreu alcançou a vitória.
Me lembro que passei por uma situação semelhante em minha caminhada de fé. No artigo anterior, eu contei uma história, na qual uma mulher ligada à nossa família sofria com possessões demoníacas e, ao final do ano de 1989, Deus mandou que eu fosse pregar e ministrar ao esposo dessa mulher.
No momento em que comecei a evangelizá-lo, um principado se manifestou em sua esposa. Eu não sabia o nome daquela entidade espiritual, mas dava para notar que a pessoa possuída fica com a aparência, a feição imponente de um imperador: audacioso, orgulhoso, prepotente.
Ao entender que para vencer aquela batalha espiritual eu precisava me fortalecer com o jejum e oração, convoquei meus guerreiros de oração mais fortes para que pudessem me acompanhar e subimos ao monte, para nossa consagração de 40 dias e 40 noites.
Foi durante esse período que Deus falou comigo e me deu um sonho. Ele me mostrou que aquele principado que ali estava, tinha como objetivo principal trabalhar para instalar o comunismo no Brasil e também estava agindo na vida do candidato à presidência de esquerda naquela época.
Nesse sonho que Deus me mostrou, eu via o Brasil se transformando em comunista, perseguindo os cristãos e eu via o meu filho - que tinha apenas sete anos na época - fugindo da escola e de outros lugares que estavam sendo dominados por essa ideologia maligna, manipulada por tal principado.
— Mas Senhor, por que o tu permitiste que o Brasil fosse entregue nas mãos dos comunistas? — eu perguntava para Deus, em lágrimas.
Ao me responder, Deus me explicava que a Igreja e seus líderes omissos eram os grandes culpados daquilo, por que Ele havia ordenado que ela conquistasse os reinos para Cristo, mas ela estava ocupada demais criando seus próprios reinos e esquecendo-se do propósito principal, que é estabelecer o Reino de Deus. Enquanto isso, o comunismo estava usando a máscara de um discurso “pacífico”, “humanitário”, de “olhar pelas minorias” para conquistar as nações e colocá-las sob o domínio do reino das trevas.
Então, nesse sonho, Deus falou ao meu coração que nós tínhamos que encarar essa ordenança que Ele nos deu sobre conquistar as nações para Cristo com muita seriedade, porque se nós não conquistássemos o Brasil para Jesus, o inimigo iria conquistar e estabelecer os seus reinos aqui.
Era exatamente essa batalha espiritual que estava acontecendo ali, enquanto nós estávamos pregando para nossa família.
Fato é que muitas vezes, estamos lidando com a libertação de uma pessoa e pensamos que é um caso isolado, mas na verdade, aquilo pode ser parte de uma guerra espiritual muito maior, envolvendo até mesmo outras esferas de poder.
Treinando guerreiros
Diante daquele cenário desesperador que vi em meu sonho, entendi que havia um plano diabólico para dominar a nossa nação e destruir as próximas gerações a partir dali.
Quando perguntei a Deus o que poderia ser feito, Ele me mostrou que a Igreja como Corpo de Cristo é um exército e devemos treinar os nossos guerreiros como tropas espirituais para lutar e pelejar em grandes batalhas.
Naquele momento, orando e jejuando no monte comigo, eu tinha quatro guerreiros dispostos a batalhar ao meu lado. No último dia de vigília, confesso que ficar acordado foi algo extremamente difícil. Era possível sentir que um grande peso espiritual recaía sobre nós naquele momento e meus guerreiros não resistiram, se entregaram ao sono.
Enquanto eu orava, parecia que serpentes e outros animais peçonhentos tentavam subir em mim, começando pelas minhas pernas e braços, mas eu sabia que nem mesmo isso podia me impedir de continuar guerreando.
— Senhor, parece que há muitos demônios aqui — eu disse a Deus.
— Então, você tem que entrar nos reinos deles para derrotá-los — Ele me respondeu.
Foi ali que comecei a declarar que estava acessando aqueles reinos espirituais e amarrando aqueles demônios todos. Eu fiz isso, citando o nome de cada um dos principados e demônios que o Senhor me trazia à memória. Naquele momento Deus me deu uma unção de Guerra que me capacitou à entrar no mundo espiritual onde eu ia amarrando e expulsando os demônios de nossa geografia.
A partir de então, fomos ganhando cada vez mais força, até que vencemos aquela batalha espiritual. Quando o sol nasceu, sentimos a paz, os nossos guerreiros acordaram e eu, em vez de cansaço, só conseguia sentir um entusiasmo, força e alegria inexplicáveis.
Obviamente, a guerra especificamente contra este principado do comunismo não parou por aí. Mas quero deixar a continuidade desse testemunho para outro artigo e me focar no aprendizado que tirei dessa última noite de batalha espiritual.
Reflexão
Passado aquele momento, me coloquei a refletir e lembrei-me de Jesus, que foi ao Getsêmani para orar e seus discípulos que o acompanhavam, adormeceram, como nos conta a passagem de Mateus 26:40-42:
“Depois, voltou aos seus discípulos e os encontrou dormindo. ‘Vocês não puderam vigiar comigo nem por uma hora?’, perguntou ele a Pedro. 41 ‘Vigiem e orem para que não caiam em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca’. 42 E retirou-se outra vez para orar: ‘Meu Pai, se não for possível afastar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade”’.
Naquela última noite de vigília, consegui perceber na prática o quanto é difícil permanecer firme até o final em uma batalha espiritual. Me coloquei totalmente no lugar daqueles discípulos, entendi completamente o que eles sentiram naquela noite, mas também pensei no sentimento de Jesus e vi o quanto é difícil se ver sozinho em um momento intenso de combate como aquele.
Uma batalha de alto nível exige que os guerreiros também tenham alto nível para sobreviverem a ela. Homens e mulheres de Deus, não aqueles que separam cinco minutos de seu dia para orar simplesmente como uma prática religiosa, mas sim pessoas que se alistem como soldados, prontos para o combate, em estado de alerta, dispostos a dobrar os joelhos e orar incansavelmente.
Após vermos que como resultado claro daquela nossa batalha, houve a derrota do candidato comunista à presidência em nosso país naquela época, entendemos que a nossa oração enfraqueceu o espírito maligno que estava por detrás dele.
Naquela mesma noite em que vencemos o principado, o Muro de Berlim começou a ser derrubado, em 9 de Novembro de 1989 depois de 28 anos de existência. O evento ficou mundialmente conhecido como “a queda do muro”.
Soubemos da relação direta entre nossas orações e a queda do muro, porque posteriormente eu soube que, enquanto guerreava em oração naquele monte, o principado usou aquela pessoa da minha família para falar à minha esposa:
— Por causa de teu marido eu perdi um reino nesta noite.
Dias depois entendemos que aquele demônio enfraqueceu com a queda do muro e acabou perdendo o Brasil, que seria seu próximo reino.
A partir dali mudamos nossa visão a respeito de igreja e passamos a formar um exército para Deus. Começamos a levantar grupos de oração, que se mobilizavam para manter a intercessão ininterrupta, 24 horas por dia, 7 dias por semana e ensinar à nossa igreja que para manter fora de nossa nação um espírito maligno como esse, precisamos estar prontos para guerrear nas esferas espirituais, com oração e jejum contínuos.
Por Joel Engel, pastor, líder do Ministério Engel, em Santa Maria (RS) e fundador do Projeto Daniel, que ajuda crianças órfãs em países da África.
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