Há dias em que explode o desentendimento e as palavras duras são trocadas aumentando a pressão emocional na atmosfera e deixando os escombros de uma zona de guerra. As emoções falam, o território do casamento que foi atingido faz desaparecer os bons momentos, os sentimentos agradáveis e as juras de amor. Fumaça na alma, estilhaços de culpa e a surpresa são a cena mais comum depois de um desentendimento. Mesmo depois de tais momentos, depois de baixar a poeira do combate, ainda é possível ver, entre os escombros, fortes fundações, colunas de concreto, com aço retorcido que permanecem de pé. São as virtudes do outro, a lembrança do compromisso e o conselho da palavra de Deus: “o que Deus uniu, não separe o homem”. Mas e quando falamos de perdão?
Como reconstruir sua vida emocional e perdoar?
Não basta curar o outro que foi ferido, você também foi ferido. A não ser que um dos dois seja um anjo, ou uma “anja”, ambos terão falhado no processo. Ao contrário dos inimigos costumeiros, quando um cônjuge ataca o outro, faz mal a si mesmo, pois ambos são um.
Quando alguém atira, sempre atinge o próprio pé. Destruídos assim, homem e mulher até conseguem falar, mas as emoções estão por demais pisoteadas e ressecadas e precisam de uma restauração. Sem um depósito de água fresca onde mergulhar a decepção com o outro e consigo mesmo, fica muito difícil agir de modo integral.
Para os cristãos antigos e cascudos é possível dizer até as palavras certas, mas ter o coração distante e ainda alimentar pensamentos de queixa e ressentimento. Quem vai dar a dica que os pensamentos realmente se alinharam com a verdade é o sentimento. São as emoções.
Para perdoar e pedir perdão não é necessário sentir nada, mas somente obedecer. Porém, as emoções funcionam como um termômetro que mostra se a questão se resolveu no coração. Por isso é necessário clamar pelo mediador perfeito. Ele media um cônjuge com outro e também um cônjuge com o seu Criador.
O que fazer para “limpar” as emoções?
Sempre que parecer impossível voltar ao cenário e encarar o outro com ternura será necessário ficar diante do Senhor e ali contar tudo o que houve. Tranque-se no quarto, conte para Deus o que aconteceu, como você respondeu, porque o fez; diga-lhe o que o ofendeu, enfim faça a sua “fofoca” santa.
Digo fofoca santa, porque Deus não ficará magoado com você e tomará partido depois de tudo resolvido. Ele é o justo juiz e, enquanto você conta, o próprio Espírito já vai corrigindo e ditando o tom da conversa. Você diz que ela foi grosseira e o Santo lhe pergunta o que você havia feito a ela para que ficasse tão zangada. Você diz que não quer olhar mais para ela e Ele pergunta se tem a ver com orgulho.
Assim, a zona de guerra vai sendo reconstruída enquanto o Espírito organiza os seus pensamentos com um belo espelho. Assim, a paz vai abastecendo o lastro de vida da sua alma. Quando mais erros seus você reconhece, melhor se sente e depois desse tempo com o mediador vertical, você já pode falar de coração.
O caminho da reconstrução passa pelo reconhecimento da própria culpa, sem desculpas esfarrapadas, sem tentar enfeitar o monstro, ou disfarçar o mau cheiro. Antes de pedir, coloque-se no lugar do outro. Sinta a sua dor. Deixe que o golpe que você proferiu contra ele atinja a você mesmo. Então fale: “Pequei, fui egoísta, agressivo, orgulhoso e preciso que você me perdoe. Não foi para isso que Deus confiou-me você”.
Se ela também se humilhou diante do Senhor, tudo será mais fácil e, em pouco tempo, a reforma se fará, consertando as portas caídas e abrindo espaço para pintar de azul as paredes que agora têm a cor e o cheiro do céu. Se ela não se achar culpada em nada, você ficará meio triste, mas com aquele lastro de vida e paz no seu peito, você poderá dizer que pode tudo naquele que o fortalece.
Cultive hoje o seu relacionamento com Deus, para que haja lastro e sobra quando você precisar procurá-lo para abastecer, pedindo e concedendo perdão.
Josué Gonçalves é terapeuta familiar através de seminários, encontros e congressos realizados anualmente. Autor dos livros “12 Verdades que Todo Filho gostaria que os Pais Soubessem” e “Pastor: Sua Família e Seus Desafios”.
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