'Viva o carnaval!'

Em dias de "festival da carne", ser animal é regra, pensar é exceção. Deixar seus instintos lhe dominarem e levarem exatamente aonde o corpo quer, é a pedida da vez, mas só até a quarta feira, a das cinzas (quem sabe em cinquenta tons?)

Fonte: Guiame, Luciana HonorataAtualizado: sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015 às 17:07
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"Viva o carnaval", dizem os foliões de carteirinha, os amantes do festival do carne. Viva o álcool desregrado, a permissividade das drogas, a abertura das cancelas do sexo! Comemoremos o "privilégio" da libertinagem, da promiscuidade, do "vale-tudo-desde-que-eu-seja-feliz", a falsa liberdade que na verdade é escravidão. Viva as DSTs, viva os novos soropositivos, aos motéis ao ar livre.

Viva os namorados fugitivos, os noivados rompidos (nesse ponto, realmente deve-se agradecer, ele/ela não lhe mereciam), os casamentos arruinados. Viva as mulheres agredidas, violentadas, usadas. Viva as gravidezes indesejadas, os abortos clandestinos, as almas ceifadas. Viva o abandono de crianças em casa, sozinhas, para que mães e pais irresponsáveis usufruam de "la vida loka". Viva as que presenciarão discussões entre eles, que ficarão marcadas pelo despencar da segurança de seus mundos no chão das salas sujas de vômito.

Vamos dar "viva!" às overdoses, aos comas alcoólicos, aos acidentes de trânsito, aos assassinatos - passionais ou não. Às garrafas quebradas, às lutas de gangues, aos arrastões. Viva os assaltos, viva os tiroteios. Viva o enriquecimento dos grandes e o empobrecimento dos pequenos, porque estes, na verdade, são os que perdem. Que encham-se os bolsos dos já milionários artistas baianos e sertanejos, e esvaziem-se as dispensas dos assalariados cheios de axé e vazios de juízo.

Perca-se as medidas, as contas. Como os que também perdem documentos, pertences e, sobretudo, dignidade. Viva a amnesia política que acomete os que não têm tanto pão, mas se contentam com o circo. Viva a alienação e a estupidez, a degradação dos que descem até o chão e abaixo dele. Viva a vulgaridade, que "nestepaiz", eufemizaram de "sensualidade".

Viva os topless, os bundaless o os "vergonhanacaraless". Viva as músicas de mau gosto, os porta malas escancarados e as disputas de pior trilha sonora destruidora de tímpanos. Viva a falta de paz, de bom senso e elegância, porque afinal, vivemos na nação onde mau gosto é praticamente obrigatório, e a decência é crime. Viva tudo isso, e morra a civilidade!

Em dias de "festival da carne", ser animal é regra, pensar é exceção. Deixar seus instintos lhe dominarem e levarem exatamente aonde o corpo quer, é a pedida da vez, mas só até a quarta feira, a das cinzas (quem sabe em cinquenta tons?). Afinal, Deus "entende" e Deus perdoa, porque Deus é amor, né? Ou quem sabe, melhor ainda, Deus nem ligue pra isso...
Será?!
Música e festa, a estes dou meu "viva!", mas ao tal festival, a este, dou Romanos 8.6:

Porque a inclinação da carne é morte, mas a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem em verdade o pode ser, e os que estão na carne não podem agradar a Deus".

Então... Viva a quem mesmo?!

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