Marcas que ecoam

Marcas que ecoam

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:18

Ele tinha 11 anos, era muito serelepe, de cabelo arrepiado e olhos esbugalhados.

Não era um garoto mau, mas parecia que nenhuma bronca, nem cintada conseguia colocá-lo no eixo.

Para ele tudo era diversão e risada.

Tinha conseguido passar de ano e costumava sempre voltar da escola aprontando muito.

Num momento de explosão de alegria pelo fim das aulas e tristeza por saber que ficaria um bom tempo sem ver os amigos.

Ele corre para casa, derrubando as latas de lixo da rua e fazendo um barulho com a boca, como uma sirene bem alta.

Uns gritam: Para com isso moleque! Outros: Que absurdo!

Até que o menino, virando a esquina, bate de frente com um homem fardado de trinta e poucos anos.

O menino cai de bunda no chão com os olhos arregalados, apavorado não tinha nem palavras.

O homem muito bravo e gritando falava já dando um pontapé: Seu vândalo, moleque do mau, você vai arrumar todo o lixo da rua e aprender a ser gente civilizada!

Naquela tarde o menino foi humilhado na frente de todos do bairro, apanhou do homem com safanões e pontapés. Todos aplaudiam o homem por trazer disciplina e ordem. O menino levantou as 3 latas de lixo da rua que tinha derrubado e recolheu todo o lixo, até o que não tinha derrubado.

Chegando em casa viu seus pais, mas nunca contou nada do que tinha acontecido.

Os anos passaram e as marcas daquele dia ficaram ecoando em sua memória.

Ele já tinha 37 anos, era um homem muito centrado, de cabelo lambido para o lado e olhos caidos.

Não era um homem mau, mas acreditava que a ordem e a disciplina eram a solução para a sociedade.

Para ele tudo era o trabalho, que ele levava muito a sério.

Tinha se tornado um delegado e costumava voltar do trabalho a pé observando a cidade.

Num momento de explosão de alegria pelas férias que estavam começando depois de 10 anos de trabalho e tristeza por saber que ficaria um bom tempo sem ver os colegas de trabalho.

Ele volta para casa devagar cumprimentando a todos da rua, muito orgulhoso por ser respeitado por manter a ordem na cidade.

Uns falam: Boas férias, delegado! Outros: O senhor vai fazer falta!

Até que o senhor virando a esquina bate de frente com um moleque de dez ou doze anos, gritando e fazendo algazarra.

O menino cai de bunda no chão com os olhos arregalados, apavorado não tinha nem palavras.

O delegado muito bravo, já dando um pontapé, grita: Seu vândalo, moleque do mau, você vai arrumar todo o lixo da rua e aprender a ser gente civilizada!

Naquela tarde o menino foi humilhado na frente de todos do bairro, apanhou do homem com safanões e pontapés. Todos aplaudiam o homem por trazer disciplina e ordem. O menino levantou as 3 latas de lixo da rua que tinha derrubado e recolheu todo o lixo, até o que não tinha derrubado.

Chegando em casa viu seus filhos, mas nunca contou nada do que tinha acontecido.

Os anos passaram e as marcas daquele dia ficaram ecoando em sua memória.

Marcos Botelho é pós-graduado em Teologia Urbana, Missionário do Jovens da Verdade, SEPAL. Professor da FLAM - Faculdade Latino Americana de Missões e responsável pelo Terra dos Palhaços Brasil

www.jvnaestrada.com www.marcosbotelho.com.br

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