O ano inaceitável dos religiosos

O ano inaceitável dos religiosos

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:10

 

Um dos textos mais marcantes para mim é aquele de quando Jesus, começando o seu ministério, faz a pregação mais curta da história, mas também a mais revolucionária que já ouvi (ou melhor, li).
 
Jesus entra numa sinagoga em Nazaré e lê o texto de Isaías:
 
“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor ungiu-me para levar boas notícias aos pobres. Enviou-me para anunciar liberdade aos cativos e libertação das trevas os cegos, para proclamar o ano aceitável do Senhor…”. Isaías 61:1,2a
 
Depois de ler o texto, ele senta e todos ficam esperando a pregação (sim, Jesus pregava sentado).  Quando ele fala: “Hoje se cumpriu a escritura”, pronto! A confusão estava armada.
 
Alguns acreditaram, muitos duvidaram falando que ele era apenas o filho do carpinteiro, e nada mais.
 
E Jesus reage falando duras palavras contra os religiosos judeus que se achavam mais que os outros e que achavam que o Deus revelado era só pra eles.
 
Os religiosos da sinagoga ficaram tão transtornados que agarraram Jesus e arrastaram para jogá-lo no penhasco da cidade, mas Jesus se desvencilhou e saiu da cidade.
 
O que incomodou tanto os religiosos? Por que Jesus pegou tão pesado com eles? Por que a mensagem de Jesus foi rejeitada logo de começo?
 
Por causa do ano inaceitável dos religiosos.
 
Como se não bastasse Jesus aplicar para si o texto messiânico de Isaías, que fala que as boas novas do Espírito são para os pobres, aprisionados e cegos, ele fala que o ano aceitável do Senhor chegou!
 
Este ano era chamado ano do Jubileu. O Senhor Deus queria que a cada período de 50 anos houvesse, para Seu povo, um novo começo econômico, social, moral, ecológico e espiritual. (Lv 25.8-10).
 
Todas as dívidas tinham que ser perdoadas, as terras re-divididas, os escravos libertos, a terra e os animais teriam um ano de folga para se renovar. Era um recomeço de tudo, onde o perdão seria maior que tudo e todos, e esse se chamaria o ano aceitável do Senhor.
 
Mas dizem alguns teólogos que este quinquagésimo ano nunca aconteceu de fato com os judeus como o Senhor queria. Porque um ano como esse era agradável para os pobres, endividados, sem terras, sem tetos, pecadores, para a terra, os animais e principalmente para Deus, só não era para os ricos, patrões e quem não tinha feito “nada” de errado na vida.
 
Estes últimos sempre ditaram as regras, sempre mandaram. São os que estão por cima da carne seca, que são glorificados pela sociedade e pelas religiões. Sempre foi assim com o povo judeu no Antigo Testamento, hoje e na época de Jesus.
 
Mas Cristo veio e já de cara, no seu primeiro discurso avisa: a mensagem que eu vim trazer, cheio do Espirito, é uma mensagem que os ricos, os bem sucedidos, os donos de terras, os patrões e principalmente os religiosos não vão gostar!
 
A religião sempre coloca as leis e regras que você tem que cumprir para alcançar o favor de Deus. É assim em todas as religiões,  judaísmo,  espiritismo, hinduísmo, budismo, candomblé, evangélicos, etc. Assim, no final das contas, as religiões são dos que conseguem fazer algo e que por isso Deus os aceita e abençoa.
 
Jesus falou que as boas novas são dos que não conseguiram seguir as regras da religião, as regras sociais de um bom cidadão, dos que tem o coração cativo, os que não enxergam um palmo na sua frente. Daqueles que são a escória da sociedade, onde ninguém enxerga virtude.
 
Estes ficarão felizes e vão comemorar como nunca quando encontrarem Jesus. Eles vão dançar na rua como um escravo fazia quando sabia que o Jubileu tinha chegado. A alegria do miserável entrando em uma casa própria pela primeira vez. A Terra vai celebrar a chegada do evangelho, porque ela vai ser respeitada como criação do Senhor.
 
Todos ouvirão os gritos de júbilo daqueles que não tinham mais esperança, daqueles que sabem que não valem nada, mas que o evangelho de Jesus os alcançou. O ano aceitável do Senhor chegou em Jesus, aceitável para todos que estão sem esperança, pobres, aprisionados e cegos.
 
 
por Marcos Botelho
 

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