Tbm naum vjo o avivamento vindo dos letrados

Tbm naum vjo o avivamento vindo dos letrados

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:29

Tenho ouvido muitas reclamações sobre como os adolescentes, e agora os jovens, estão escrevendo ''errado'' na internet. Ouço que este novo jeito de escrever está estragando a língua portuguesa e criando uma geração que não sabe ler os textos que vou chamar de ''clássicos''.

De alguns anos para cá, não é tão difícil encontrar na internet palavras como naum (não), tbm (também), vc (você) entre centenas de outras palavras que estão sendo abreviadas ou escritas como se fala, para facilitar agilizar a comunicação na net. E a perspectiva é de piorar com o fenômeno do Twitter chegando no país e ''forçando'' ainda mais as pessoas a escreverem abreviadamente.

Mesmo concordando que temos negligenciado o estudo da língua portuguesa e a valorização da nossa cultura e, também com a opinião que estamos entrando em uma geração que desaprendeu a desenvolver um pensamento com mais de um parágrafo. Pretendo dessa vez ver o outro lado da moeda, para sermos mais justos em nosso julgamento e vermos que este fenômeno não é de todo mal.

Minha crise com o português mais rebuscado veio da simples situação de que por um bom tempo da minha vida eu tentava ler o Antigo Testamento e não entendia quase nada. Pensava que a bíblia, principalmente o AT, era algo tão profundo que eu teria que estudar teologia para entender. Quando entrei no seminário, ao me deparar com outras versões e traduções, percebi que o meu problema na adolescência não era a teologia e sim o português. Pois a tradução que tínhamos na minha igreja era de mais de 50 anos e não estávamos falando a mesma língua.

Foi quando me veio a segunda pergunta lógica, que fiz para a professora de português do seminário: por que não se populariza a Bíblia Linguagem de Hoje? (na época não tinha Nova Versão Internacional). Quando ela de bate pronto me respondeu com outra pergunta: Se popularizar como os letrados (catedráticos) vão continuar dominando o povo?

Foi como cair o véu que me cegava, entender que a ignorância leva a escravidão, e que ela beneficiava quem estava no poder!

Na história, o dinamismo da língua, sempre incomodou quem estava no poder, e entenda o estar no poder como o que controla o conhecimento,com os estudiosos ridicularizando os que popularizavam a comunicação e os religiosos sacralizando o antigo (que já estava dominado) e profanando o novo, o desconhecido.

Foi essa a acusação aos rabinos, após o exílio, de estarem profanando as escrituras por traduzirem do Hebraico para o Aramaico a lei para o povo, assim também foi com o grego na septuaginta. O novo testamento foi rejeitado por muitos da sua época por ter sido escrito no grego do povo e não no clássico.Cinco séculos depois, a tradução da Bíblia para o Latim foi chamada de Vulgar (Vulgata), e não foi diferente com as traduções feitas após a reforma.

Sempre foi assim, era rejeitada a nova linguagem, considerada pobre e vazia, até que ela fosse dominada pelos poderosos, que a engessava e as controlava.

A tentativa de reforma da língua portuguesa, que vimos um tempo atrás, além de ser uma jogada econômica, foi um tapa buraco que não chegou nem perto da realidade do português que falamos hoje.

Você até pode não gostar na nova forma de escrever que a internet está trazendo com muita rapidez, mas acredito que em primeiro lugar ela é inevitável, pois a roda girou e a oportunidade da troca do poder esta bem a frente a todos com a net 2.0.

E para você que é cristão, não se espante se a reforma ou o avivamento vier desse novo jeito de pensar e escrever, pois foi assim que aconteceu na história do cristianismo até hoje!

Marcos Botelho é pós-graduado em Teologia Urbana, Missionário do Jovens da Verdade, SEPAL. Professor da FLAM - Faculdade Latino Americana de Missões e responsável pelo Terra dos Palhaços Brasil

www.marcosbotelho.com.br

www.jvnaestrada.com

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