Estou quase alcançando, mas acabo caindo

Em “Os Miseráveis”, de Victor Hugo, podemos aprender muito sobre livre arbítrio com os exemplos das vidas dos personagens Jean Valjean e Javert.

Fonte: Guiame, Mariana MendesAtualizado: quarta-feira, 26 de julho de 2017 às 20:10
Russell Crowe e Hugh Jackman remontam cena de "Os Miseráveis", em Hollywood. (Foto: collider.com)
Russell Crowe e Hugh Jackman remontam cena de "Os Miseráveis", em Hollywood. (Foto: collider.com)

Não sei se você conhece o musical ou a história ou algo de “Os Miseráveis” de Victor Hugo; mas quero falar de dois personagens: Jean Valjean e Javert.

Jean Valjean é o ex-prisioneiro, que roubou um pão para salvar sua irmã e sobrinha devido à fome. Ele é tentado a roubar novamente depois de solto, ele faz escolhas erradas, ele quer ceder ao ódio, raiva e amargura, ele quer se afastar de Deus, e no meio da música onde apresenta seu dilema, solta uma frase: “I’m reaching, but I fall”. A frase significa: Estou quase alcançando, mas acabo caindo. Ele está tentando, se esforçando, está quase lá, mas ele acaba cedendo à fraqueza, é isso que quer dizer nessa confissão.

Javert é o policial, que caça Jean Valjean, que cumpre a lei, que tem uma fé inabalável, que tem certeza das cosias, que sabe quem é, o que faz e o que quer. Mas em um ponto, ao ver as mudanças na vida de Jean Valjean e sem acreditar que um ladrão pode mudar, Javert se vê em dúvida, se vê confuso e dentro de um dilema. Durante a música que apresenta suas dúvidas, solta uma frase: “I’m reaching, but I fall”. Sim, a mesma frase de Jean Valjean. Agora ele é quem está tentando, se esforçando, confessando sua franqueza.

Okay. Mas qual a diferença? (Já avisando, teremos spoilers da história!) Jean Valjean aceita a mudança que Deus quer fazer dentro dele, aceita o Seu amor, Sua graça, aceita que ele é fraco e precisa de ajuda, aceita que sozinho não tem como prosseguir. Jean Valjean aceita a metanoia de Cristo. Ele aceita e não para por aí, o personagem realmente muda, deixa o velho homem e passa a ser uma nova pessoa, com novas escolhas, vivendo uma nova vida, repleta do amor e da graça de Deus. Jean Valjean aceita o novo caminho e trilha por ele.

E, Javert? Ele não, não suporta a ideia da mudança, se vê em dúvidas e não tem coragem de encarar nenhuma delas, e em um momento desesperador acaba com a própria vida. Javert não soube lidar, ele se viu dentro de um embate, ele viu seus erros, enxergou sua essência, ele sabia que precisaria passar pelas mudanças, mas não quis, Javert não consegue aceitar que um homem como Jean Valjean pode mudar, ele não consegue entender a graça, não entende como alguém como Jean Valjean consegue alcançar perdão. E alguém que viveu na escória agora é um cidadão do céu, assim como ele. Javert preferiu morrer ao passar pelo caminho do arrependimento e mudança de vida, de renovação.

Os dois se encontraram praticamente na mesma situação e cada um seguiu um caminho. Sabe o que isso nos mostra? O livre arbítrio! Vamos sim passar por situações difíceis, complicadas, doloridas, o Espírito vai querer operar mudanças em nós, Deus quer fazer parte da nossa vida e despertar o melhor dentro de cada um. Mas como vamos reagir? Porque nós temos uma escolha! E cabe a nós decidir como vai ser... Jean Valjean ou Javert?

 

*O conteúdo do texto acima é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

 

 

Este conteúdo foi útil para você?

Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia

Siga-nos

Mais do Guiame

O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições