A raiz da infelicidade

A Torah atesta o fato de que éramos infelizes, mesmo tendo tudo.

Fonte: Guiame, Mário MorenoAtualizado: segunda-feira, 7 de outubro de 2024 às 17:51
(Foto: Pixabay/DenisDoukhan)
(Foto: Pixabay/DenisDoukhan)

“Porque você não serviu a Hashem, seu D’us, com alegria e bondade de coração, quando você tinha tudo em abundância” (Dt 28:47)

A Torah atribui todas as maldições horríveis que recairão sobre os filhos de Israel por não servir Hashem com felicidade. A reclamação não é que não serviremos Hashem, mas, embora O sirvamos, a ênfase está no fato de que isso não será feito com felicidade. Citando o Zohar, o Ramban ensina que a advertência na parashá desta semana se refere ao período do segundo Beit Hamikdash (Templo de Jerusalém) por meio de sua destruição e o subsequente exílio.

O Talmud afirma que o segundo Beit Hamikdash foi destruído por causa de “sinat chinam” – “ódio infundado”. Isso parece contradizer a razão oferecida pela Torah, de que a destruição foi precipitada pelos filhos de Israel não servir Hashem com felicidade. Como reconciliamos essa contradição?

A Torah atesta o fato de que éramos infelizes, mesmo tendo tudo. Isso é espelhado pelos fenômenos contemporâneos que encontram uma alta porcentagem de pessoas deprimidas e desencantadas como aquelas que desfrutam de sucesso e alta posição social. Por que pessoas que aparentemente têm tudo o que a vida tem a oferecer, ainda exibem falta de felicidade?

Uma pessoa só pode ser verdadeiramente feliz quando aprecia o que Hashem lhe concedeu. No entanto, se for egocêntrica e acreditar que merece tudo o que possui, ela não se sentirá satisfeita com o que já tem; ao contrário, estará constantemente focada nas coisas que ainda não lhe pertencem, mas que ela acredita ter direito.

Se uma pessoa vive com a atitude de que todos lhe devem algo, ela será constantemente infeliz e jamais ficará satisfeita com o que possui. Além disso, por acreditar que tem direito a tudo o que deseja, qualquer pessoa que possua algo que ela queira será vista como uma ameaça imediata.

Ele começa a odiar essa pessoa sem qualquer outra razão além da percepção de que ela está retendo algo que, em sua visão, deveria ser seu por direito. Esse tipo de aversão é o que o Talmud define como ódio infundado.

Assim, o ódio infundado pode ser rastreado desde sua origem até a nossa falta de gratidão pelo que Hashem fez e continua a fazer por nós. Portanto, sinat chinam não é uma razão distinta daquela oferecida pela Torah para a destruição do Templo; é uma manifestação da insatisfação ao servir Hashem.

Tradução: Mário Moreno.

 

Mário Moreno é fundador e líder do Ministério Profético Shema Israel e da Congregação Judaico Messiânica Shema Israel na cidade de Votorantim. Escritor, autor de diversas obras, tradutor da Brit Hadasha – Novo Testamento e conferencista atuando na área de Restauração da Noiva.

*O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: Gratidão: Um traço hereditário?

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