Poucas coisas envolvendo o debate cultural na atualidade são tão bizarras quanto o discurso de "diversidade" e "tolerância". O motivo é simples: quanto mais pregam e defendem esses termos, menos diversidade e tolerância temos na prática! É possível observar isso em muitos aspectos, sendo um deles através das declarações dos famosos, a exemplo da cantora Zélia Duncan.
Em sua participação no UOL Entrevista, Duncan, que é homossexual e mantém um relacionamento estável com a artista plástica Flávia Soares, segundo informações da revista Istoé, classificou mulheres que discordam da ideologia feminista como uma "aberração". A declaração dela foi parte de uma crítica a alguns usuários das redes sociais que apoiam o atual governo.
Zélia Duncan afirmou: "Aí você vai num perfil feminino, que para mim dói ainda mais, aí está escrito, ‘esposa’, uma mulher que a primeira palavra é esposa, já me preocupa, já me angustia… [está escrito também] cristã, armamentista, antifeminista’, uma mulher antifeminista é uma aberração, é como um negro racista, é uma coisa que o patriarcado está tão dentro dela que ela não sabe”.
Em outras palavras, se você é uma mulher que entende que homens e mulheres são essencialmente diferentes em nível biológico, e que por isso tais diferenças favorecem, consequentemente, a diferenças também de determinadas afinidades e atividades sociais, não sendo isso uma questão de valor moral ou discurso cultural, mas tão somente de condição biológica, isto significa que para Duncan você é uma "aberração".
Talvez, a questão seja pior ainda se você for uma pessoa de fé, como eu. Ou seja, uma cristã que acredita no relato bíblico da criação, onde vemos que Deus atribuiu a homens e mulheres diferentes papéis com base em diferentes potenciais, não para que houvesse desigualdade, mas sim complementaridade e harmonia dentro da família, consequentemente na sociedade em geral.
Como se não bastasse demonstrar ignorância em relação ao que diz a biologia, a neurociência e às perspectivas construtivistas da ciência em geral, incluindo a filosofia, Duncan também faz parecer que é só mais uma, entre tantas, que não compreende a Teologia Cristã, a qual vai muito além da visão reducionista e abstrata de "amor" pós-moderno, mas trata da vida social, moral, espiritual e até científica de forma ampla.
A grande verdade, por outro lado, é que o feminismo que pessoas como Duncan colocam no pedestal da moralidade "antipatriarcal", é nada mais do que o fruto de uma sociedade adoecida emocional e espiritualmente, vazia em sentido e compreensão da vida em sua amplitude.
Não por acaso, mulheres que defendem o feminismo geralmente carregam em suas vidas marcas de muita frustração amorosa (sexual?), familiar e psicológica. Acredite, compreendo! Quando interpretamos a vida a partir de referenciais negativos, nossa tendência é, de fato, nos apegar a qualquer coisa que nos sirva de âncora emocional, pois tudo o que queremos é encontrar algum sentido para sobreviver.
No entanto, o efeito da ilusão ideológica é sempre o contrário do esperado. Em vez de felicidade, paz e equilíbrio, o que temos são mais frustrações. Quem entra por esse caminho vive em um ciclo sem fim de autosabotagem, pois para não admitir o fracasso das suas escolhas, busca justificar tudo o que faz e pensa geralmente culpando os outros ou a conceitos como o "patriarcado".
Intolerância abjeta
Não quero acreditar que a Zélia Duncan seja uma pessoa que se enquadra no que descrevi anteriormente. Desejo, do fundo do meu coração, que ela seja realmente feliz, e que a sua defesa do feminismo, ao ponto de chamar mulheres como eu de "aberração", seja apenas o fruto de uma estupidez latente travestida de falsa intelectualidade.
Entretanto, não posso deixar de destacar a declaração de Duncan como mais um exemplo perfeito de falsa tolerância. Ora, justo ela, integrante de uma comunidade que prega e defende tanto a "diversidade"? Pelo visto, mulheres que discordam da miopia feminista não podem ser incluídas nos critérios de "diversidade", uma vez que são uma "aberração".
Aberrações, portanto, não têm o direito de discordar; não merecem respeito; não podem ser toleradas; não podem ser vistas como mulheres que são filhas, mães, esposas, cristãs ou trabalhadoras, especialistas, mestres ou doutoras. Se você é como eu, que vive fora da bolha onde pessoas como Duncan sobrevivem, contenha-se em ser apenas uma "aberração".
Por Marisa Lobo é psicóloga, especialista em Direitos Humanos, presidente do movimento Pró-Mulher e autora dos livros "Por que as pessoas Mentem?", "A Ideologia de Gênero na Educação" e "Famílias em Perigo".
* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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