Depressão infantil e adolescente

Transtornos psicológicos gerados por falta de educação positiva e equilibrada.

Fonte: Marisa LoboAtualizado: quarta-feira, 11 de setembro de 2019 às 19:42
(Foto: Stock)
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A depressão é considerada hoje como a pior doença de todos os tempos, a depressão é uma doença grave. Se não for tratada adequadamente, interfere no dia a dia das pessoas e compromete a qualidade de vida.

Os adultos se queixam e, mesmo que não o façam, suas atitudes revelam que não se sentem bem e a família percebe que algo de errado está acontecendo. Com as crianças, é diferente. Elas aceitam a depressão como fato natural, próprio de seu jeito de ser. Embora estejam sofrendo, não sabem que aqueles sintomas são resultado de uma doença e que podem ser aliviados. Não conseguem externar seus sentimentos, e os pais, de modo geral, custam a dar conta de que o filho precisa de ajuda.

Alguns aspectos do comportamento infantil podem revelar que a depressão está instalada. Por natureza, a criança está sempre em atividade, explorando o ambiente, querendo descobrir coisas novas. Quando se sente insegura, retrai-se e o desejo de exploração do ambiente desaparece. Por isso, é preciso estar atento quando ela começa a ficar quieta, parada, com muito medo de separar-se das pessoas que lhe servem de referência, como o pai, a mãe ou o cuidador.

A depressão está presente em 1% a 2% das crianças em idade pré-escolar e entre 3% a 8% dos adolescentes. Até o final da adolescência, uma em cada cinco crianças terão apresentado um episódio depressivo mais ou menos grave. Estudos epidemiológicos sugerem que a depressão seja mais comum em países mais pobres.

Na infância, a ocorrência de depressão é praticamente igual nos dois sexos. A diferenciação começa na adolescência, fase em que as meninas são mais vulneráveis.

Causas da depressão infantil

Não são apenas crianças que passaram por traumas intensos têm depressão,como nos adultos, existem, aparentemente, múltiplos fatores que predispõem à depressão:

Pesquisas apontam que pode ter uma pré-disposição genética, porém a educação negativa, gerada pela violência, psicológica, física, simbólica, que produzem afetos perdedores, como : ("modos" de pensar da pessoa e da família em que ela nasce); maus tratos domésticos; associado a ser vítima de bullying, um tipo de violência psicológica ou física que a criança sofre recorrentemente na escola e na sociedade; a não elaboração do luto, por perda de entes queridos pode desenvolver na criança depressão,  e pensamentos suicidas.

Família suficientemente boa diminui a predisposição à depressão

Por outro lado, diminuem à predisposição à depressão uma relação afetiva calorosa com os pais, um nível de inteligência elevado, hábitos de lidar com os problemas focando em sua solução e a capacidade de regular as emoções de forma adaptativa. Um dado interessante é que as crianças que cometem o bullying também têm taxas maiores de depressão.

Não se conhece em detalhes a causa da depressão, mas, além dos fatores acima citados, é possível que estejam envolvidos no mecanismo das depressões um mau funcionamento de partes do encéfalo (lobos frontal, temporal e/ou parietal; amígdala; hipocampo), alterações hormonais (aumento do hormônio cortisol) e mesmo processos inflamatórios. Entretanto, é importante ficar claro que, apesar de presentes em estudos científicos, é impossível, por enquanto, determinar qualquer um destes fatores em pacientes individuais, de modo que não é possível pedir algum exame que demonstre se a pessoa tem depressão ou não.

O reconhecimento da depressão na infância é relativamente recente na psiquiatria, justamente pela dificuldade que a criança tem de referir-se ao que sente. Por isso, muitas vezes, era considerada portadora de fobias específicas, tais como os transtornos comportamentais e a ansiedade de separação. Foi só há mais ou menos 20 anos, que a doença passou a ser reconhecida em adolescentes, uma vez sua forma de expressão é diferente da dos adultos.

Importantes saber

1. Filhos de pais depressivos ou com parentes próximos com quadros de depressão correm maior risco de apresentar depressão.

2. A depressão que se inicia na infância, geralmente, é mais grave. Por isso, a criança deve ser tratada o mais rápido possível.

3. Crianças que não tratam a depressão no início tem grande dificuldade de aprendizado.

4. A criança com depressão, veem a alegria, apenas nas outras pessoas, e sente inferioridade, timidez, sentimento de menos valia, e se conforma com esse referencial, ou seja, será uma pessoa infeliz

5. Criança que cresce com depressão, quando adolescente, estará mais propensa ao uso de drogas, buscará um meio de se sentir feliz, ainda que pela via química, entrará em um “mundo de prazer” para fugir do seu desprazer.

Diferença entre os sexos

Na infância, a ocorrência de depressão é praticamente igual nos dois sexos. A diferenciação começa na adolescência, fase em que as meninas são mais vulneráveis, mais sentimentais, além da questão hormonal que interfere consideravelmente nesse processo.

Já nos meninos por fatores culturais, não se expressam da mesma forma que elas, o menino não internaliza as emoções como a menina, que se tranca no quarto e chora. Ele se torna extremamente agressivo, fica na defensiva e desenvolve comportamentos opositor, conduta desafiante e parte para agressões, é uma maneira que ele encontra de externar  o que sente, nem sempre a pessoa quieta é a depressiva, temos que ficar atentos, pois  os dois comportamentos, exagerados merecem atenção,  devem ser analisados quando muito repetitivos e constantes. .

 O adolescente deprimido se defende, atacando as pessoas a sua volta, principalmente quem mais os mama, se conseguimos ultrapassar essa barreira, ele se mostra muito angustiado e chora, neste momento é  gancho que precisamos para estabelecer contato com eles, sempre de forma acolhedora e não julgadora.

Sintomas da depressão infantil

Os sintomas de depressão em crianças são os mesmos encontrados nos adultos. Logicamente, os que dependem de uma descrição da própria pessoa vão ser menos detectados em crianças mais novas. Os pais devem estar atentos a interação de alguns sintomas como:

- irritabilidade, humor depressivo, perda do interesse na maioria das atividades ou incapacidade de sentir prazer nelas;

- dificuldade de concentração ou raciocínio;

- falta ou excesso de apetite;

- diminuição ou aumento das necessidades de sono;

- ideias de culpa (a criança se sente culpada de algo que não fez ou, se fez, a culpa é exagerada) ou de menos valia (excessiva desvalorização de si mesmo);

- diminuição da atividade psicomotora (ou seja, das ações motoras dependentes de estimulação mental);

- sensação de falta de energia;

- ideias muito tristes ou pessimistas (que, entretanto, a criança pode não expressar ou pode mesmo negar);

- ideias de morte ou suicídio ou tentativas de suicídio.

Diagnóstico

Segundo o Manual de Diagnóstico e Estatística da Associação Psiquiátrica Americana (APA), para se fazer o diagnóstico, requer-se a primeira condição acima (irritabilidade, humor depressivo, perda do interesse na maioria das atividades ou incapacidade de sentir prazer nelas) associada a pelo menos quatro dos sintomas seguintes.

Os pais devem procurar ajuda psiquiátrica para os filhos sempre que, observarem, que quadros de tristeza estão muito prolongados, ou desproporcionalmente profundos, ou quando perceberem um desânimo persistente e falta de interesse e desanimo ao realizar atividade que antes gostava de realizar.  Entendendo que, os sintomas tem que estarem  relacionados um com os outros, um fato isolado, pode ser apenas uma tristeza , ou frustação por  algum acontecimento  momentâneo na vida da criança e ou adolescentes, que deve receber atenção de pais e professores, lembrando que o adulto, pode e deve ser um canal de resolução de conflitos , sempre respeitando o tempo e a intimidade da criança e ou adolescente.

De modo geral, sempre que os pais desconfiarem que "algo está errado" no comportamento de sua criança, devem procurar um(a) psicólogo e/ou psiquiatra, pois somente um profissional será capaz de dizer aos pais se realmente há motivo para preocupações. Entretanto, se houver presença de algum transtorno, é muito importante que o tratamento seja feito o quanto antes.

Sintomas físicos

Além dos sintomas emocionais, de comportamento afetivo da criança pode desenvolver sintomas físicos como: alterações de sono, apetite, dificuldades de se concentrar, dificuldades de dormir ou sono excessivo

Suicídio na infância

Felizmente, o suicídio infantil é raro, porque a criança tem uma visão diferente da morte. Não a vê como fim do sofrimento. É como se fosse um sono do qual acordará depois. Na infância, o mais comum é surgir um comportamento que chamamos de parassuicida.

Crianças depressivas se cuidam menos por isso é mais fácil sofrer acidentes,  são bem mais frequentes, porque ela não se protege, mal se refaz de um acidente , está metida em outro como se buscasse uma punição, ou como se u nunca aprende a se cuidar, não se preocupa com isso.

Suicídio na adolescência

Na adolescência, a intensidade dos sentimentos e emoções aumenta. Adolescentes são mais imediatistas. Por isso, num impulso, em momentos de extrema angústia, podem cometem suicídio. É muito difícil perceber neles uma ideação suicida estruturada e planejada ao longo do tempo.

Muitos são atraídos, pela ideia de morte e, como não têm coragem para matar-se, enredam-se em situações perigosa, provocando situações de risco, como, a melhor solução para o problema, já que não têm nada a perder.

Tratamento da depressão infantil

Na infância, conseguimos controlar alguns casos leves e reconhecidos precocemente com psicoterapia e a orientação dos pais, com a fé, igreja, sem medicamentos, no entanto em casos graves é importante que as terapias sejam associadas com medicamentos. De modo geral, o uso exclusivo de psicoterapia não é recomendado em casos moderados a graves de depressão, ou seja, se a depressão for grave a terapia sozinha não resolverá o problema, temos que usar todas as possíveis  estratégias para tirar uma criança da depressão ainda no início, para não se agravar e dificultar o desenvolvimento infantil e do adolescente.

Importante salientar, que os medicamentos são tomados em pequenas doses e por pouco tempo, pois a criança responde mais rapidamente ao tratamento do que o adulto.

Entre as terapias que podem ajudar no tratamento da depressão, estão:

terapia comportamental-cognitiva: focada nos pensamentos e atitudes da criança que podem propiciar e/ou manter a depressão

terapia interpessoal: visando melhorar problemas de relacionamento que podem estar envolvidos na gênese e manutenção do quadro

Terapia comportamental da terapia de aceitação e compromisso (que envolve a aceitação das emoções negativas e à persecução de metas de acordo com os principais valores da pessoa) e da análise comportamental aplicada, que analisa o papel dos estímulos ambientais no comportamento do indivíduo.

Tratamento espiritual: entendemos  a importância da fé em qualquer tratamento, seja ele físico ou psicológico, é fato que a fé a oração ajuda na recuperação de muitas doenças, estar em contato com atividades da igreja a que pertence, cultos que motivam a crianças e adolescente, que acolhe, que incentiva a vida, valores e ao amor a si e ao próximo tem resultados na elaboração cognitiva, estimulando os jovens, a analisar determinados comportamentos, positivar emoções, interagir verdadeiramente com amigos em cultos, células e cultos apropriados para infância e adolescência, tem resultados importantes. Incentivar a fé, o reconhecimento em um poder superior que pode fazer a diferença na vida da criança é acolher, já que muitas crianças desenvolvem depressão por falta de amor, afeto e cuidado.

Uma criança acolhida e cuidada por líderes religiosos em sua igreja e ou comunidade, pode resolver os problemas emocionais, as frustrações e angústias, sentir-se amado e acolhido por um Pai superior resolvendo internamente seus conflitos afetivos paternos, e essa resolução de conflitos tem poder de provocar mudanças de sentimentos.

Medicamentos

Em relação às medicações, a única aprovada oficialmente nos EUA e no Reino Unido é a fluoxetina. Porém, estudos com outros antidepressivos deste mesmo grupo (os inibidores seletivos de recaptação de serotonina ou ISRS) sugerem que também sejam eficazes, tais como a sertralina e o citalopram. Os antidepressivos tricíclicos, considerados muito potentes em adultos, possivelmente são menos eficientes em adolescentes e pré-adolescentes do que os ISRS.

Importante Salientar

- Somente um médico com especialidade de psiquiatria ou neuropediatra podem prescrever medicamentos.

- Ninguém pode usar antidepressivos sem ser acompanhado de perto por um médico, porque é preciso reconhecer o momento em que ocorrem as mudanças de humor para redobrar a atenção, e a mudança se necessário dos medicamentos, doses e a atenção dos pais e do terapeuta..

Essa preocupação se faz necessário, porque adolescentes muito deprimidos pensam em morrer, mas a depressão é tão intensa que eles não têm o impulso para tentar o suicídio. Quando começam o tratamento para a depressão, o que primeiro melhora é a iniciativa e não o humor. Não é que o antidepressivo tenha um efeito colateral que leve ao suicídio. Não é isso, mas infelizmente o humor é a última coisa que melhora, por isso os pais e os médicos devem estar juntos nesta luta, além do mais os medicamentos devem ficar longe dos adolescentes, e devem ser dados pelo adulto, adolescentes não podem tomar medicamento sozinhos.

Conclusão:

Depressão não é frescura é doença, que pode ser gerada pela vida das crianças, pela falta de interação com os pais, e familiares, por famílias desajustadas, e falta de incentivo a valores que desenvolvam sentimentos internos positivos. Temos que assumir que os números de crianças e adolescentes depressivos tem crescido assustadoramente e a principal causa é a formação, que gera angústia. Temos que cuidar mais das nossas crianças, pois adultos tem adoecidos as crianças e as transformado em adultos perdedores e infelizes.

Deus nos criou para sermos felizes e termos vida em abundância, para a paz e não para guerra, temos que aprender que o ser humano é afetado em quadro dimensões, biopsicossocial e espiritual e temos que tratar todas essas dimensões com total equilíbrio ou adoecemos. Temos que entender que a dimensão espiritual, nos ensina todo o resto, pais que entendem o cuidado de Deus para com nossas vidas, terão mais chances de educar suas crianças com mais afeto, amor, e compreensão, equilibrando suas emoções e ao mesmo tempo fortalecendo-as com limites.

Paulo trabalha, em Efésios (em alguns trechos), diversas orientações quanto ao relacionamento de grupos de pessoas distintos no contexto do lar, como maridos e esposas (Efésios 5:22-33), filhos e pais (Efésios 6:1-4), servos e senhores (Efésios 6:5-9). O objetivo é a manutenção de um lar sadio debaixo das bênçãos de Jesus Cristo. Se , seguirmos essas orientações com sabedoria, criaremos filhos saudáveis, pelo modelo que oferecemos a eles, e pelo afeto, respeito, e orientações que damos , fazendo com que se tornem crianças , adolescentes saudáveis e seguros, livres de tristezas , angustias e frustrações, portanto cheio de vida, com pensamentos de amor ao reino de Deus, a vida, a família e a si mesmos, onde a doença não terá lugar, e se chegar saberá como enfrentá-la.

Por Marisa Lobo - Psicóloga, especialista em Direitos Humanos e autora de livros, como "Por que as pessoas Mentem?", "A Ideologia de Gênero na Educação" e "Famílias em Perigo".

* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

 

Fontes:

Thapar A, Pine DS, Leckman JF, Scott S, Snowling MJ, Taylor E - (eds.) Rutter´s Child and Adolescent Psychiatry, 6th Edition, 2015, Kindle Edition.

https://www.minhavida.com.br/familia/materias/20617-depressao-infantil-como-identificar-os-sintomas-e-tratar-o-problema-em-criancas

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