Suicídio, uma tragédia silenciada pelo tabu

Vamos entender melhor o tema, para assim ajudar aqueles que passam por qualquer situação que possa levar ao cometimento do suicídio.

Fonte: Guiame, Marisa LoboAtualizado: segunda-feira, 2 de setembro de 2019 às 16:47
(Foto: Reprodução/Suicidecallback)
(Foto: Reprodução/Suicidecallback)

Neste mês, temos a oportunidade de falar sobre um dos temas mais importantes da atualidade: o suicídio. Aproveitaremos a campanha “Setembro Amarelo”, cujo principal foco é a prevenção do suicídio, para tratar deste tema, que, infelizmente, tem sido ignorado e silenciado na sociedade e nas igrejas, ondeo suicídio também acontece.

Vamos entender melhor o tema, para assim ajudar aqueles que passam por qualquer situação possa levar ao cometimento do suicídio.

Suicídio ou autocídio (do latim, sui, ou do grego autos: "próprio" e do latim caedere ou cidium: "matar") é o ato intencional de matar a si mesmo.

Nos últimos meses, temos sido impactados com o aumento de casos de suicídio em todo mundo, os motivos são variados e não obedecem a um parâmetro, um único motivo; alguns chocam mais por não ter aparentemente motivo - esses merecem ainda mais cuidado, pois não nos dão sinais.

Veja esses dados:

Aproximadamente 0,5% a 1,4% das pessoas morrem por suicídio, perto de 12 a cada 100,000 pessoas por ano. Idade entre 13 e 19 anos (35% dos adolescentes brasileiros entre 13 e 19 anos tem ideação suicida) ou depois dos 65. Estima-se que haja entre 10 a 20 milhões de tentativas de suicídio não fatais a cada ano em todo o mundo.

O suicídio é a décima causa de morte no mundo, com cerca de um milhão de pessoas mortas. Em todo o mundo as taxas de suicídio aumentaram 60% nos últimos 50 anos, principalmente nos países em desenvolvimento. A maioria dos suicídios do mundo ocorre na Ásia, que é estimada em até 60% de todos os suicídios do planeta, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Qualquer pessoa pode ser vítima dessa autoagressão fatal: homens, mulheres, adolescentes, idosos; pessoas de qualquer classe social ou país.  O suicídio não obedece a uma regra, porém vemos que, na atualidade, com  a aceitação do suicídio como direito em alguns países, tem havido um aumento assustador desse método de extinção da vida.  

No Ocidente, os homens morrem muito mais frequentemente por meio de suicídio do que as mulheres, embora as mulheres tentem o suicídio com mais frequência. Especialistas acreditam que isso decorre do fato de que os homens são mais propensos a acabar com suas vidas através de meios eficazes de violência, enquanto as mulheres usam métodos mais lentos, como consumo excessivo de medicamentos.

Um estudo encontrou maior frequência de suicídio entre pessoas com famílias desestruturadas, e após rompimentos de relacionamentos amorosos entre jovens.

Quanto à biologia, para boa parte dos especialistas, a genética tem um efeito sobre o risco de suicídio, e é responsável por 30-50% de variância. Grande parte deste relacionamento atua através da hereditariedade da doença mental, outros afirmam que a hereditariedade é polêmica, alguns autores alegam que é apenas consequência de viver com pais com transtornos mentais (e esses sim seriam hereditários).

Há muitos fatores, que pode levar uma pessoa ao suicídio?

Sabe-se que quem atenta contra sua vida acredita estar, supostamente, pondo um fim nas suas dores, frustrações ou sofrimento. Sim, muitos que tentam contra sua vida têm um sentimento de desesperança, e acreditam, erroneamente, que a morte pode aliviar esta dor.

Muitos dizem que é covardia, já eu penso que tem que se ter muita coragem, para abortar uma vida de uma forma tão violenta. Pois não há agressão maior do que esta.

Alguns fatores de risco

Entre os fatores de risco, os mais comuns são transtornos mentais e/ou psicológicos como depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, uso e abuso de drogas, incluindo o alcoolismo e o uso de benzodiazepinas, que são também fatores de risco.

Algumas pessoas podem atentar contra sua vida como resultado de atos impulsivos, como o estresse e/ou dificuldades econômicas, problemas de relacionamentos ou bullying também merecem a nossa atenção.

Casos de suicídio na família e pensamentos suicidas com tentativa anteriores podem, em um momento de desespero, levar uma pessoa a atentar contra sua própria vida.

Nada justifica, porém. A pessoa que está passando por um estresse emocional muito grande, e não tem estrutura psicológica para enfrentar uma situação dramática, associada a comorbidades e à falta de esperança, acaba cometendo esse crime contra si mesma. É preciso pedir ajuda e buscar apoio profissional para não chegar a esse ponto, que pode dar fim à vida.

Como podemos prevenir o suicídio?

As medidas de prevenção ao suicídio passam pela restrição de acesso a métodos de suicídio, como armas de fogo, drogas ou venenos, mas o principal seria o tratamento de transtornos mentais e toxicodependência.

Incentivar a fé, a convivência com pessoas emocionalmente saudáveis e com grupos de mútua ajuda, mostrar exemplos e reportagens apropriadas sobre casos de suicídio, com mensagem de otimismo ajudam muito. Ajudar a pessoa a melhorar suas condições econômicas também podem prevenir, se o caso estiver ligado a questão financeira.

A Associação Americana de Suicidologia e o Centro de Controle E Prevenção De Doenças Americano (CDC) defendem que aprender sobre o suicídio, sinais de alerta sobre ideação, fatores de risco e proteção e como intervir em crises são importantes medidas de prevenção.

Ideação suicida

A psicologia aponta que existem e vários comportamentos que indicam a possibilidade de ideação suicida, como por exemplo, o relato de querer desaparecer, querer dormir para sempre, vontade de ir embora e nunca mais voltar, ou mesmo objetivamente o relato do desejo de morrer. Esses devem ser considerados indícios significativos e levados a sério mesmo quando as ameaças são em tom de brincadeira.

Família e amigos devem ficar alertas para pessoas com ideação suicida que começaram a usar antidepressivos. Medicação antidepressiva apesar de diminuir a ideação a longo prazo, nos primeiros meses aumenta bastante os riscos, ao melhorar a capacidade do indivíduo de tomar decisões e tomar atitudes, e por isso precisa de acompanhamento constante

“Os transtornos mentais são frequentemente presentes durante o momento do suicídio, com estimativas de 87% a 98% dos casos. Transtornos de humor estão presentes em 30%, abuso de substâncias em 18%, esquizofrenia em 14% e transtornos de personalidade em 8 a 20% dos suicídios. Estipula-se que entre 5 e 15% de pessoas com esquizofrenia morrem de suicídio.”

Importante saber

Induzir, estimular, dar dicas ou apoiar de qualquer outra forma o suicídio de outra pessoa é um crime em vários países ocidentais, considerado como uma forma de homicídio doloso (intenção de matar). Essa punição leva em conta inclusive quando o estímulo é feito na internet.  No Brasil o artigo 122 do Código Penal prevê reclusão de 2 a 6 anos para quem induz, instiga ou ajuda alguém a cometer suicídio, ou reclusão, de 1 a 3 anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.

As interpretações acerca do suicídio têm sido tratadas sob amplos pontos de vista culturais, mais especificamente em temas existenciais como religião, filosofia, psicologia, honra e o sentido da vida.

Por Marisa Lobo - Psicóloga, especialista em Direitos Humanos e autora de livros, como "Por que as pessoas Mentem?", "A Ideologia de Gênero na Educação" e "Famílias em Perigo".

* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

 

Fontes:

O Manual Completo de Suicídio https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Manual_Completo_de_Suicídio

SANSANO, R. Suicídio: Buscando alternativas. Barcelona: Clie 1992.

Ministério da Saúde. Sistema de Informações sobre Mortalidade [SIM]- DATASUS (Online). Disponível em: http://www.datasus.gov.br

Klerman, G.L. - Clinical epidemiology of suicide. J Clin Psychiatry 48(12 suppl.): 33-38, 1987.

Vivian Roxo Borges & Blanca Susana Guevara Werlang (2006) ESTUDO DE IDEAÇÃO SUICIDA EM ADOLESCENTES DE 13 E 19 ANOS. PSICOLOGIA, SAÚDE & DOENÇAS, 2006, 7 (2), 195-209

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