Um voto pela moralidade ou legitimidade da corrupção, o que você prefere?

Após décadas nas mãos de governos de centro-esquerda e esquerda, temos a chance de eleger um candidato com ideais de direita.

Fonte: Guiame, Marisa LoboAtualizado: sexta-feira, 26 de outubro de 2018 às 15:30
Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) disputam o segundo das eleições em 2018. (Imagem: UOL)
Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) disputam o segundo das eleições em 2018. (Imagem: UOL)

A população brasileira está diante de um momento único e de importância singular na sua história. Não é exagero! Isso é a constatação mais simples e verdadeira possível acerca da nossa realidade. Após décadas nas mãos de Governos de centro-esquerda e esquerda, temos a oportunidade de eleger um candidato que representa os ideais mais próximos da verdadeira direita política, o que alguns chamam de “extrema-direita”.

Contudo, na contramão dessa possibilidade está uma ala política que não está nem um pouco interessada em renovação de estruturas, mas muito pelo contrário, eles querem mesmo é a manutenção do velho sistema alicerçado em alianças que transformaram cargos públicos em moeda de troca, licitações em arranjos financeiros bilionários desviados dos cofres públicos e do nosso suor. Não preciso ser mais direta do que isso para você entender exatamente do que estamos falando.

O ser humano muitas vezes se perde pela incoerência e parece que nesse quesito o brasileiro possui pós-doutorado. Não somos apelidados vergonhosamente no exterior como o “país da corrupção” por acaso. Por gerações e mais gerações nos queixamos da corrupção e tudo o que não presta na política, então temos a maior operação de combate à corrupção na história recente, a Lava Jato, responsável por desvendar o maior esquema de corrupção institucionalizada do planeta, o petrolão e suas ramificações, mas o que milhões de pessoas dizem sobre os que foram apontados como os principais líderes de todo esse esquema? Que estão sendo vítimas de “perseguição política” e “ativismo judicial”.

Entre o cumprimento da lei e da ordem e o crédito de confiança em partidos e políticos que estiveram nas últimas duas décadas no poder, apenas se revezando na administração de um Brasil marcado pelo aumento assustador da violência, péssima qualidade da educação, da saúde e moradia, infraestrutura e tantos outros serviços básicos como o transporte público ruins, o que boa parte desses brasileiros preferem? A ordem e progresso ou a desordem e a barbárie?

Contra a legitimidade da corrupção pelo exemplo

Quando um pai ou mãe deseja educar seu filho, a primeira coisa que ele deve se preocupar é em ser exemplo para ele. Você não pode, por exemplo, dizer ao filho que é errado pegar o brinquedinho do colega e levar para casa, se você mesmo rouba a vaga no estacionamento do supermercado que deveria ser de um idoso, ou se subtrai dados relativos à prestação de conta na empresa onde trabalha.

Ou seja, se a moralidade não está em você, partindo do seu caráter, ela certamente não estará em suas ações. Ainda que você não possa ser considerado “corrupto” na mesma proporção de quem é, de fato, corrupto no esquema de licitação para uma obra pública, sua índole se torna corrupta quando você não enxerga problema em furar a fila da padaria.

A mesma coisa vale para quem vota em corruptos comprovados, direta ou indiretamente. Nesse caso, o voto indireto é o voto na figura que nitidamente apóia os que são corruptos, e como se não bastasse ainda recebe conselhos deles. Quem milita em favor de pessoas que o judiciário brasileiro acusa de corrupção milita contra o Brasil e contra toda a moralidade do bem que pretende ensinar aos seus próprios filhos. Essa é uma conclusão simples e lógica.

Em favor da moralidade pública

Infelizmente há pessoas colocando o conjunto de peso errado na balança. Não podemos colocar de um lado os crimes de corrupção e, do outro, discordâncias sobre questões sociais e até morais como se fossem comparáveis, porque não são!

De um lado temos o crime e do outro discordâncias. Um deve ser punido independentemente de qualquer discordância, porque é crime, enquanto o outro não carece de punição alguma, mas sim de diálogo. Será mesmo que a mera discordância no plano ideológico justifica a legitimação do crime? Será que devemos mesmo desprezar o cumprimento da lei simplesmente porque o outro candidato não representa todos os meus ideais? Que tipo de moralidade é essa?

O voto pela moralidade pesa corretamente o jogo político, de forma que o peso da criminalidade não entra na comparação. Não possui qualquer mérito, pois é automaticamente descartado. Esse deveria ser o cenário atual do Brasil, mas que infelizmente foi distorcido intencionalmente pelos que insistem em se manter no poder, custe o que custar. Teremos que julgar o que não deveríamos julgar. Votar pelo que não deveríamos votar, porque nos dois lados da balança deveriam existir apenas discordâncias de ideias, mas este não é o caso. O que temos de apenas um lado são ideias, mas do outro o crime. Qual deles você vai escolher?

Por Marisa Lobo - Psicóloga, especialista em Direitos Humanos e autora de livros, como "Por que as pessoas Mentem?", "A Ideologia de Gênero na Educação" e "Famílias em Perigo".

*O conteúdo do texto acima é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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