Preferência: Ato de preferir uma pessoa a outra ou de escolher uma coisa em detrimento de outra. | Dicionário da Língua Portuguesa
Eu vou contar uma história que tinha tudo para ter um final feliz, mas por causa da preferência indevida, terminou de maneira triste e destrutiva.
A Bíblia nos conta no livro de Gênesis que Isaque era o herdeiro de tudo o que Abraão tinha deixado. Era jovem, temente ao Senhor e carregava um legado espiritual, afinal, a promessa de Deus a seu pai estava sobre ele. Rebeca não era diferente: era bonita, trabalhadora, prestativa e tinha sido escolhida pelo próprio Deus como a esposa de Isaque.
A Palavra continua nos contando que quando Isaque conheceu Rebeca, ele a amou. Foi amor à primeira vista e ele foi consolado pela morte da mãe. Eles se casaram, mas… diferente dos filmes da Disney, eles não foram felizes para sempre.
Por quê?
A Palavra nos ensina uma lição preciosa com as escolhas desse casal e eu gostaria de trabalhar com você durante esse texto. Preferências podem destruir famílias e histórias.
“E amava Isaque a Esaú, porque a caça era de seu gosto, mas Rebeca amava a Jacó.” (Gn 25:28)
Que perigo se esconde nesse versículo. Gêmeos que foram gerados por um milagre, afinal, Rebeca era estéril; e foi a oração de Isaque que mudou o rumo de seus descendentes. Irmãos que poderiam ser parceiros em tudo o que Deus estabeleceu, mas a atitude dos pais a respeito deles, arruinou todo o final feliz.
Rebeca armou com Jacó (seu caçula favorito), para enganar Isaque e ficar com a benção e a herança que pertenciam por direito a Esaú. Quase cego, Isaque será enganado e abençoará o filho errado e a história trágica vai assombrar a família por séculos, quando irmãos gêmeos se tornarão arqui-inimigos.
Você conhece pais assim, cuja preferência é nítida? Eu infelizmente conheço muitos…
Por isso gostaria de dar dois conselhos para que sua casa não termine mal como aconteceu com Isaque.
1. Não trate seus filhos com distinção.
A maneira como tratamos os nossos filhos, vai se perpetuar nas gerações. Se você quer ter uma geração bendita, quebre o ciclo da preferência. Talvez você não tenha sido o filho favorito e isso faz com que você escolha um para projetar sua própria rejeição.
Cuidado com a reprodução do que é ensinado em casa. Jacó também tratou com preferência um filho — José — e isso transformou em tragédia a história de sua vida. Os irmãos o invejaram tanto que descobriram uma maneira de se livrar dele.
Obviamente, todo mundo tem mais afinidade com quem é mais parecido com você, mas às vezes fechamos os olhos para as grandes lições que os filhos diferentes de nós querem nos ensinar, e são justamente ELES, os filhos diferentes, que vieram como instrumentos de Deus, para forjar o nosso caráter.
Na maioria das vezes não é a atitude do seu filho que tem que mudar, mas a SUA. Tenha sensibilidade e sabedoria para perceber o sopro do Espírito Santo nesse momento! Trate seus filhos de maneira igual, mesmo que eles não te honrem de maneira igual. Essa é a missão da Paternidade/Maternidade que aprendemos em Deus.
Porque se você acha que você é o “alecrim dourado que nasceu no campo” só porque você “obedece”, vai à igreja e é líder de célula, sinto te informar que Deus não te ama mais por isso.
O amor Dele permanece o mesmo por cada ser humano. Inclusive pelo ladrão da esquina. O que vai mudar são as consequências das nossas escolhas, dentro da ordem estabelecida por Deus no universo. Se você planta, você colhe. Ponto.
Mas e o amor de Deus? Esse não muda, porque Ele não muda! Ele é perfeito em tudo o que faz.
Se nós condicionássemos o amor de Deus às boas obras, viveríamos um amor condicional e não incondicional ou ágape. Se isso acontece na sua casa, se o seu amor por seu filho tem relação com o comportamento dele ou ao quanto ele te agrada, ou mesmo a maneira que ele corresponde às suas expectativas, sinto lhe informar que você não está vivendo amor, você está vivendo uma relação condicional de afeto. Amor é outra coisa.
Se você plantar discórdia entre os seus filhos, vai colher uma divisão inevitável na sua família. Todo partidarismo vai contra o que o próprio Senhor estabeleceu. (Gl 5:19)
Percebo que, muitas vezes, geramos expectativas nos nossos filhos, depois que nos convertemos, esquecendo-nos que até a adolescência deles, tomávamos rumos diferentes em nossas atitudes e visões, e agora queremos perfeição repentina e comprometimento em Deus — que muitas vezes não demonstramos e não conseguimos gerar em nós, quanto mais neles.
Estou pegando pesado? Sinto muito! Espero que esse texto desperte você a tempo de curar sua geração! Há pais querendo que os filhos tirem 10 em Física e Química, sendo que eles mesmo passavam raspando, ou até colavam na prova. Isso se chama hipocrisia.
Rebeca colocou todas as fichas num filho só e quebrou todos os seus valores… E viveu consequências terríveis. Com Isaque não foi diferente. Já pensou que coisa terrível?
2. Não projete seus sonhos neles. Deixe que eles vivam o que Deus tem para eles.
Há pais que sonhavam em ser médicos, mas não podiam ver sangue. Aí o filho nasce e toda essa expectativa é jogada sobre ele. Às vezes o rapaz queria ser escritor de poesia, a menina dona de casa em tempo integral, porque DEUS os criou com esse dom, mas os nossos “quereres” atrapalham o grande QUERER de Deus.
Há pais pernetas que queriam ser jogadores de futebol e projetam isso nos seus filhos… Às vezes, a pessoa não tem talento, não tem vontade ou simplesmente não quer. Ponto. Ou pior: dos cinco filhos, um só vira jogador, e aí entra novamente a preferência destruindo tudo, inclusive gerando inveja entre os irmãos.
Há pais que telefonam para os filhos favoritos para contar sobre atitudes erradas dos irmãos. Meus queridos, isso é fofoca… Falta de sabedoria, semente de discórdia e quem planta discórdia, desde o Éden, se chama Satanás. Cuidado!
Você quer ser instrumento de bênção ou de destruição na sua casa?
O final da história de Isaque e Rebeca poderia ser lindo, tinha tudo para dar muito certo, mas a preferência fez com que ela perdesse seu filho querido, o respeito do outro filho, traísse o marido e morresse sem ver o filho que amava. Por sua vez Isaque terminou sozinho e sem vontade de sorrir.
Jacó perdeu a casa, a mãe protetora, a amizade do irmão, a consciência tranquila e acabou sendo traído, assim como tinha feito, trabalhando sete anos por uma mulher que não amava. Esaú se vingou do pai, casando-se com uma idólatra, gerando a nação dos Edomitas, um povo igualmente idólatra, que será dizimado por causa da sua crueldade com Judá, muitos séculos depois.
Vinte anos depois dessa história trágica de preferência, pela graça de Deus, Esaú reatou com Jacó, mas Rebeca não estava viva para ver e Isaque estava velho demais para se alegrar.
Um alerta a todos os pais.
Por Melina Botteghin, estudante de teologia, esposa, mãe, missionária por vocação e publicitária de formação.
* O conteúdo do texto acima é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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