Muito além do ritual

Muito além do ritual

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:13

"Jesus, sabendo que o Pai tinha depositado nas suas mãos todas as coisas, e que havia saído de Deus, e que ia para Deus, levantou-se da ceia, tirou as vestes e, tomando uma toalha, cingiu-se. Depois, pôs água numa bacia e começou a lavar os pés dos seus discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido" (Jo 13: 3-5).

Vivemos em uma sociedade permeada de rituais. Percebemos que os indivíduos necessitam de algo que lhes possibilitem legitimar suas ações, decisões e propósitos. Rituais, na maioria das vezes, simbolizam mudança, passagem. Há o ritual da cerimônia de casamento, onde os noivos reafirmam diante de Deus e da sociedade que decidiram por unir suas vidas. O ritual do velório, onde os parentes e amigos demonstram o quanto a ausência do finado será sentida. Há também o ritual da formatura, quando termina a etapa da preparação acadêmica e se inicia a fase profissional, ou o ritual da festa de debutantes, onde as jovens são apresentadas à sociedade, simbolizando que deixaram de ser crianças e estão aptas a encontrar seus pares, entre outros.

Entendemos por ritual o conjunto das regras a observar; etiqueta, praxe, protocolo. Frente à tal diversidade, evidenciamos, logo, que ritual não está apenas ligado à religião ou formas de expressão religiosa. Um ritual acontece em concomitância de sujeitos, tempo e espaço. Necessita, também, de objetivos, procedimentos, técnicas, instrumentos.

Os propósitos dos rituais são variados. Eles podem incluir a concordância com obrigações religiosas ou ideais, satisfação de necessidades espirituais ou emocionais dos praticantes, fortalecimento de laços sociais, demonstração de respeito ou submissão, estabelecendo afiliação, obtenção de aceitação social ou aprovação para certo evento.

Em João 13 vemos um relato onde o Senhor Jesus Cristo realizou um ritual: Ele lavou os pés dos seus discípulos. Muito além de simples ritual formal, desprovido de vida, Ele desejou demonstrar o quanto os amava; o ato também prefigurava o seu sacrifício na cruz e a verdade de que os estava chamando para servirem uns aos outros em humildade. A ânsia de grandeza vez por outra inquietava os discípulos (Mt 18: 1-9; Lc 9: 46-48).

O impetuoso Simão Pedro, de pronto, não compreendeu o gesto do Mestre, e recusou-se a ter os pés lavados por Jesus: "Disse-lhes Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus; Se eu não te lavar, não tens parte comigo" (Jo 13: 8). Imediatamente Pedro rogou que queria ser lavado, não apenas seus pés, mas também as mãos e a cabeça (13: 9). E, então, pode ouvir uma grande verdade espiritual dos lábios do Senhor:

"Disse-lhe Jesus: Aquele que esta lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo esta limpo. Ora, vós estais limpos, mas não todos [referindo-se a Judas Iscariotes] " (Jo 13: 10).

No capítulo 15 de João vemos Jesus afirmando como se dava essa limpeza, a qual Ele havia se referido no capítulo 13: "Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado" (15:3). A Palavra de Deus é o que nos torna limpos, ou seja, o próprio Senhor Jesus Cristo, pois Ele é "o Verbo [a Palavra] encarnado que habitou entre nós" (Jo 1:14).

A medida que lemos e meditamos na Palavra de Deus somos lavados, purificados, pois, a Bíblia não se constitui apenas numa reunião de livros religiosos, como o mundo secular a vê, mas num Livro vivo, Santo, que possui o poder de transformar seus leitores, tornando-os sensíveis ao agir do Espírito Santo e cheios de fé. Assim nos declara Romanos 10: 17: "De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus". Quanto mais meditarmos na Palavra, mas o nosso coração se encherá de fé. Não há outro meio.

Mas, por que Jesus afirmou que necessitávamos de lavar apenas os pés? Provérbios 4: 26 e 27 nos esclarece:

"Pondera a vereda de teus pés, e todos os teus caminhos sejam bem ordenados. Não declines nem para a direita, nem para a esquerda; retira o teu pé do mal".

Conforme o texto de Provérbios há alguns imperativos que devemos observar: "Ponderar a vereda dos nossos pés" e "não nos desviarmos nem para a direita e nem para a esquerda" e "retirar o pé do mal". Nós é que devemos desejar andar em conformidade com a Palavra de Deus, e avaliarmos se realmente estamos obedecendo Sua direção, ou se estamos trilhando caminhos próprios.

Na maioria das vezes, em nossa caminhada cristã, deixamos alguma "poeira" grudar em nossos pés. Permitimos que escolhas com influencia mundana dirija nossos passos. Infelizmente, as vezes, até podemos cair. Por isso Jesus nos orienta a "lavar os pés" com a Palavra que salva, cura, restaura, liberta e transforma.

Em Habacuque 3:19, lemos: "Jeová, o Senhor, é a minha força, e fará os meus pés como os das cervas, e me fará andar sobre as minhas alturas". Aleluia! O nosso Deus nos promete dar pés velozes e capazes para ultrapassarmos todas as alturas, ou seja, os problemas, tribulações; todas as barreiras e desvios que o diabo tentar colocar em nosso caminho.

Quando o Senhor Jesus lavou os pés dos discípulos, realizou mais que um mero ritual formal. Aliás, formalidade nunca foi atitude Dele. Ele nos deu exemplo de humildade, submissão e amor. Hoje podemos imitá-lo, não apenas nos limitando a alguma cerimônia semelhante em nossas igrejas, mas ajudando nossos irmãos a também purificar os pés pelo nosso testemunho de vida, pautado pelos preceitos da Palavra de Deus.

Por Mônica Valentim

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