Quando enfrentamos provações em nossa vida temos duas opções para tentarmos resolver os problemas: Desdobrarmo-nos em busca da solução usando nossa própria força e conhecimentos, ou depositarmos nossa confiança em Jesus na prática, entregando a solução dos problemas a Ele.
Nem sempre nos parece que a segunda opção é a mais fácil na hora do “aperto”, pois muitas vezes nos falta um ingrediente simples, mas fundamental para vivermos à altura daquilo que Deus deseja para Seus filhos: Fé.
A fé não é um “tiro no escuro”, como muitos pensam, mas “firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem” (Hb 11.1). Fé cega não é bíblica, apenas fundamentalismo religioso. Ela precisa estar alicerçada, fundamentada na Palavra de Deus. Suas promessas, aquilo que Deus diz que realizou por mim ou o que sou nEle devem servir de base para eu orar e confiar em Sua resposta positiva.
A Bíblia também nos diz em Romanos 10.17 que “a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus”. Percebemos que a fé não nasce em nossos corações de forma automática após nossa conversão. Ela precisa ser desenvolvida mediante leitura e meditação das Escrituras, que se constitui na Palavra de Deus, “viva e eficaz” (Hb 4.12a).
No Evangelho de Mateus capítulo 14, vemos uma narrativa de um, entre muitos outros milagres que Jesus Cristo realizou em Seu ministério terreno. Mas, o enfoque mais importante, na verdade, não é o milagre em si, mas a lição que o nosso Mestre quis nos ensinar.
Jesus acabara de ministrar a uma grande multidão, onde após pregar o Evangelho do Reino e curar os enfermos, ainda multiplicara cinco pães e dois peixes para que essa mesma multidão pudesse se alimentar. Após operar esses milagres pediu aos seus discípulos que entrassem no barco e atravessassem para a outra banda do mar, pois Ele queria se despedir do povo e orar no monte separadamente, antes de encontrar-se com eles (Mt 14.22, 23).
Quem é bom observador poderá notar que Jesus não disse aos discípulos que se encontraria com eles utilizando outro barco; até porque não havia. Por que será que os discípulos não perceberam este importante detalhe que faria toda a diferença?
Quando o barco com os discípulos já estava no meio do mar enfrentaram altas ondas e vento muito forte. Jesus foi se encontrar com os discípulos andando por cima do mar (lembre-se que não havia outro barco para Jesus) e os assustou, pois pensaram que se tratava de um fantasma (Mt 14. 24-26).
Podemos comparar o barco no meio do mar bravio com as provações que enfrentamos em nossa caminhada cristã. Jesus vem ao nosso encontro trazendo a solução, mas nossa incredulidade diante do milagre faz com que não enxerguemos Seu socorro, e nos desesperamos como crianças imaturas, apesar de termos visto o Senhor operar em nossas vidas em outras ocasiões.
Ao ver os discípulos aterrorizados o Senhor Jesus logo os acalmou. A partir daí surge Pedro com sua impulsividade. Pede ao Mestre que prove ser Ele mesmo, e não um fantasma, fazendo-o encontrar-se com ele por cima das águas (Mt 14. 27,28). Quanta audácia! Mas o Senhor não o desapontou. Mandou vir ao Seu encontro, e este caminhou sobre o mar.
Mas, infelizmente, Pedro fez o mesmo que muitos fazem quando enfrentam tribulações: Prestar atenção nas circunstâncias, considerando-as impossíveis de serem vencidas, e deixar de andar por fé, crendo nAquele que prometeu. Como consequência começou a afundar. Pedro tirara os olhos dAquele que estava lhe dando condições de vivenciar o impossível, e olhou para o problema. Perdera o foco.
Pedro recebeu uma reprimenda de Jesus, como lemos em Mateus 14.31: “Homem de pequena fé, porque duvidaste”? Foi como se o Mestre dissesse a ele:_”Se eu o fiz caminhar sobre as águas, que é impossível aos homens, por que duvidou que eu pudesse controlar a natureza, visto que tudo que existe foi feito por mim através da minha Palavra”? Essa conjectura que serviu de ilustração poderia ser confirmada com o texto de João 1.1-3:
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez”.
Quando Jesus e Pedro entraram no barco o vento aquietou-se. A presença de Jesus traz paz! Só então os que estavam no barco reconheceram que Ele verdadeiramente era o Filho de Deus, e o adoraram (Mt 14.33).
Precisamos desenvolver em nós a fé necessária para termos condições de ver o Senhor Jesus operando em nossa vida. Caso contrário, todas as vezes que enfrentarmos lutas experimentaremos desgastes desnecessários. Perderemos muito tempo com lutas que não são nossas, pois o Senhor já nos declarou que em Cristo (em Sua Palavra) “Somos mais do que vencedores” (Rm 8.37). Não podemos desviar nosso foco. O foco errado nos cega, a ponto
de não enxergarmos o que realmente nos socorrerá: “A Palavra de Deus que saiu de Sua boca e que não volta para Ele vazia, mas cumpre o que lhe apraz e prospera naquilo para o qual Ele enviou” (Is 55.11).
O rei Davi foi chamado “homem segundo o coração de Deus” (At 13.22). Apesar de alguns erros que cometeu em sua vida ele humildemente os reconheceu, arrependeu-se e os confessou diante de Deus. Ele depositava toda a sua confiança no Senhor dos exércitos de Israel. Quando enfrentava qualquer embate inimigo não se desesperava ou confiava em suas próprias forças, por isso logrou grandes vitórias em seu reinado. Salmos 16.8,9 nos esclarecem qual era o seu segredo:
“Tenho posto o Senhor continuamente diante de mim; por isso que ele está a minha mão direita, nunca vacilarei. Portanto, está alegre o meu coração e se regozija a minha glória; também a minha carne repousará segura”.
Davi sabia que se pusesse o Senhor adiante dele, ou seja, focasse no Deus Todo-poderoso, a vitória seria certa, por isso, consultava primeiramente a Deus quando tinha que empreender alguma investida. Nunca duvidava ou olhava para as impossibilidades aparentes, como no caso em que enfrentou o gigante Golias quando ainda era um adolescente. Humanamente falando lhe era impossível, mas os seus olhos estavam nAquele que lhe capacitaria a vencer, como de fato ocorreu.
Precisamos ser praticantes da Palavra de Deus, não apenas ouvintes esquecidos (Tg 1.25). Se desejarmos ser bem-sucedidos em tudo temos que conhecer as promessas do Senhor a nosso respeito, e reivindica-las em oração; agradecidos por Sua obra completa de salvação, que inclui todas as esferas do nosso ser, como nos afirma 3 João 2:
“Amado, desejo que te vá bem em todas as coisas e que tenhas saúde, assim como bem vai a tua alma”.
Não adianta confessarmos com a boca que cremos em Jesus Cristo, que Ele é poderoso para nos abençoar e trazer solução aos nossos problemas, e nossas atitudes contrariarem o que falamos. Vemos pessoas ditas cristãs com problemas emocionais graves, dependendo de ansiolíticos, porque não conseguem depositar seus “fardos” sobre o Senhor. Deixam de focar nAquele que é a solução e prestam atenção no que as cercam.
Para essas pessoas resta um conselho dado pelo Espírito Santo; Aquele que inspirou toda a Palavra: “Olhando para Jesus, autor e consumador da nossa fé” (Hb 12.2a).
por Mônica Valentim