“Guarda, que houve de noite? Guarda, que houve de noite?” (Isaías 21:11). Esse versículo mostra, ao meu ver, a vala terrível em que o Brasil está entrando e não sabe.
Já estamos há 9 anos alertando as autoridades que a forma que as leis brasileiras em relação à família têm sido votadas tem levado a sociedade brasileira desfiladeiro abaixo. Isso é fato.
Temos como exemplo diversas leis. Por exemplo: a Lei Clodovil, Lei Bernardo, Lei da Escuta Protegida, Código Civil de 2002 que regulamentou a guarda compartilhada e, posteriormente, para reafirmar o assunto, foi promulgada, em 2014, a Lei da Guarda Compartilhada Obrigatória. Depois tivemos o Novo Código de Processo Civil de 2015, a Emenda Constitucional 66/2010 e a mais nefasta de todas as Leis, a Lei da Alienação Parental, que em última instância está legalizando o "incesto" no Brasil.
Já tínhamos o "incesto cultural", agora através da Lei da Alienação Parental, temos o "incesto institucional", admitido através da Lei da Alienação Parental.
O maior erro que o Brasil tem cometido, e é considerado crime contra a humanidade, é admitir que em uma denúncia de "incesto", diante de nenhuma INVESTIGAÇÃO, seja admitida a denúncia como "Alienação Parental".
Nessa esteira de raciocínio, em denúncias de "incesto", o razoável seria retirar a criança do alcance do agressor, como determina o artigo 130 do Estatuto da criança e do Adolescente (ECA). No entanto, devido à Lei da Alienação Parental, a criança "precisa" manter vínculos afetivos com esse agressor, pois em última instância o INCESTO é cometido por alguém da família, em sua grande maioria são homens, e no ranking dos agressores, são os pais os que mais praticam o incesto.
Pronto, fechou-se o cerco.
Aquilo que deveria ser "crime", na perspectiva da IDEOLOGIA DA ALIENAÇÃO PARENTAL, são afetos.
Segundo o Artigo "L'escalade des pères à Nantes cache une proposition de loi" (A Escalada dos Pais em Nantes esconde proposta de Lei)¹ o jornalista e cineasta Patric Jean expõe o masculinismo tóxico francês, e que tem influenciado os homens brasileiros através das mídias sociais.
Patric Jean assim escreve sobre grupo Masculista: "Eu próprio já ouvi o suficiente desses homens falarem sobre pedofilia para testemunhar que muitos consideram um impulso masculino que não deve ser contido. Um pai incestuoso encarcerado após ser condenado a anos de prisão é apoiado e considerado um herói de sua luta política."
O referencial do Masculinismo Americano começou com Warren Farrell. Um homem que foi ativista com sua mulher Ursula Farrel durante 20 anos, até que, ele, Warren, divorciou-se recaindo sobre ele a responsabilidade inerente a qualquer divórcio.
A partir daí Warren Farrell deixa o movimento feminista e começa o "Movimento Masculinista" baseado em dois pilares: o "antifeminismo" e a luta contra o JUDICIÁRIO, alegando que o judiciário favorece mais as Mulheres dos que os homens.
O movimento ganha grande repercussão nos EUA e Europa, estendendo-se para a Austrália e Oriente Médio através de Ralph Underwagger.
Segundo Farrel, "quando recebo meus casos positivos mais brilhantes, 6 em 200, o incesto faz parte do estilo de vida aberto e sensual da família, em que o sexo é uma consequência do calor e da afeição. É mais provável que o pai tenha um bom sexo com sua esposa, e é provável que sua esposa conheça e aprove - e em um ou dois casos para participar.”²
Há muito mais sobre o assunto, entretanto, gostaríamos de parar por enquanto, para que o leitor possa pensar melhor sobre o assunto.
O caso que aconteceu na semana passada envolvendo o procurador da Fazenda Matheus Carneiro e a juíza Louise Filgueiras é fruto desta militância "velada" nos grupos fechados das redes sociais.
E se você acha que estou exagerando seguem outras notícias e tire suas próprias conclusões: "Homem invade fórum e ameaça atear fogo em juíza em São Paulo"³, "Pai que não consegue ver filho invade fórum e ameaça se matar em Itaquera"; "Homem surta e tenta agredir juíza durante audiência em Maceió" (Ele destruiu a sala após ouvir sentença de que ficaria impedido de visitar filhas até ser submetido a exames psiquiátricos); "Homem se joga do 17º andar de fórum em SP com criança de 4 anos no colo".
Agora será a hora da verdade. Se nesses 8 anos a Justiça não relevou a Lei da Alienação Parental que tem acabado com a infância de milhares de crianças no Brasil, agora será difícil conseguir que a SOCIEDADE ajude a Justiça a se defender desses agressores "DOMÉSTICOS" com discurso de "HOMENS DE FAMÍLIA".
Que Deus tenha misericórdia de nossa Nação!
¹https://www.lemonde.fr/idees/article/2013/02/18/l-escalade-des-peres-a-nantes-cache-une-proposition-de-loi_1834399_3232.html
²http://www.wehuntedthemammoth.com/2012/11/21/what-mens-rights-guru-warren-farrell-actually-said-about-the-allegedly-positive-aspects-of-incest-note-its-even-more-repugnant-than-that-sounds/
³ https://www.metropoles.com/brasil/policia-br/homem-invade-forum-e-ameaca-atear-fogo-em-juiza-em-sao-paulo/amp
https://noticias.r7.com/sao-paulo/pai-que-nao-conseguer-ver-filho-invade-forum-e-ameaca-se-matar-em-itaquera-18012013
https://g1.globo.com/al/alagoas/noticia/homem-surta-e-tenta-agredir-juiza-durante-audiencia-em-maceio.ghtml
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/08/1808073-homem-se-joga-do-17-andar-de-forum-em-sp-com-crianca-no-colo.shtml
Por Patrícia Regina Alonso, mãe, advogada há 20 anos, teóloga, musicista formada pelo Conservatório Musical Ernesto Nazareth. Foi capelã do Hospital das Clínicas de São Paulo. É membro da ADVEC. Escritora do Livro “Alienação Parental o Lado obscuro da Justiça Brasileira” e colaborou no livro “A invisibilidade de crianças e mulheres vítimas da perversidade da Lei da Alienação Parental”.
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