Quem “passa pano” para o ódio aos cristãos?

Se faz necessário um olhar atento às sutilezas que inflamam a sociedade contra o cristianismo.

Fonte: Guiame, Roberto de LucenaAtualizado: quarta-feira, 21 de outubro de 2020 às 13:23
Vândalos destroem interior da Igreja de San Francisco de Borja, em Santiago, após início de confrontos em manifestação na capital do Chile. (Foto: Esteban Felt/AP)
Vândalos destroem interior da Igreja de San Francisco de Borja, em Santiago, após início de confrontos em manifestação na capital do Chile. (Foto: Esteban Felt/AP)

Os grupos extremistas do Chile dizem celebrar o marco de um ano dos movimentos sociais por igualdade no país. Gritam por igualdade, enquanto, por suas atitudes, andam a passos largos para longe da justiça, da ordem e da civilidade. A todo momento surge uma nova impressão sobre os incêndios criminosos cometidos contra igrejas localizadas no epicentro dos protestos em Santiago, seja por meio das redes sociais ou em colunas na imprensa. A situação em voga é o termômetro para a hipocrisia da sociedade, que se envereda pelos princípios socialistas, rotulando o cristianismo como uma doutrina ultrapassada e abandonada em um passado remoto da progressão epistemológica.

Para abordar o comportamento daqueles que odeiam os cristãos é preciso se debruçar sobre um amplo movimento que não se limita a escárnios públicos: igrejas depredadas, santos católicos expostos a situações vexatórias, mortes de cristãos pelo mundo, entre tantos outros atentados à fé. Se faz necessário um olhar atento às sutilezas que inflamam a sociedade contra o cristianismo.

A expressão “passar pano” tem sido utilizada, com muita frequência, por aqueles que dizem militar contra o preconceito. Não se pode passar pano para o racismo, machismo e homofobia, dizem eles a patrulhar a sociedade. Por mais que se faça desnecessário explicar, no Dicionário Informal o resultado da busca por essa expressão diz que ela significa “acobertar ou omitir sobre alguém”.

Pois bem, no ápice da repercussão sobre os protestos no Chile, quem é que “passa pano” ao ódio contra os cristãos? Basta uma busca superficial sobre o assunto para perceber no noticiário a ênfase de que os protestos foram pacíficos na maior parte do tempo, apesar da barbaridade cometida contra a Capela dos Carabineiros São Francisco e a Igreja da Assunção. Ora, não importa como começou um protesto se o fim foi marcado por um atentado ao patrimônio e à religião.

Outras publicações atribuem a percepção da “cristofobia” nos episódios em questão como um movimento restrito aos apoiadores do presidente Bolsonaro. Teve até quem se diz cristão atribuindo o extremismo dos manifestantes aos erros cometidos pelas instituições religiosas ao longo da história. Uma pseudo justificativa, dada na tentativa infeliz de ser aplaudido pelo politicamente correto. Não satisfeitos em estar em cima do muro, esses escolheram se posicionar ao lado de uma elite intelectual a ter coerência. 

Dois pesos, duas medidas. Se a barbárie cometida pelos manifestantes alvejasse símbolos dos movimentos inclusos na cartilha do socialismo, a comoção seria total e não ponderada como vemos no caso dos ataques às igrejas.

Como presidente da Frente Parlamentar de Defesa dos Direitos Humanos e pela Justiça Social, e ex-presidente da Frente Parlamentar de Liberdade Religiosa, identifico a cristofobia (por que não assumir que existe?) como um movimento de ódio que cresce em larga escala e se manifesta a sociedade das formas mais sutis até às expressões mais violentas. No Brasil, a propagação de informações falaciosas contra igrejas, a ocorrência de ataques aos símbolos cristãos e a “vista grossa” a casos como os incêndios criminosos no Chile alertam para um cenário preocupante de total inversão de valores, acompanhado de uma ameaça iminente contra a liberdade religiosa. 

Entendo que os atos de intolerância não estão restritos ao Chile, que tem meu respeito incondicional a sua história e tradição, tão pouco ao Brasil, mas são sintomas globais e reacionários de um movimento que diz defender a liberdade de expressão.

Transformei meu repúdio aos ataques contra as religiões em ações afirmativas para combater esse mal. Sou um dos responsáveis pela elaboração do Estatuto da Liberdade Religiosa, que está na Câmara dos Deputados, e apresentei ao Parlamento Projeto de Lei que autoriza o presidente da República a suspender as relações comerciais e diplomáticas com países que promovam ou tolerem o desrespeito a religião, seja ela qual for.

É preciso marcar posição pelo direito à liberdade religiosa, que é um princípio fundamental a dignidade humana, assegurado pela Carta das Nações Unidas. Apesar dessa garantia, quase 100 mil cristãos, por ano, são mortos no mundo todo por professarem sua fé.  O Chile, o Brasil e o Mundo não podem passar pano para os cristofóbicos e intolerantes a qualquer crença.

Roberto de Lucena é Pastor e Deputado Federal (Podemos) por SP. Presidente da Frente Parlamentar de Defesa dos Direitos Humanos e pela Justiça Social e ex presidente da Frente Parlamentar de Liberdade Religiosa

*O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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