Não podemos ver as coisas como elas realmente são, apenas fenômenos que decorrem delas e limitados à nossa capacidade de compreender a lógica, reflete Immanuel Kant. Edmund Husserl, porém, retrocede e diz que podemos sim conhecer o ser das coisas.
Concordando com Kant ou Husserl, bons casos que nos chegam para testar nosso juízo são as noticiosas informações dos jornais, que alguns até esforçados conseguem ver nelas apenas fatos, enquanto outros mais preocupados denunciam tragédias e caos, então um retorno às coisas mesmas, de como elas nunca poderiam se afastar.
Falando nisso, como estão e como estarão nossas liberdades daqui a pouco? O clássico do bispo Edir Macedo Orixás, caboclos & guias: deuses ou demônios será banido do mercado editorial? Este que, na página 47 explica que “Prostitutas, homossexuais e lésbicas sempre são possuídos por pomba-giras (“marias-molambo, etc.).”
Uma menina de treze anos dançando num encontro de Drag Queens. Quem quiser pode ver as imagens no Instagram. É arte?
Que todos imitemos Cristo com relação a Cesar e a Deus. Então, que eles fiquem com a arte deles e deixem a religião dos outros, e jamais impeçam que os outros critiquem esta arte e digam que não é só arte.
A nova polícia da fala que vem com o Projeto de Lei Nº 2.630, de 2020, o germe da apelidada “Lei das Fake News”, trará consequencias nefastas para os direitos individuais, entre eles o exercício da liberdade religiosa, que fatalmente será confundida com discurso de ódio e impedirá que as coisas voltem a ser o que eram, ou seja, que a verdade seja verdade. Aliás, confirmará o que já vem acontecendo. Mas o pior de tudo ainda é a afetação da consciência. Profecia se cumprindo. Se quando o filho do homem vier encontrará fé na Terra? (Lucas 18-8).
Poderemos até continuar falando verdades nas redes sociais porque o Estado não amputará nossos dedos que digitam no teclado - esse tempo da violência passou - nem apreenderá nossos computadores e celulares em nossas casas enquanto não houver fundamento que diga que neles está sendo praticado algum crime. Então, antes que você pronuncie qualquer som ou escreva qualquer comentário, publique alguma informação, você ainda terá liberdade para decidir o que fazer ou se vai fazer algo.
Mas ficaremos sem acesso às nossas redes sociais, que serão bloqueadas. O direito de se expressar, no que se inclui fazer piadas, contar anedotas, rir, ou simplesmente falar ou comentar um assunto relacionado a temas que a modernidade fez questão de tornar polêmicos, não é perdido, cancelado ou banido porque é característica até das piores tiranias que tais direitos ainda se mantenham escritos nas Constituições, como aliás também está escrito no PL Nº 2.630, de 2020, onde se lê sua preocupação em manter a liberdade de imprensa e de manifestação do pensamento.
O problema maior, valendo repetir, é a afetação da consciência. Quantas pessoas imprudentes se afastarão de suas convicções, e, ainda, mesmo sem perceber que estarão se afastando delas? Continuemos imitando aqueles que não se renderam à apostasia (Samuel, Davi, Joás, Josias, Daniel, Saul).
A lógica da fé quanto aos espíritos imundos é que pelos frutos conhecereis a árvore. Se os frutos forem bons a árvore será boa. Fruto bom não é somente prosperidade material (de que adianta ser rico e não ter paz?). Então, antes de confiar cegamente em alguém ou algo, seja um político, um padre, um bispo, um pai de santo, uma crença em geral, devemos sempre pesquisar os frutos. Doenças, vícios, desavenças, misérias, uma ficha criminal, são sinais de que a árvore não é boa.
Considerando a árvore, não seja escravo ou, como se diz em terreiros, “cavalo”. Caia fora o quanto antes!
Do jeito que as coisas andam em tema de liberdades de expressão, será que nossa livre e ainda intacta consciência poderá continuar questionando as atitudes alheias com fundamento na fé? Seremos vistos como preconceituosos? Poderemos continuar dizendo “fique com sua fé ou arte que eu fico com a minha!”? Uma manifestação de fé será vista como um ato de ajuda ou como expressão de preconceito e discurso de ódio?
Sergio Renato de Mello é defensor público de Santa Catarina, colunista do Jornal da Cidade Online e Instituto Burke Conservador, autor de obras jurídicas, cristão membro da Igreja Universal do Reino de Deus.
* O conteúdo do texto acima é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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