Não sei de onde surgiu a idéia de que para ser um homem de Deus e ter credibilidade é preciso fazer cara feia. Alguém inventou isso e começamos a repetir gestos e atitudes supostamente santas. Passamos a pensar que o humor se contrapõe à santidade. Daí, as Faculdades Teológicas e Seminários passaram a ensinar que o sorriso e a alegria são incompatíveis com a seriedade do ministério.
Durante toda a minha vida, tenho tentado quebrar esse paradigma. Não se trata de fazer galhofa com o que é sério. A questão é que o humor faz parte da comunicação. Quando você transmite a mensagem bem humorado, atinge o ouvinte duas vezes: racionalmente e emocionalmente. O humor abre e quebra as resistências; prepara o coração para receber a Verdade com maior facilidade.
Hoje, grande parte dos pregadores mais conhecidos aderiu a um estilo de pregação mais descontraída. No entanto, os pioneiros do humor no púlpito já levaram muita pancada por quebrar o perfil dos profetas convencionais. Não faz muito tempo, era inadmissível dar uma risada ou brincar com determinado assunto em um lugar tão sagrado como o altar da igreja. O riso era combatido com veemência. Quem o usava era taxado de animador de auditório, contador de histórias, Silvio Santos da fé, ou apelidos bem mais pejorativos. Era visto como alguém cuja pregação visava apenas entreter sem apegar-se à Verdade, sem promover transformação.
Com o passar do tempo, os críticos do novo estilo, ao constatarem o crescimento das igrejas e a busca pela integridade, dos chamados palhaços, acalmaram-se, calaram-se ou repensaram suas posições, respeitando o estilo dos colegas ou até mesmo, usando um pouco de humor nos sermões.
O Brasil, com sua vocação natural ao riso, tem modelos interessantíssimos de comunicadores que entregam as Boas Novas de maneira descontraída. A risada não lhes rouba a santidade, integridade ou compromete a teologia. Entendo que teologia é como uma panela velha. O ditado popular afirma: Panela velha é que faz comida boa. Verdade! Porém, ninguém de bom senso, por melhor que seja a comida, deve servi-la na mesma panela velha, na qual a preparou, antes, serve-a em uma bandeja. O paladar, antes de saborear a comida, a devora com os olhos. Não basta ser gostosa, a comida deve ser agradável de se ver, desejavel; só assim, quem está à mesa vai querer digeri-la.
Silmar Coelho é pastor; doutor em teologia e liderança pela Universidade Oral Roberts, EUA; empresário; terapeuta; conferencista internacional; e escritor de 20 livros, entre eles: "Jamais desista", Editora Vida e "Transformando lágrimas em vinho", Editora MK.
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