Causou rebuliço a resposta de Marina Silva ao portal UOL, quando perguntada sobre o casamento gay. Marina disse que não era favorável à união homossexual e propôs um plebiscito para tratar do tema. O assunto bombou no twitter. Houve quem dissesse que retirava o apoio dado à candidata depois da resposta.
A decepção com a posição de Marina só pode vir de uma confusão do público entre as convicções da candidata e os princípios de seu partido. Marina não é o Partido Verde. E isso fica claro quando se analisa as posturas públicas de ambos sobre temas polêmicos.
Decidi recuperar o programa de governo do PV e comparar com as declarações de sua candidata à presidência.
Casamento gay
Marina Silva: ''Não sou favorável e proponho um plebiscito''
PV: A favor. No tópico 4, de seu programa, entre as missões do partido está: defender a liberdade sexual, no direito do cidadão dispor do seu próprio corpo e na noção de que qualquer maneira de amor é valida e respeitável
Aborto
Marina Silva: ''Não sou favorável e proponho um plebiscito''
PV: A favor. No tópico 7 de seu programa defende a legalização da interrupção voluntária da gravidez.
Legalização das drogas
Marina Silva: ''Sou contrária, proponho plebiscito''.
PV: A favor. Em sua plataforma o partido diz que ''uma nova política internacional provavelmente passará pela legalização e fornecimento, controlado pelo Estado, como forma de solapar e inviabilizar economicamente os grandes cartéis da droga''.
Pesquisas e uso terapêutico das células-tronco
Marina Silva: ''Sou contra o uso de células-tronco embrionárias para pesquisa. Defendo apenas o uso com células-tronco adultas''.
PV: Em cima do muro. Reconhece que o sacrifício do embrião é um dilema ético embora não tenha se colocado publicamente contrário à utilização de células-tronco embrionárias em pesquisas. O partido assume a tarefa de combater, segundo seu programa a utilização arbitrária do corpo humano no seu todo ou em partes, para a exploração comercial e/ou como objeto de qualquer pesquisa realizada fora dos paradigmas internacionais de ética médica.
O divórcio entre as posições progressistas e liberais do PV e as opiniões de Marina, inegavelmente construídas sobre alicerces religiosos oriundos de sua história católica e de sua atual devoção evangélica, criam uma estranha situação para o eleitorado. Nesse princípio de campanha, Marina tenta atrair os religiosos, sobretudo as mulheres, e encontra grande simpatia entre o grupo universitário, urbano, de classe média, que enxerga nela uma opção moderna, em parte por seu discurso de sustentabilidade, em parte porque a identificam com as bandeiras do PV. Com o aquecimento da campanha, as posições de Marina ficarão cada vez mais claras e públicas e será possível ver se ela ainda vai ser capaz de juntar dois mundos tão distintos ou se algum dos lados eleitorais vai abandonar a candidata do PV.
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