Prontos para proteção da nossa saúde?

Prontos para proteção da nossa saúde?

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:30

Costumamos orar, ao "médico dos médicos", para que nos seja garantida a saúde;

Outras vezes, fazemos como o centurião que se aproxima de Jesus, para interceder por seu criado que estava paralítico e violentamente atormentado;

E que tal ouvirmos de Jesus que ele iria e daria saúde ao criado do centurião?

Melhor ainda seria aprendermos com a fé daquele centurião que, tomado da certeza de que estava frente ao grande Salvador, lhe diz: "Senhor, não sou digno que entres debaixo do meu telhado, mas dize somente uma palavra, e o meu criado há de sarar";

E depois ouvir o comentário do mestre aos que o seguiam: "Em verdade vos digo que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé";

E, por fim, receber a melhor das ordens: "Vai, e como creste seja feito";

E naquela mesma hora, diz as escrituras, o seu criado sarou.

O texto de Mateus 8:5 a 13, mostra a grande preocupação de uma pessoa com relação a outra. O centurião não foi até Jesus fazer um pedido para si, ou seja, não tinha interesse pessoal, mas tinha muita preocupação com uma pessoa de seu relacionamento;

Mas, o curioso é que essa pessoa não era seu filho, pai, irmão... era seu funcionário, seu servo. Por que ele haveria de perder a oportunidade do encontro com Jesus para pedir em favor de outrem?

Eu respondo: porque ele entendeu o que está escrito em Marcos 12:28 a 33, onde um dos  escribas pergunta a Jesus: Qual é o primeiro de todos os mandamentos? E Jesus responde: "o primeiro de todos os mandamentos é: Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento", e continua, "E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes".

Assim, em ordem de importância, logo após o "amar ao Senhor teu Deus de todo coração" vem o "amar ao próximo como a si mesmo" e, ambos, são os maiores mandamentos bíblicos, já que todos os demais mandamentos constantes no livro de Êxodo, cap. 20 ("os dez mandamentos") decorrem deles.

Sob esta ótica, quero compartilhar um tema bastante discutido no nosso cotidiano e que, neste ano, ganhou mais atenção, principalmente, da população do Estado de São Paulo.

A Lei estadual nº 13.541/09, conhecida como "lei antifumo" tem sido objeto de grandes discussões no Estado de São Paulo e eu não poderia deixar de comentar sobre o tema, já que a lei entra em vigor no próximo 07 de agosto.

Conforme o texto, a nova lei proíbe cigarro ou derivados de tabaco em ambientes de uso coletivo, públicos ou privado, total ou parcialmente fechados em qualquer um dos lados por parede ou divisória, em todo o Estado. Entre os locais de proibição estão áreas internas de bares e restaurantes, casas noturnas, ambientes de trabalho, táxis e áreas comuns fechadas de condomínios.

O fumantes esperneiam para tentar provar que suas "liberdades" estão sendo cerceadas;  por outro lado, os não fumantes comemoram o resguardo à saúde, a um ambiente saudável!

Lembro aqui o dizer de Celso Antonio Bandeira de Mello, em seu "Conteúdo Jurídico do Princípio da igualdade": "A lei não deve ser fonte de privilégios ou perseguições, mas instrumento regulador da vida social que necessita tratar equitativamente todos os cidadãos".

As lições de Aristóteles mostram que as leis constituem a ferramenta do legislador por meio da qual este vincula os cidadãos à observância das condutas tendentes ao bem comum, identificado este com a produção e a conservação da vida boa para cada um dos indivíduos.

O Profº Ricardo Castilho, em sua obra "Justiça Social e Distributiva", mostra que "A realização da vida boa de todos pode ser identificada, assim, como espécie de felicidade objetivo-coletiva. Esta representa apenas a garantia de condições materiais e imateriais mínimas que possibilitem ao indivíduo desenvolver potencialidades, tendo em vista a realização plena de seu plano específico de vida e, em conseqüências, de sua felicidade subjetiva-individual".

Penso que a lei antifumo guarda harmonia com os interesses sociais, e as discussões relacionadas a igualdade e liberdade já foram superadas; tal como o pedido daquele centurião que não pensou em seu próprios interesses, mas buscou ajuda ao próximo.

Pensar no próximo não é uma missão muito fácil, em um país no qual o capitalismo predomina e as nossas autoridades tentam administrá-lo como conseguem; no entanto, se verdadeiramente, amarmos ao próximo como a nós mesmos, essa missão fica mais branda e a felicidade coletiva tende a ser alcançada!

Teresinha Neves é membro da Comissão de Liberdade Religiosa da OAB/SP. Possui especialização em Direito Constitucional e Administrativo, Políticas Públicas e Gestão Governamental. Mestranda em Ciências Políticas.

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