Encarando o sofrimento

Encarando o sofrimento

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:32

Sofrimento e dor são tão antigos quanto à morte. Nossos primeiros pais ouviram de Deus, sentenças do tipo: "Do suor do teu rosto, comerás o teu pão e em meio a dores conceberás" (Gn 3.15-20). Se você sofre é conseqüência de ter nascido gente.

Veja o exemplo de Paulo: ?Cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um, fui três vezes fustigado com varas, uma vez apedrejado, em naufrágio três vezes, uma noite e um dia passei na voragem do mar; em jornadas muitas vezes, em perigos de rios, em perigo de salteadores, em perigos entre patrícios, em perigos entre gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigo no mar, em perigos entre falsos irmãos; em trabalhos e fadigas, em vigílias muitas vezes; em fome e sede, em jejuns muitas vezes, em frio e nudez. (2Co 11.24-27).

Paulo não parece ser adepto desta teologia triunfalista, onde nunca se admite a existência de problemas. Lemos na Bíblia gente boa sofrendo. "Foram apedrejados e tentados; foram serrados ao meio; morreram ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, aflitos e maltratados (dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos e montes, e pelas covas e cavernas da terra" (Hb 11.37-38).

Se há algum consolo no sofrimento alheio, fique sabendo que você não é o único que apanhou da vida. O próprio Jesus é chamado pelo profeta Isaias de "homem de dores" (Is 53.3). O Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça (Mt 8.20).

Não precisa acrescentar uma dose extra de sofrimento às suas dores, inveredando por um interminável caminho de busca da brecha causadora. Muitos cristãos se martirizam com o peso da culpa de algum pecado que ainda não descobriram qual é. Um caso típico onde a cura fere.

Nem sempre é bênção buscar em algum lugar do passado razões para o sofrimento. Sei que o Velho Testamento ensina a respeito de heranças familiares. Veja o sacerdote Eli ?Porque já lhe disse que julgarei a casa de Eli para sempre, pela iniqüidade que ele bem conhecia? (1Sm 3.13).

Se olhamos para o passado, é para sermos curados de seus efeitos danosos. Muitos atormentam seu coração durante esta incessante retrospectiva. Cristo nos resgatou da maldição da lei (Gl 3.13). Qualquer atividade que nos faça esquecer disso vem do maligno.

Um grande perigo, no qual podemos cair, é entrar em uma interminável busca de explicações. Podemos começar a andar em círculos, vendo e revendo os mesmos problemas de sempre e acabarmos nos convencendo de que somos inaptos para a vitória. Processos de cura interior são conduzidos desastradamente e podem se tornar cansativos, intermináveis e danosos. Hoje a unção para este ministério é oferecida nos balcões de varejo das vigílias, dos montes, das campanhas e se a gente não tomar cuidado, será exposto nas encruzilhadas.

A cura e a dor estão nas mãos do Senhor. A dor não deve ser exorcizada precipitadamente, pois se está lá, é porque há algum mal provocando-a. Antes de amarrar a dor, livre-se do pecado que a provoca. O pecado é uma pipa que pode levantar vôo, mas traz dependurada na sua rabiola uma série de conseqüências desagradáveis. Pipa sem rabiola, não sobe e pecado não funciona sem conseqüências.

"Verdadeiramente Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou com as nossas dores" (Is 53.4). Sem a cruz, seríamos fregueses de caderno do Diabo, mas Jesus, "havendo riscado o escrito de dívida que havia contra nós nas suas ordenanças, o qual nos era contrário, removeu-o do meio de nós, cravando-o na cruz (Cl.2.14).

Para a liberdade Cristo nos libertou (Rm 8.1). Jesus não veio para acusá-lo, quem faz este papel, é o Diabo. Jesus oferece um fardo leve e um jugo suave. Ele continua fazendo-nos aquele velho convite: ?Vinde a mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados? (Mt 11.28-30). Ele veio para dar ao homem sofredor, o alívio que tanto precisa.

Minhas dores Ele levou, meus sofrimentos Ele assumiu e por meus pecados Ele sofreu. Por isto mesmo, querido leitor, saiba que sua dor vai acabar, e não precisa amargá-la durante a vida toda.

Ubirajara Crespo é pastor, escritor, conferencista, editor e diretor da Editora Naós.

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