Nossa Religiosidade Decadente

Nossa Religiosidade Decadente

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:29

Muito tem sido falado a respeito da invasão satanista na igreja. Conversa vai, conversa vem, mas há um grupo que insiste em procurar sinais de que esta invasão é uma realidade. Instituições eclesiásticas de grande peso teológico movem-se muito lentamente, principalmente quando se trata de assuntos voltados para a questão da batalha Espiritual. As pedras, neste sentido, têm se movido com mais eficiência, cumprindo uma ameaça do Senhor de substituir a religiosidade institucional por pedras.

Enquanto efetuávamos nossas profundas análises semânticas sobre o tema da invasão luciferiana, seus agentes se aproveitaram de nossa lentidão e, comendo pelas beiradas, se instalaram de vez. Faltou coragem e sobrou soberba. Coragem para separar o trigo do joio, uma operação arriscada, sem dúvida, mas necessária, desde que se empregue nela uma precisão cirúrgica e se esteja disposto a correr riscos. É assim que os médicos salvam vidas, isto é, agindo, e não pensando. Em uma avaliação rápida, porém, saímos perdendo por causa do temor dos riscos e da cura.

A fauna demoníaca que se instalou nos ramos da mostardeira é incrivelmente variada. Começando pelas bugingangas ungidas, passamos pela toalha suada, pelas declarações de prosperidade, pelo enriquecimento ilícito, através da lavagem de dinheiro, deparamos com a gravidez indesejada causada pelo clero, recebemos unções penianas e vaginais, encontramos o demônio da cocada preta, o da espiga de milho, os rodopios, e a unção da lagarticha, que nos aperta contra paredes. Achamos demônios escondidos por detrás das bananeiras e aberrações nunca dantes imaginadas.

Somente a nossa soberba eclesiástica poderia nos fazer imaginar que somos invulneráveis a estas tentativas de infiltração. O triunfalismo parece ser uma tendência natural do ser humano. A Igreja já voi sua vítima no passado. Constantino se aproveitou dela e infiltrou um sincretismo religioso que quase destruiu a Igreja. Depois disto vários tsunames e ventos de doutrinas têm encontrado guarida nos galhos desta mostardeira, que abandonou sua essência original, a de uma hortaliça e se transformou em uma grande árvore.

Sonhos de grandeza, muitas vezes estimulados por demônios se infiltram através de nossa soberba, nos fazendo delirar com visões de púlpitos dourados e de multidões. Este sonho caminha na contramão dos projetos simples, mas eficientes que passam pela mente da nossa Pedra Fundamental. Grandiosidade nos coloca fora de controle e nos distancia da realidade do povo. Em um auditório não vemos rostos, só vemos números. Nesta simplicidade que a Igreja de Éfeso ganhou a Ásia e na sua soberba a perdeu.

Este tipo de religiosidade está decadente, Graças a Deus. Será que devemos nos esforçar para mentermos vivo um paciente moribundo, que ficaria melhor enterrado? Construir o novo usando material antigo? Jogar a nossa história na lata do lixo? Incendiar placas? Declarar Guerra Santa?

Para quE tudo isto? Hoje nem sabemos mais quem somos. Temos algo a apender com nossos erros, mas precisamos tomar providências. É preciso iniciar uma discussão corajosa em torno do assunto, antes que seja tarde demais.

Ubirajara Crespo é pastor, escritor, conferencista, editor e diretor da Editora Naós.

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