Quer mais fé ou mais fezes?

Quer mais fé ou mais fezes?

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:17

Melhor ainda do que começar bem, é terminar bem, o que é uma proeza reservada a poucos. Talvez durante uma busca minuciosa, consigamos garimpar esta joia rara. Abraao foi um digno representante desta espécime que hoje se encontra em agonizante extinção. Mesmo quando admitimos que as nossas conquistas foram movidas pela fé, encontramos um modo de nos gloriarmos nelas.

Se a fé é dom de Deus, quanto menor for a nossa interferência, melhor. A mente tendenciosa chega a conclusões desastrosas, como ocorreu aos israelitas: "Abraao era um só; no entanto, possuiu esta terra; ora, sendo nós muitos, certamente, esta terra nos foi dada em possessão" (Ezequiel 33.24).

Desculpe a cacofonia forçada, mas o cálculo deles era mais ou menos o seguinte:

Abraao sozinho = Uma Fé.

Somando todos nós = Muitas fezes.

Cuidado, este tipo de cálculo cheira sempre mal. Seria comparar um frasco de perfume francês com uma tonelada de estrume de vaca.

Quando um milagre da germinação parece ter ocorrido em árvores secas, os frutos, por mais deliciosos que sejam, apodrecem. Uma árvore torta corre o perigo de imaginar que foi capaz de produzí-los por si mesma. Com o tempo valorizamos mais o resultado do que a motivação. Resultado, que depende da seiva ser pura ou venenosa. A medição é feita na raiz e não na folha.

Para quem se preocupa com a folha Deus diz: Se "derramais sangue; porventura, haveis de possuir a terra?" (Ezequiel 33.25).

A árvore de natal é bonita, mas é morta. Enfeitar um coração amargo com foguetório litúrgico não garante o seu plantio em boa terra. É preciso tratá-la por dentro para que não morda a isca que o diabo coloca no seu anzol. Um começo ardendo em fé humilde e dependência de Deus é substituído pelo aparato, pelo poder político, e pela subserviência. "Vós vos estribais sobre a vossa espada, cometeis abominações, e contamina cada um a mulher do seu próximo; e possuireis a terra?".

A grandiosidade, a fama e o crescimento numérico alcançado por um sistema religioso é todo o seu galardão. Conquistas terrestres embrulhadas para presente formam a única recompensa de uma religiosidade regida por padrões e métodos empresariais. Assim diz o Senhor: "Tornarei a terra em desolação e espanto, e será humilhado o orgulho do seu poder" (v.29).

Ubirajara Crespo   é pastor, escritor, conferencista, editor e diretor da Editora Naós.

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