Amizade e aliança

Amizade e aliança

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:27

É importante conhecermos o contexto de amizade como uma aliança. Toda vez que nos dispomos a sermos amigos uns dos outros fazemos um voto no qual estamos dispostos a caminhar juntos, não importando o quanto nos decepcionaremos uns com os outros. O início de um relacionamento de amizade é muito gostoso, pois só vemos as virtudes, tudo é alegria; mas o tempo passa e então começamos a ver também os defeitos. É nesse ponto que a coisa começa a incomodar, pois temos a tendência de abandonar tudo. Fechamo-nos, pois pensamos que estaremos livres das decepções. Numa explosão de nosso egoísmo humano, pensamos que será melhor fugirmos do que perdoarmos e consertarmos os relacionamentos.

Esse é o pensamento do mundo, mas o modelo de Deus é bem diferente. Deus gosta de alianças, Ele fala de relacionamentos verdadeiros através de alianças. Mas o que significa viver no contexto de aliança? Significa conhecer os tratamentos e disciplinas impostos por Deus nesses relacionamentos. Significa conhecer os regulamentos e as penalidades de Deus para tais relacionamentos. Atualmente as pessoas se contentam com muito pouco. Não existe um nível de comprometimento entre irmãos que mostre qualidade. Não existe fidelidade entre irmãos e muito menos fidelidade e compromisso com o modelo de Jesus. Atualmente há muito sentimentalismo. No novo testamento, Jesus nos deu um exemplo diferente disso: Ele instituiu a ceia com o mesmo significado do sangue que havia na páscoa. Jesus estava querendo dizer: isto os ligará a mim e os ligará uns aos outros. É o sangue da nova aliança.

Em 1 Sm 20:8 a 17, a Bíblia registra um dos mais belos relatos de amizade. A aliança entre Jônatas e Davi. Jônatas, o filho de um rei deposto. Davi, o rei instituído por Deus que ocuparia o cargo do pai de Jônatas. Esses dois homens sabiam que todas as circunstâncias poderiam provocar inimizade entre eles, mas como Deus estava em primeiro lugar em suas vidas, nada pôde separá-los. É preciso saber o que estamos fazendo como Davi e Jônatas sabiam (veja o versículo 8). É preciso ter Deus como testemunha e saber o significado disto como Jônatas o fez (veja o versículo 12). Uma aliança traz a dimensão divina para nossos relacionamentos horizontais, e quando cumprimos nossa parte da aliança estamos fazendo uso da bondade de Deus conosco.

1 Sm 18:1 diz: Sucedeu que acabando Davi de falar com Saul, a alma de Jônatas se ligou com a de Davi; e Jônatas o amou como à sua própria alma. É impossível uma pessoa ter um relacionamento de aliança significativa com uma comunidade inteira, mas podemos ter relacionamentos verdadeiros em pequenos grupos que poderiam mudar nossas vidas. É preciso conhecer nossa responsabilidade como Cristão e parar de dar desculpas para não se envolver em relacionamentos de responsabilidade. Uma pessoa murchará, secará se não entrar num relacionamento de aliança com outros cristãos. É preciso estar ligado a alguém.

Ef 4:15 e 16 diz: Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua seu próprio aumento para edificação de si mesmo em amor. Cada parte realiza sua função. Aliança genuína com um pequeno grupo é possível e real e estes pequenos relacionamentos são capazes de revelar como eu devo agir. Através da maturidade destes relacionamentos surgirá uma integridade que identificará o povo de Deus. O princípio da aliança é glorioso e divino, pois revela que a aliança de Deus conosco foi alicerçada no seu amor sacrificial e na doação de sua própria vida. Entrar em aliança é gostoso, é emocionante, é uma aventura maravilhosa. Só não é possível ser leviano, pois aliança não é por tempo limitado, não é por conveniência.

É compromisso mútuo de doar a vida um para o outro. Quando duas pessoas fazem uma aliança, estão dando uma à outra o seu próprio sangue, a sua própria vida. Não é possível que, logo na primeira luta, quebremos nossa aliança. Em 1 Sm 18:4 vemos que Davi e Jônatas trocaram presentes. Jônatas deu sua capa, armadura, espada e cinto. Isso significa que a amizade entre eles não era algo melancólico e desequilibrado. Havia prazer e alegria entre eles. Não precisamos ficar sérios e pensativos por estarmos comprometidos com alguém. Há a necessidade de rir, se alegrar e se deleitar com as boas coisas da vida juntos. Podemos andar juntos em lugares terríveis, mas existem também lugares onde podemos nos divertir.

1 Sm 19:1 diz que Jônatas era mui afeiçoado a Davi. O relacionamento deles era muito bom.  Gostavam de estar juntos. Uma aliança não pode apenas produzir lealdade, integridade e capacidade de enfrentar problemas juntos, mas deve produzir uma realização completa em nossas vidas, de forma que tenhamos alegria e prazer uns nos outros. Até passamos por batalhas, mas estamos juntos e isso traz alegria. Aliança nos afeiçoa a pessoas e, assim, é possível dividir a carga, é possível carregar os pesos juntos. Sempre seremos provados, mas só cresceremos se formos confrontados por tentações e obstáculos. Se não houver dificuldades e provações ou se fugirmos delas não haverá crescimento verdadeiro.

Saul queria matar Davi, mas Jônatas ficou ao seu lado. Aliança não é só para horas de tranqüilidade, mas é o comprometimento da minha vida com a vida de meu irmão até a morte. Nossos compromissos de aliança serão testados e desafiados. Será que estaremos dispostos a manter nosso relacionamento e compromisso mesmo quando perigos e desafios nos confrontarem cara a cara? Nossa geração tem produzido uma safra de violadores de aliança. Falam demais, usam de ''sincerismo'' e não conhecem os limites de onde parar. Fica o alerta: quando desaparecem a integridade e a lealdade, tudo mais ao redor desmorona.

O relato em 1 Sm 20:8 mostra Davi lembrando Jônatas de que eles estão numa aliança no Senhor. O Senhor estava vigiando. À medida que um relacionamento de aliança se desenvolve, descobriremos que ele adquire uma capacidade cada vez maior de suportar as pressões. Deus está nesse negócio. Não é uma combinação humana, apenas. Quando entramos no relacionamento de aliança não é mais o meu ministério, mas o nosso. Não é mais a minha reputação, é a nossa reputação.

Estamos entrando numa fase de relacionamentos de alianças em amor. Eu não permito que falem de meu irmão levianamente. Estou disposto a pagar o preço de compromisso com ele. Davi e Jônatas eram homens de guerra, de coragem e de bravura, mas a aliança entre eles os permitia chorarem juntos e até beijarem-se. Eram homens de coração quebrantado. Jamais voltavam atrás no compromisso firmado. É possível sermos homens de guerra que expressam a emoção de uma aliança. É possível ter braço forte, mas expressar emoções sem acanhamento nas horas de luta. Precisamos saber que é bom chorar juntos e que, quando passamos por crises, não precisamos ser estátuas. Não me envergonho das minhas emoções. Elas não me dominam, mas não as faço desaparecer.

Precisamos ser mais expressivos uns para com os outros. Entregar nossas vidas pelos irmãos não é limitar isso em palavras superficiais e baratas. Jônatas deu sua vida mesmo. Quando virmos essa dedicação entre nós, as pessoas darão mais atenção às nossas palavras. Vamos resgatar a lealdade. Não vamos expor nossos irmãos publicamente. Vamos cuidar uns dos outros e tratar dos defeitos uns dos outros sabendo que em outra ocasião pode ser eu nessa mesma situação. Devemos cobrir a nudez de nosso irmão, estar ao seu lado, identificando-se com ele. Podemos confrontá-lo, mas lutaremos ao seu lado e não o deixaremos sozinho. Exortaremos, mas ele jamais será exposto diante do inimigo. Urgentemente, precisamos da restauração de alianças entre nós. Urgentemente, precisamos ser fiéis uns para com os outros

Pr. Valdir Ávila S. Junior

Valdir Ávila S. Junior é pastor, teólogo, músico e produtor musical. Participou com a Ruach Ministries International de viagem missionária à Finlândia com Asaph Borba e Donald Stoll, fundadores do Estúdio Life (RS). Gravou com Adhemar de Campos, Daniel Souza, Gerson Ortega, Gregório McNutt, Nívea Soares, Massao Suguihara, Sostenes Mendes e David Quinlan.

Foi pastor em Botucatu onde dirigiu grupos relacionados ao louvor congregacional, tais como: dança, libras, backing vocals, coral, músicos e técnicos de áudio. Implantou o Estúdio Voima que já produziu e gravou vários outros trabalhos pelo Brasil. Atualmente é Pastor da Igreja Bíblica Evangélica de Piracicaba, cidade onde reside e tem se dedicado ao ministério da palavra.

É integrante do Conselho Editorial da Revista Impacto - Americana.- www.revistaimpacto.com  

Site pessoal: www.vidanaverdade.com.br - e.mail:[email protected]

Proprietário da Escola de Educação Infantil e Berçário Cercado de amor, uma escola com princípios cristãos, que cuida de crianças entre zero e cinco ano de idade. www.cercadodeamor.com.br

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