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O mito do bandido

O mito do bandido

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:06

Qual a diferença entre um bandido e um "homem de bem"? Certa vez fui visitar um traficante que estava paraplégico por causa de um tiroteio. Da cama ele continuava controlando o tráfico em uma das piores favelas de São Paulo. Houve uma emergência nas "bocas de fumo" que exigiu sua imediata atenção, e ele se desculpou comigo dizendo: "Desculpe, eu preciso trabalhar agora". Aquele homem se considerava um trabalhador, um empreendedor. Conheço homens que sustentam famílias relativamente bem integradas "trabalhando" no tráfico, e alguns contam com a ajuda de seus filhos para produzir mais. Convivo com assaltantes, assassinos, que deixaram de fazer estas coisas sem que se possa perceber fisicamente qualquer mudança. O que mudou foi o controle que agora tem sobre seus maus desejos e impulsos que antes os levavam a cometer atos de violência.

Pergunte a uma mãe amorosa, que educou seu filho com carinho e agora ele está "com problemas" com as drogas, se ela acha que seu filho é um bandido. Lógico que não. Pergunte a um ministro do governo que com uma canetada beneficia grandes empresas construtoras e deixa milhares de pessoas morrerem sem atendimento médico adequado, para ver se ele se considera um bandido. Não! Ele é um homem de bem. São todos homens de bem.

Os bandidos não nascem com um "B" estampado na testa, não formam uma linhagem marcada, não podem ser distinguidos dentre os outros. A classificação de certos erros como bandidagem, outros como deslizes e outros como aceitáveis é arbitrária, injusta e casuística. A verdadeira razão que leva as pessoas a cometerem atos de violência são os maus desejos que lutam dentro delas e eles estão presentes dentro dos religiosos e dos ateus, dos cultos e dos analfabetos, dos velhos e dos jovens, dos homens e das mulheres. É por isso que um empresário atropela e foge sem prestar socorro, um filho de boa família machuca o colega na escola, a dona de casa espanca um filho, o operário rouba material na empresa, o funcionário público recebe propina e o político distribui favores para conseguir votos.

Finalmente olhamos para nós mesmos. Diante do desafio de controlar estes desejos maus que lutam dentro de nós para se expressarem e produzir violência, que faremos? Quando adolescente, naquela fase poética, escrevi alguns versos cujo moto era "Ah se meu inimigo estivesse fora de mim". Eu percebi, naquela idade, que tudo seria mais fácil se eu tivesse que enfrentar um inimigo externo. Mas enfrentar a mim mesmo, meus próprios desejos e vontades é impossível. Nós somos capazes de trair nosso próprio esforço. Desde então aprendi que devo confiar em Deus. Sua bondade, misericórdia e justiça estabelecem em mim o controle que eu sozinho não sou capaz de exercer. Não estou falando de frequentar uma religião, mas de verdadeiramente viver conforme os padrões de Deus que são justos, bons e perfeitos. É assim que a paz começa dentro de nós.

Este texto é a quarta parte do artigo "Mitos da Violência" publicado inicialmente no site www.pacificadores.org , publicado em sequência neste blog.

José Bernardo , 46, casado com Vasti e pai de João Marcos e Isabella, é pastor, escritor e conferencista. Depois de uma significativa carreira em marketing, e bem sucedido pastorado, fundou, no ano 2.000, a missão AMME Evangelizar, com o propósito de ajudar as igrejas evangélicas brasileiras a cumprir a Grande Comissão. Sob sua liderança a AMME já ajudou mais de 30.000 igrejas a apresentar o Evangelho a mais de 90.000.000 de pessoas e agora avança para os outros países de língua portuguesa.  

Site:   www.evangelizabrasil.com .

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