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Mosqueteiros Corporativos?

Mosqueteiros Corporativos?

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:18

Com certeza, se os Três Mosqueteiros e d'Artagnan fossem reais e estivessem vivos, estariam morrendo de ganhar dinheiro com palestras. E a razão é simples. Falta às empresas a principal competência dos quatro: A concorrência. Parece estranho, mas é isso mesmo. Ainda não surgiu um time que melhor apresente o verdadeiro significado de concorrer do que os quatro espadachins de Alexandre Dumas. Vamos, então, ao real significado.

Observando a etimologia de cooperar (com + operari) e colaborar (com + laborare), encontramos que estas palavras significam agir ou trabalhar conjuntamente. Pesquisando ainda a palavra convergir (com + vergere), descobrimos que ela significa inclinar-se conjuntamente, ou para uma mesma direção. Se é assim, por que então competir (com + petere), que significa buscar ou ir conjuntamente, e concorrer (com + currere), que significa correr conjuntamente, têm uma interpretação tão hedionda dentro das empresas? Que mal pode haver entre colaboradores que concorrem, ou seja, trabalham (laborare) e correm (currere) juntos em busca de um mesmo objetivo; ou de colaboradores que competem, ou seja, agem (operari) e procuram (patere) juntos por um mesmo objetivo?

Na minha opinião, o problema dentro das empresas não está em alguém correr ou buscar algo ao mesmo tempo que outro. O problema é que tais palavras, no meio corporativo, pressupõem um único vitorioso, um só lugar de destaque. Aí é que mora o perigo. “Colaboradores” deveriam na empresa concorrer por objetivos comuns, mas, na verdade, concorrem por louros pessoais. Concorrem por “com quem ficam os créditos”, por “quem fica melhor na fita”, por “quem causa melhor impressão no chefe”, por “quem recebe o prêmio”, por “quem fica com o cargo”. Se a cultura da empresa é procurar “o” culpado que esculhambou tudo, ou “o” gênio que “isoladamente” alcançou a nova conquista, sem dúvida alguma competição e concorrência são simplesmente palavras impronunciáveis. Mas, se a empresa preza pela cultura de equipe, em detrimento da cultura do indivíduo, do herói, do salvador, ou do réu, concorrer e competir são grandes caminhos para se alcançar mais rapidamente a excelência.

É óbvio que a cultura empresarial não pode sufocar o talento individual, o reconhecimento do talento particular. Existem realmente algumas pessoas que se destacam, que fazem a diferença e dão sua contribuição através de uma idéia espetacular, ousada. Isso deve ser reconhecido. Mas o que seria de uma idéia sem sua conseqüente realização, sem sua implantação? E até que me provem o contrário, nunca ouvi falar de alguma idéia que tenha sido operacionalizada, dentro das organizações, por um único indivíduo. Ou seja, um processo que simplesmente prescindisse da cooperação dos outros.

Voltando ao ponto, quando se valoriza a equipe e o resultado coletivo, tudo que a empresa quer é que os colaboradores busquem e corram juntos, numa mesma direção. Nessa hipótese, de valorização da equipe, o risco é quase nulo, pois eles jamais estarão correndo ou buscando o mesmo posto. Jamais estarão “lutando” (sabe-se lá com que armas), por algo que só possa ser gozado por um. Portanto, a concorrência ou competição será uma moeda de face única. Sem o outro lado, nocivo, ou seja, o da luta interna, intramuros, simplesmente pela inexistência de uma razão para tal: não estará em jogo o indivíduo,a celebração individual.

Mas, neste cenário de concorrência interna sadia, como fica a escalada corporativa, aquela vontade natural de indivíduos quererem ocupar postos mais altos dentro da organização? Isso não será um problema, desde que a empresa deixe claro que os postos serão ocupados com base em uma avaliação individual, mas que considera a capacidade e habilidade do indivíduo “concorrer” com o time. Ou seja, a empresa continua a olhar para cada um, mas considera o que cada um faz pelo todo, e não por si só.

Com franqueza, me diga se esse não seria o melhor dos mundos: todos “lutando” para ver quem mais ajuda, mais colabora, coopera, converge, concorre e compete. Alguma semelhança com os Três Mosqueteiros não será mera coincidência. Vale lembrar o lema de d'Artagnan , Atos, Aramis e Portos, que poderia ser o lema de sua empresa: “Um por todos, e... todos por um!!!”

Paulo Angelim

*Artigo também publicado na VOCÊ S/A On-Line, setembro / 2003

Conferencista nacional em Vendas e Motivação, autor dos livros "Desenvolvimento profissional: Alcance o sucesso sem vender a alma" e "Morra e Mude".

Contato:   www.pauloangelim.com.br

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