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Ano Eclesiástico

Ano Eclesiástico

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:11

Com o primeiro domingo do Advento começa sempre um novo ano da Igreja ou Ano Eclesiástico. Advento, Natal, Epifania, Paixão, Páscoa, Ascensão, Pentecostes, Trindade, Fes-ta da Colheita, Dia da Reforma - esta é a seqüência das principais épocas e datas do ano da Igreja. A Igreja Anglicana, Luterana e Metodista são as principais Igrejas que seguem estas datas e as comemoram. As outras igrejas, como Batista, Assembléia de Deus, não observam este calendário litúrgico.

No decorrer do ano eclesiástico, festejam acontecimentos e datas especiais, que são as festas cristãs, para facilitar a vivência de Deus nos dias de hoje. O ano eclesiástico já tem uma história de quase dois mil anos, durante os quais se formou uma longa tradição com símbolos, cores litúrgicas, comemorações e costumes, que até hoje influenciam a vida dos cristãos, quer particular, familiar ou comunitária, eclesial ou social. As festas cristãs determinam, em grande parte, a proposta curricular do ensino religioso, a liturgia, as histórias bíblicas narradas no culto infantil e nos cultos em geral, bem como a prática da fé na vida diária. No decorrer do ano, os cristãos das igrejas mencionadas acompanham, relembram e celebram os diferentes momentos e acontecimentos da vida em estreita integração com a vida de Jesus Cristo e a história da Igreja. O ano eclesiástico é uma orientação para a vida cristã. Ele une e integra toda a cristandade.

Os cristãos relacionam o Natal com 25 de dezembro, mas não foi desde sempre assim. O ano eclesiástico desenvolveu-se gradativamente durante os dois mil anos de existência da cristandade, cresceu com a Igreja e está enraizado na história do povo de Israel. A comunida-de cristã primitiva, em Jerusalém, não conhecia um ritmo anual em suas festas. Um aconteci-mento, porém, foi central e marcou a vida da Igreja desde o início: a ressurreição de Cristo. A alegria dos cristãos era tão grande que inicialmente comemoravam este acontecimento em cada primeiro dia da semana, por ser o dia da ressurreição, o que deu origem ao domingo, que significa dia do Senhor. Aos poucos, a Páscoa como dia da ressurreição passou a ser celebrada apenas uma vez por ano. Tornou-se, assim, no segundo século, a primeira festa anual da cris-tandade, coincidindo a sua data com a Páscoa judaica de libertação do povo da escravidão no Egito, celebrada na primeira lua cheia da primavera. Por essa razão, comemra-se até hoje a Páscoa no primeiro domingo após a primeira lua cheia do outono, correspondente à primavera na Palestina. Por isso a data da festa da Páscoa muda a cada ano no calendário civil. No de-correr dos séculos, foram surgindo outras datas, até que se formou o ciclo do Ano Eclesiástico como hoje é celebrado.

Uma época de preparação de quarenta dias antes da Páscoa passou a ser denominada de Paixão ou Quaresma. As pessoas inicialmente batizadas na Páscoa e, para isto, tinham que passar por uma "quarentena" de preparo com meditação, jejum, oração e abstinência de festas. Também a Santa Ceia foi instituída por Jesus na noite da sua traição. Por isso, os sacramentos do Batismo e da Santa Ceia passaram a ter uma estreita associação a época da Paixão e da Páscoa, para as igrejas mencionadas. Tão grande era a alegria pela ressurreição de Cristo que uma de sete semanas passou a ser dedicada ao júbilo, da Páscoa até o Pentecostes - 50 dias de alegria. Quarenta dias após a Páscoa passou-se a celebrar o dia da Ascensão (Atos 1.3). A festa judaica de Pentecostes, que era uma festa da colheita, transformou-se para os cristãos no aniversário da Igreja, data da vinda do Espírito Santo.

Páscoa e Pentecostes eram datas relativamente fixas já na Igreja Cristã primitiva, com base no calendário judaico. Bem diferente era a situação quanto ao Natal. Durante muitos anos, uns comemoravam o nascimento de Jesus no dia 25 de dezembro e outros no dia 6 de janeiro. No Concílio de Nicéia, em 354, finalmente fixado o dia 25 de dezembro para o Natal. Esta data era uma festa pagã no Egito, dedicada ao deus Sol Invicto. Assim, com cristianiza-ção do Império Romano, substituiu-se a festa pagã do deus Sol pela festa do nascimento de Jesus, o Sol da Justiça (Ml 4.2), celebrando a entrada de Cristo no mundo. No dia 06 de janei-ro passou a ser comemorada a visita dos magos, sendo este dia conhecido como Epifania, dia da aparição ou dia dos reis magos. Com o Natal outra vez aconteceu o que observamos na Páscoa: a festa do nascimento de Jesus criou uma época de preparação e expectativa, o Ad-vento, com seus quatro domingos, e também uma época de júbilo, os domingos após Epifania.

São também datas antigas do calendário do Ano Eclesiástico a Festa de São João (24 de junho) e a Festa dos Apóstolos Pedro e Paulo (29 de junho). Com o tempo, os demais após-tolos, a mãe de Jesus, mártires e outras pessoas de vida exemplar também passaram a ser lem-brados. Esta recordação geralmente se ligava ao dia da sua morte. Tendo aumentado o número dos santos, foi instituído, na Idade Média, o Dia de Todos os Santos (1º de novembro). Para o dia 2 de novembro foi fixado o Dia de Finados.

Posteriormente, nas Igrejas Reformadas, foi extinto o culto aos santos, sendo destaca-da mais a Sexta-Feira Santa, que resgata o signifIcado da obra salvífica de Cristo. Outras ino-vações foram a Festa da Colheita e o Dia da Reforma (31 de outubro). A primeira sexta-feira da Paixão foi fixada como o Dia Mundial da Oração. O segundo domingo de dezembro foi fixado como Dia da Bíblia. Os católicos celebram em setembro o Mês da Bíblia. O Conselho Mundial de Igrejas promove anualmente ainda a Semana da Oração pela Unidade dos Cristãos na semana que antecede o Pentecostes. São inúmeras as festas cristãs celebradas anualmente em nível local e mundial, relembrando a história de Jesus e a história da Igreja a fim de relaciona-la com a nossa história.

Mesmo que em cada festa cristã celebremos um acontecimento específIco da história do agir de Deus conosco, vale ressaltar que para os cristãos cada domingo é um dia do Se-nhor, um dia de Páscoa. A Igreja só existe por causa da Páscoa. Nisto está fundamentada a fé diária e também todas as celebrações do Ano Eclesiástico.

Dr. Tácito da Gama Leite Filho   é escritor, autor de 84 Livros; doutor em Teologia (Pontifícia Universidade Católica - RJ); doutor em Psicologia (Florida Christian University, Miame - FL - USA); fundador e diretor do CETEO - Centro de Estudos Teológicos Brasileiro - www.ceteo.com.br .

 

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