A arte de dizer "não"

A arte de dizer "não"

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:32

Uma das questões muito discutidas hoje como causa de alguns distúrbios psicológicos modernos é a ausência de desilusões que nós, pais, provocamos em nossos filhos. Todos precisamos, desde muito cedo, nos deparar com decepções. Necessitamos ser contrariados, precisamos de regras e punições caso não as cumpramos. Porém, a vida moderna, e conseqüentemente a falta de tempo com os nossos filhos, provoca involuntariamente em nossa consciência a vontade de satisfazer todos os desejos que eles têm. Contrariá-los, muitas vezes, nos traz um desconforto muito grande.

Algumas pesquisas estão comprovando a teoria de que, historicamente, os principais males psicológicos que afligem as nossas crianças começaram a surgir depois que a sociedade começou a cobrar ainda mais dos homens profissionalmente e exigir que as mulheres começassem a ter uma presença mais efetiva no mercado de trabalho, modificando o convívio familiar. Os filhos só têm contato com as regras da família no período noturno, quando encontram o pai e a mãe. Porém o tempo é curto e eles, pais, também precisam conversar e manter a vida social, quando é possível, pois reuniões e imprevistos no trabalho muitas vezes impedem um dos dois ou ambos de ter vida social.

Esse contexto familiar inibe os confrontos sadios de limites entre pais e filhos que são necessários. Os acordos de cumprimento de regras muitas vezes são quebrados para que tenhamos um maior conforto em nossas consciências de pais. "Se não temos tempo para eles, pelo menos não os decepcionamos." Isso é o que se passa em nosso subconsciente.

Porém, esse pensamento, na maioria dos casos involuntário, não traz boas conseqüências para a formação psicológica das crianças, pois elas necessitam dos nossos "nãos". Assim, se você realmente quer formar um grande ser humano é necessário aplicar o tão evitado "não".

Seguem abaixo algumas dicas:

Imponha os limites e regras desde os primeiros meses de vida. Analise com o seu cônjuge todas as regras antes de colocá-las em prática para que, depois, você não precise mudá-las ou eliminá-las. Classifique as questões prioritárias: higiene, alimentação e educação, por exemplo. Deixe para negociar com os filhos os assuntos fúteis. Eles precisam que em alguns momentos a opinião deles prevaleça. Nunca faça "vistas grossas" para uma condição pré-estabelecida e prioritária. Isso irá provocar as exceções que depois viram regras. Ouça as argumentações dos seus filhos e explique quantas vezes forem necessárias os motivos de as regras existirem, sempre mencionando a importância delas para eles próprios e evitando saídas como "Porque eu quero", "Porque todo mundo faz assim", "Porque você é pequeno", "Porque sim" etc. Seja um exemplo: caso você precise transgredir alguma regra, explique o motivo. *Wagner Marcelo Sanchez é diretor acadêmico da Faculdade e Colégio Módulo e especialista em educação.

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