Agora ele é o lado sentimental, e ela o racional

Agora ele é o lado sentimental, e ela o racional

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:25

Depois de dez anos de namoro, Giovana Batistella, 30 anos, e Robson Raineri, 40, resolveram se casar. Para ela, uma ida rápida ao cartório oficializaria a união de forma prática. Mas ele, romântico confesso, queria uma cerimônia de troca de alianças grandiosa, com a noiva chegando de helicóptero no local do casamento, um sítio. Depois de muita conversa, ela convenceu o namorado a deixar de lado a ideia da aeronave, optando ambos por uma subida ao altar mais convencional. Assim, o casamento foi marcado para o final de 2012.

O casal evidencia transformações sociais das últimas décadas, que amplia as possibilidades comportamentais para homens e mulheres – e sem dedos apontados. “Estamos caminhando para uma sociedade mais igualitária na expressão e na busca do equilíbrio entre os gêneros”, analisa a psicóloga e terapeuta de casais Margarete A. Volpi, explicando que a maneira de uma pessoa se comportar não está necessariamente ligada ao sexo dela.

De alguma forma, os casais que invertem os papéis tradicionais colocam em xeque a teoria propagandeada pelo best-seller de autoajuda “Homens são de Marte, Mulheres são de Vênus” (Editora Rocco). Com mais de 40 milhões de exemplares vendidos no mundo todo, o livro escrito pelo terapeuta John Gray generaliza ao dizer que eles e elas são diferentes em tudo, inclusive no jeito de amar. Na obra, homens são descritos como objetivos e menos afeitos a demonstrar seus sentimentos. Já as mulheres se comportam de forma oposta, sendo mais emocionais e afetivas. Talvez as características essencialmente femininas e masculinas sejam mesmo essas, mas na vida real os personagens não são tão óbvios assim.

Robson, por exemplo, faz questão de demostrar seu afeto, inclusive com gestos grandiosos, como levar a namorada para Nova York só para surpreendê-la com um pedido de casamento em plena Estátua da Liberdade. “Eu não tenho vergonha de demonstrar meus sentimentos. Não me importo com o que os outros vão achar”, diz o empresário. Giovana também contraria a tese de Gray. “Eu não consigo ser muito pegajosa, eu não sou muito romântica, de ficar de grude toda hora. Eu não consigo ser assim, eu sou mais realista”, conta.

A psicóloga e hipnoterapeuta Viviane Scarpelo acredita que a independência feminina e a diminuição dos preconceitos estimularam formas mais autênticas de agir. “Num aspecto geral, homens e mulheres sentem-se livres atualmente para viverem da maneira que consideram mais confortável e até mesmo mais saudável. Não existe uma receita de casal e família perfeitos”, avalia.

Cérebros trocados

Não é de hoje que a neuropsicologista inglesa Anne Moir defende que o sexo cerebral pode não ser igual ao do corpo. De acordo com sua hipótese científica, homens mais emocionais poderiam ter o cérebro feminino, e mulheres mais racionais, o cérebro masculino. Essa diferenciação neurológica supostamente ocorreria antes de virmos ao mundo, durante a gestação, devido ao nível de exposição dos bebês ao hormônio testosterona.

“Na gravidez, quanto mais o feto é exposto à testosterona, mais o cérebro dele se organizará como masculino, quanto menos ele é exposto ao hormônio, mais feminino será o cérebro”, esclarece Anne sobre a ação da substância hormonal produzida pelo homem, mas também presente no corpo da mulher. A neuropsicologista criou até um teste para que qualquer um possa ter pistas sobre a tendência de seu sexo cerebral. [clique para fazer a avaliação e descubra]

Diferenças que se completam

As diferenças geralmente são benéficas para uma relação, desenvolvendo um bom equilíbrio. “Os casais se formam exatamente porque um vê o outro como um espelho, no qual enxerga características similares. Mas há também a necessidade de encontrar no companheiro elementos que faltam na gente, que nos completam”, aponta Viviane. A especialista ressalta ainda que as necessidades do dia a dia é que vão determinando o comportamento dos parceiros e a dinâmica do relacionamento. “Cada casal constrói o seu próprio DNA, que determina e se ajusta de acordo com as transformações naturais da vida em comum”, complementa Margarete.

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