Choro, manha e medo: aprenda a lidar com a birra do seu filho

Choro, manha e medo: aprenda a lidar com a birra dos filhos

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:10

Ele se joga no chão toda vez em que você não quer comprar um brinquedo, mexe em tudo o que vê pela frente na casa dos seus amigos, chora quando não quer comer e às vezes até responde às suas críticas. Acredite, não é impossível mudar algumas atitudes inadequadas das crianças. Basta ter jeitinho, saber dar o exemplo e criar coragem para falar “não” sempre que for necessário.

“Os pais devem entender que as características de personalidade podem ser mudadas. Se você tem três filhos e um é mais rebelde e questionador, não pense que ele tem um gênio forte e não dá pra reagir. Quando a gente pensa em ser humano, sempre tem o que fazer e sempre há o que aprender”, explica Rita Calegari, psicóloga do hospital São Camilo.

Na hora de controlar e ensinar o seu filho, é importante manter a calma e falar apenas o necessário. “A cada hora de aula ou palestra, os adultos guardam sete minutos. Imagine uma criança? A conversa precisa ser objetiva, curta e prática até os três anos. ‘Ontem eu não gostei que você se jogou no chão. Achei muito feio e fiquei com vergonha’. A partir dessa idade, ele já consegue imaginar e é importante que os pais tragam exemplos. ‘Já pensou se cada vez que a mamãe se jogasse no chão cada vez que tivesse um problema no trabalho? O que você ia achar?’”, aconselha Rita.

Pensando nisso, o Terra listou situações comuns para você aprender a lidar com a birra do seu filho. Confira a seguir.

Fazer manha para comer

Motivo: há vários motivos para que a criança faça birra na hora das refeições. Na maioria dos casos, é ansiedade materna, já que as mães colocam uma questão amorosa na alimentação. “A criança come o que precisa e às vezes não é o suficiente para a mãe. O primeiro gosto que sentimos é doce por causa do leite materno e por isso temos dificuldade em migrar o paladar para o salgado. O que acontece é que a criança não quer comer arroz, feijão e legume, e aí com medo de que ela passe fome, a mãe dá bolachinha ou leite com achocolatado”, justifica a psicóloga.

Com agir: por mais difícil que seja, pare de dar comida até seu filho pedir. Nenhuma criança que tenha comida em casa vai passar fome. Além disso, elas aprendem que comer é motivo de conforto para os pais. Por isso, esqueça as bolachinhas ou lanchinhos entre as refeições. Isso estraga o apetite e dificulta a adaptação do paladar.

Medo de dormir sozinho

Motivo: crianças têm um lado imaginativo muito sensível. É nessa fase da vida em que o mundo parece assustador, em que é difícil entender o motivo dos acontecimentos e em que a mente fantasia várias situações. Normalmente, o medo de dormir sozinho é gerado por algum filme, cenas de novela ou explicação irônica dada pelos pais. “Para uma criança, ver uma briga na televisão é diferente do que para um adulto. Às vezes nós pioramos as ansiedades e inseguranças infantis. A infância é um período assustador e você acredita em tudo o que todo mundo fala”, explica Rita.

Como agir: o primeiro passo é não estimular o hábito de a criança dormir com os pais, já que isso limita a intimidade do casal e torna o filho mais dependente. Mas antes de fazer com que ele durma sozinho, é preciso descobrir as causas do medo para conversar e esclarecer a situação. Além de dar segurança, os pais devem afastar os filhos de qualquer programa com cenas inapropriadas para a sua idade.

Chorar e fazer escândalo em lugares públicos

Motivo: a birra é a incapacidade que a criança tem de lidar com a frustração. Por isso, se ela quiser um brinquedo que não vai ganhar ou desejar ir para algum lugar que não vai poder, é comum que reaja dessa forma.

Como agir: nesses casos, não adianta tentar fazer a criança parar na hora em que está fazendo escândalo ou ceder aos pedidos. A melhor coisa é ignorar e observar o seu filho. “Não adianta acalmar, conversar ou negociar. O melhor é ficar em silêncio e esperar. Ela vai chorar até cansar. Alguns pais entram em desespero e fazem o que a criança quer, mas isso não educa e nem resolve. A criança quer fazer um espetáculo, mas se ninguém assiste, não tem graça”, explica a psicóloga. Outro erro é tentar colocar a criança em pé quando ela se joga no chão. O melhor é falar com frases curtas e objetivas, como “não vou ficar aqui assistindo por que é muito feio isso”. Depois, quando ela se acalmar, você explica o que não gostou de forma clara e rápida.

Retrucar os pais

Motivo: até os dez anos, os filhos só retrucam os pais por um motivo: imitação. Esse é um comportamento frequente na adolescência, mas quando acontece na infância, nada mais é do que uma cópia dos adultos. “Às vezes a relação do pai e da mãe é dessa forma, às vezes a criança é criada com a avó e a mãe reage assim, ou a empregada, ou a babá. Quando o adulto fala e a criança atropela e desrespeita, ela está observando e agindo da mesma maneira", disse Rita.

Como agir: sem dúvida, os pais servem de exemplo e as crianças aprendem observando. Não há como exigir um comportamento do filho e agir de maneira diferente. Procure evitar algumas atitudes ou diálogos perto dos filhos. "Uma das coisas que mais funciona em educação é dar o exemplo. Como você vai educar uma criança com birra? Os pais não podem ter birra. Como educar para que se alimente bem? Os pais devem se alimentar bem. A criança observa e imita o comportamento", afirmou a psicóloga,

Não emprestar os brinquedos

Motivo: a criança nasce egoísta e aprende a dividir com o tempo. Por isso, não querer emprestar o brinquedo é comum até os três anos de vida. A partir dos quatro anos, o comportamento deve começar a mudar para que a criança aprenda a socializar, trabalhar em grupo e não ter problemas na vida adulta.

Como agir: é preciso conversar e entender os motivos para que seu filho não queira dividir os brinquedos. Às vezes ele não quer emprestar porque é castigado pelos pais ou até mesmo porque prefere guardar um carrinho preferido, mas não se importa em dividir os demais. “É importante que os pais estimulem desde pequeno. A criança nasce para ser lapidada e educada. Tem uma série de comportamentos infantis que são normais, mas precisam ser corrigidos pelos pais. Não dividir só passa a ser realmente um problema após os sete anos, quando a criança está em idade escolar”, explica Rita. Nesses casos, o melhor é procurar orientação com um profissional.

Mexer em tudo na casa de amigos

Motivo: para a criança, a família representa o ambiente externo. Então antes da casa do vizinho, é preciso ter limite na própria casa. Se ela tiver liberdade para mexer em tudo o que encontrar na sala, cozinha e nos quartos, vai fazer o mesmo em qualquer outro lugar.

Com agir: é natural que as crianças toquem em tudo quando começam a andar. A partir desse momento, os pais devem limitar e avisar o que pode e o que não pode ser feito. “Em alguns casos, os pais tiram tudo da casa. Até concordo que alguns objetos, como vidro ou coisas pontiagudas, devam ser retirados. Mas algumas coisas devem ficar ali para ela aprender que não pode”, afirma Rita. As crianças devem ouvir o não muito cedo para que se acostumem com a ideia de não ter tudo o que querem. Ainda assim, leva um tempo para que elas entendam o que deve ser feito. De acordo com a especialista, antes de um ano, a criança é capaz de imitar o não com a cabeça. Aos dois anos, ela começa a entender o que significa, mas só depois dos quatro ela vai se comportar adequadamente e obedecer aos pais.

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