Comprou a casa, mas perdeu o casamento

Comprou a casa, mas perdeu o casamento

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:25

Sua voz era calma, porém triste. Falou cerca de trinta minutos. Sua história era como a de muitos outros. Falou-me sobre o seu casamento de 23 anos. Tiveram dois filhos. Ligou para mim na tentativa de recuperar seu casamento. Contou-me sobre os seus anos de trabalho para comprar a casa da família. Comprou a casa, mas perdeu o casamento. Falei que seria possível sim, com a graça de Deus e cooperação de ambos, sob muito trabalho, recuperar o amor da esposa que se esfriara. "Pastor, é possível um amor de 23 anos acabar?", perguntou-me. "Sim", respondi. Amor, se não for nutrido todos os dias, tal como uma flor que precisa de água, sol e cuidados diários, sucumbe. Morre de inanição.

Disse-lhe que um casamento é possível de se recuperar, desde que ambos estejam dispostos e acreditarem que Deus pode restituir o amor. Caso contrário, não seria possível. Propus uma terapia de casal. A esposa, segundo ele, não estava disposta a essa jornada. Propus então uma terapia, para, pelo menos, fazer o desenlace do casamento, de uma forma madura e consciente. Nessa terapia uma última tentativa poderia ser feita para salvar o casamento.

É com tristeza que recebo esse tipo de telefonema de quando em quando em nosso ministério.É uma pena que casais procuram ajuda somente quando a infecção conjugal já está generalizada.

Se muitos casais, que hoje estão se separando, tivessem procurado ajuda no inicio da crise conjugal, muitos divórcios seriam evitados. Seria bom se as pessoas tratassem as relações humanas como muitas vezes tratam as enfermidades.

Casamentos, como o corpo, podem adoecer. Precisam de tratamento. De ajuda de um profissional. De repouso, de remédio. De terapia. Às vezes de internação!

No caso do nosso personagem a causa da morte conjugal foi o trabalho. Muito trabalho. Excesso de trabalho. A casa foi comprada, mas o casamento foi pelo ralo. Por quê? Porque quando se trabalha demasiadamente, não sobra tempo para estar junto do cônjuge. Não sobra tempo para beijar. Para namorar. Para passear. Sobra cansaço, estresse e apatia.

É uma pena que existam muitos casamentos assim em nossas igrejas. Casamentos que sangram, sem se serem cuidados ou conscientes de que necessitam de ajuda. Casamentos de gente simples. De diáconos. De pastores. De engenheiros. De médicos. De missionários.

Gente que acha que o casamento não ficará enfermo, mesmo que o excesso de trabalho seja para a própria família. Gente que acha que casamentos subsistirão mesmo que o trabalho seja para a igreja, para a obra missionária, para a denominação.

Nosso personagem comprou a casa, mas perdeu o casamento. Outros conseguem uma boa clientela, mas perde a pessoa que deveria ser a mais especial de sua vida, seu cônjuge. Existem outros que conseguem ter uma igreja pujante e de centenas de membros, mas seus casamentos gritam por socorro.

"Pastor, comprei a casa, mas perdi o casamento!". Essa frase ficou na minha mente. Que adiantou? Que adianta ter sucesso na vida profissional e eclesiástica, mas perder aquilo que Deus criou para ser belo e para sempre?

Por: Pr. Gilson Bifano

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