Conduzir os filhos nas transições da vida é um privilégio dos pais

Conduzir os filhos nas transições da vida é um privilégio dos pais

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:29

Ontem, hoje e amanhã

Imagine-se dirigindo numa estrada do interior com seu filho adolescente ao lado. De repente, você diminui a velocidade e pára no acostamento. Seu filho olha para você e pergunta: "O que aconteceu, papai?" Você responde: "Filho, vamos trocar de lugar? Você vem pra cá e dirige." O semblante do garoto torna-se uma mescla de prazer e medo. Ele se senta, toma a direção em suas mãos, depois engata o carro, que começa vagarosamente a se mover.

Seu coração e o dele estão mais acelerados do que o próprio carro. Entre um tranco e outro, você, com calma, vai dando as instruções de como dirigir. Esta atitude significou que você confia nele a ponto de colocar o carro (e a vida) em suas mãos!

A importância de estar disponível

É privilégio dos pais conduzir seus filhos através das fases de transição da vida. Haverá várias primeiras vezes para muitas coisas. A primeira vez de ficar sozinho em casa; a primeira vez de utilizar um talão de cheques ou um cartão de crédito; ou a primeira vez de se barbear. Todos esses momentos são muito importantes para os filhos. E, como pais, é importante que estejamos ao lado deles. Sem dúvida alguma, um instrutor de auto-escola poderia ensinar seu filho a dirigir, possivelmente até melhor do que você. No entanto, há alguma coisa de especial, de mágico quando um filho aprende este tipo de coisa com o pai.

Para que haja uma transição bem-sucedida da adolescência para a idade adulta, o filho precisa de um pai que:

o ajude a entender o mundo;

o encoraje no momento de enfrentar a competitividade;

o incentive a ser criativo;

o estimule a desenvolver um senso de discernimento para tomar decisões corretas.

Na medida em que os pais, quando garotos, também passaram por todas essas etapas, eles sabem exatamente a dificuldade da transição. Mesmo que não tenham tido pais que os ajudassem, eles podem saber onde mais se precisa de apoio. Essa fase também deve ser aproveitada para ajudar a desenvolver o caráter dos filhos. O papel do pai não é somente importante - é essencial.

O prazer da descoberta

Os meninos precisam desenvolver seu senso de curiosidade e atiçar suas capacidades investigativas. O mundo está lotado de fascinantes mistérios que só aguardam ser desvendados. Os pais podem impulsionar seus filhos a decifrar esses enigmas, fazendo-lhes perguntas que os direcionem a encontrar a verdade em seu próprio ritmo e do seu próprio jeito. Faça perguntas tipo:

Por que a lua tem fases?

Por que o musgo nasce na face norte de uma árvore?

Por que os bueiros são redondos?

Não são as perguntas, em si, que irão construir um caráter, mas o fato desses meninos serem questionados os impulsionará a descobrir o que lhes foi solicitado e lhes ampliará o horizonte, mostrando a enorme diversidade que os cerca. Esta curiosidade, sendo despertada, os conduzirá a um mundo de maior profundidade interior. Naturalmente, há áreas em que não vamos querer que nossos filhos descubram sozinhos, como sexo e drogas. Nestes casos, os pais precisam oferecer respostas confiáveis e dar a eles boas razões para que façam escolhas acertadas.

O poder da competição

Uma segunda característica que deve ser desenvolvida nos meninos é uma competição saudável. Muitas lições são adquiridas quando se estabelecem alvos e há esforço no sentido de atingi-los, seja na escola, em esportes ou em outras áreas. Tanto o ganhar quanto o perder o prepararão para enfrentar o mundo real e o ensinarão a não se conformar com a mediocridade. Um espírito competitivo saudável também o ajudará em sua vida espiritual, quando tiver que lutar com tentações, assumir compromissos e se posicionar quanto ao bem ou ao mal Esta transição é uma época delicada tanto para os pais quanto para os filhos. O desafio é criar filhos que vão se esforçar para dar o melhor de si, mas, por outro lado, sabem que, se fracassarem, continuarão a ser amados do mesmo jeito. Uma forma de demonstrarmos a eles nosso amor incondicional é celebrarmos suas vitórias, mas também ajudá-los a, pacientemente, aprender com seus erros.

"Filhos precisam de pais que os ajudem a entender o mundo, a enfrentar a competitividade, a ser criativos e a tomar decisões corretas"

O valor da criatividade

Imaginação é algo que muitos de nós acabamos deixando para trás. Existe uma crença popular de que imaginação e criatividade vão contra o estereótipo do macho man, mas isto está totalmente errado. Homens saudáveis, cristãos consagrados, precisam de criatividade para ser maridos atenciosos, pais sensíveis, empresários de visão, pesquisadores de ponta, pastores zelosos, enfim, para serem profissionais bem-sucedidos em toda e qualquer área de atuação.

Incentive e direcione a imaginação de seu filho desde cedo, e ele terá um vasto campo a percorrer. Encoraje seus sonhos e aspirações. Dê-lhe tempo e espaço para explorar sua capacidade mental. Dê-lhe a maior força para atividades como arte, música e literatura (tanto para ler quanto para escrever), pois, através delas, todas as outras áreas de sua vida serão beneficiadas.

A responsabilidade das escolhas

Outra área que deve ser nutrida pelos pais de meninos é o discernimento. O discernimento de um garoto desenvolve-se na medida em que o pai, de forma honesta, explica a ele as conseqüências das escolhas da vida. Converse com eles sobre caráter, liderança, fé e o impacto de uma atitude, boa ou má. Este clima certamente influenciará o filho em sua própria tomada de decisões, e deve abrir seus olhos para que assuma responsabilidade por suas escolhas.

Por outro lado, nossos filhos também sabem que não somos perfeitos.

Somos humanos, vamos errar e, muitas vezes, também erraremos com eles. Uma das situações que mais nos aproximam é quando, humildemente, reconhecemos nossos erros e pedimos perdão, principalmente ao filho adolescente.

O valor do toque amoroso

Como também fomos garotos, ocorre uma identificação natural com nossos filhos e, provavelmente, também apreciamos as mesmas atividades. Apesar desta identificação, verdade seja dita, existe uma grande distância no relacionamento entre pai e filho. Em minha própria vida foi assim.

Quando eu era pequeno, ficava horas trabalhando com meu pai. Porém, nunca chegamos a conversar mais profundamente e, que eu me lembre, nunca recebi um abraço sequer dele.

Em um estudo realizado sobre educação de filhos, as atitudes dos pais que mais colaboraram para o desenvolvimento da auto-estima de seus filhos foram toques afetivos, tanto para as meninas quanto para os meninos. A expressão deste toque é que é um pouco diferente. Em relação às meninas, os toques são delicados.

Já aos meninos, evidenciam-se mais em rolar no chão com o papai, em dar socos, fazer quebra-de-braço etc.

Porém, isso não elimina, de forma alguma, o fato de os meninos também precisarem ser abraçados e beijados.

Hoje à noite, ao voltar para casa, abrace seu filho. Lembre-se: uma vez que comece, será muito mais fácil abraçá-lo novamente. Daqui a alguns anos - que passarão em um instante - ele estará abraçando os próprios filhos. Desta forma, você terá estabelecido em sua família um dos hábitos mais saudáveis que existem e que, se cultivados, continuarão a passar de geração em geração.

Escrito por: Ken Canfield - presidente do Centro Nacional de Pais. É autor do livro Spiritual Secrets of Faithful Fathers (Os segredos espirituais dos pais fiéis). É pai de cinco filhos. Texto extraído da da edição maio/junho de 1999 da revista Christian Parenting Today. Publicado sob permissão (tradução: Iara Vasconcellos).

Sugestão de leitura Manual de sobrevivência para pais de adolescentes, de Lúcio Barreto Júnior (Getsêmani)

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