Disciplina de filhos: amor ou crueldade?

Disciplina de filhos: amor ou crueldade?

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:28

Disciplina de filhos, principalmente a forma como ministrá-la, é uma das áreas mais polêmica dos meus seminários. Existe, atualmente em nossa sociedade, uma forte corrente que pretende banir o uso da vara do relacionamento pais & filhos. Não tenho dúvidas de que grande parte desse sentimento parta de uma sincera preocupação com o bem-estar da criança. Sei que há pais que não disciplinam, mas espancam seus filhos. O abuso infantil sempre foi e continua sendo uma triste realidade.

Seguindo esse raciocínio há vários argumentos utilizados contra o uso da vara. Vamos examinar alguns deles, e também colocar nossa posição, em contra argumento:

Argumento 1: "A punição física é prejudicial à criança"

Contra argumento: Qualquer meio de disciplina levado ao extremo, pode ser prejudicial à criança. Até palavras, se ditas com ódio e raiva serão emocionalmente perniciosas. O castigo muito longo, também pode humilhar a criança e "colocar em risco" o efeito da punição. Uma disciplina administrada apropriadamente através do uso da vara, com amor e de forma controlada é benéfica à criança. "Não retires da criança a disciplina; pois se a fustigares com a vara, não morrerá. Tua fustigarás com a vara e livrarás a sua alma do inferno" (Provérbios 23.13 - edição revista e atualizada).

Argumento 2: "O uso da vara não é necessário"

Contra argumento: Todas as crianças precisam de doses balanceadas de amor e correção. Para que a correção detenha o comportamento desobediente, a conseqüência imposta deve ser maior que o prazer da desobediência. Para crianças desobedientes, rebeldes, que se recusam a ceder com uma comunicação clara e não se deixam persuadir pelos pais, o uso da vara é útil, efetivo e apropriado.

Para crianças obedientes, formas moderadas de correção são suficientes e, na maioria dos casos, o uso da vara é desnecessário.

Argumento 3: "A pessoa que recebeu punição física, pode se sentir no direito de bater em outras pessoas"

Contra argumento: Neste ponto devemos fazer uma distinção entre o bater abusivo e a disciplina corretiva. A habilidade da criança em diferenciar as duas formas de disciplina depende basicamente da atitude dos pais quando a disciplinam. Não existem indícios que mostrem que a disciplina com amor, através do uso de um objeto (chinelo, varinha, etc) na "padaria" de uma criança desobediente, transmita um comportamento agressivo.

O ponto crucial é a forma como a vara está sendo usada. O abuso físico proveniente da raiva, da falta de controle, da vingança dos pais, pode cultivar amargura e gerar feridas emocionais na criança. A ação disciplinar balanceada e prudente tem sido mostrada como fator determinante na moderação do comportamento agressivo na maioria das crianças. No entanto, é importante ressaltar que o uso da vara só deve ocorrer após uma clara comunicação entre os pais e a criança e se a criança continuar a insistir em sua rebeldia e desobediência.

Argumento 4: O uso da vara é ineficiente para reverter um mau comportamento

Contra argumento: São muitas as pessoas que pensam desta forma, dizendo que o uso da vara acirra o comportamento inadequado, não produzindo arrependimento e conseqüente correção de comportamento.

Porém, quando combinado com amor, comunicação e motivo, a disciplina física tem diminuído o mau comportamento entre crianças em idade pré-escolar. Esta afirmação provém do resultado de uma pesquisa realizada pela dra. Diana Baumrind do Instituto de Desenvolvimento Humano, da Universidade da Califórnia (Berkley). Ela conduziu por 10 anos uma pesquisa junto a famílias com filhos entre 3 a 9 anos de idade. O resultado revelou que os pais que utilizavam uma disciplina balanceada, incluindo o uso da vara, e encorajavam positivamente seus filhos, obtiveram melhores resultados com suas crianças, as quais tiveram comportamentos corrigidos e, posteriormente, conscientemente evitados pelas crianças.

Bater de forma impulsiva, sem controle é inquestionavelmente errado! Eliminar o uso de disciplina diante da rebelião e desobediência, também é errado. Quando o uso efetivo da vara é retirado do repertório de disciplina dos pais, eles se deparam com irritação, manipulação, brigas e berros já que as primeiras medidas de comunicação e persuasão falharam.

No entanto, o uso apropriado da vara, revesado com outros tipos de disciplina (como retirada de privilégios) resultam em melhor controle da criança rebelde e desobediente, reduzindo também os momentos de exasperação.

Porém, todavia, contudo.... deve haver clara distinção entre o uso da vara como disciplina e correção e a maneira abusiva e prejudicial de uma punição física exagerada e inadequada. Não existem evidências de que o uso correto e amoroso da vara seja prejudicial à criança. Pelo contrário, sua utilização é apoiada por histórias, pesquisas e pela maioria dos médicos pediatras. A Bíblia, quando se refere à disciplina de filhos, é clara quanto a lidar com a rebelião e desobediência: "A insensatez está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a livrará dela" (Provérbios 22.15).

O futuro da família está em jogo! Sem um claro entendimento das responsabilidades que Deus nos deu de amar e disciplinar nossos filhos, a filosofia de que corrigir é repressão e atrofia a vontade da criança acabará ampliando e conseguindo cada vez mais adeptos, inclusive no Corpo de Cristo. Disciplinar uma criança dentro dos padrões bíblicos dá trabalho, exige tempo e força de vontade dos pais. O resultado, porém, é apontado pela Palavra: "Discipline seu filho, e este lhe dará paz; trará grande prazer à sua alma" (Provérbios 29.17).

A família precisa dos princípios claros do "Arquiteto do lar" para ser preservada em tempos de desafios e mudanças, como os atuais.

Jaime Kemp é doutor em ministério familiar e diretor da Sociedade Religiosa Lar Cristão. Foi missionário da Sepal por 31 anos e fundador da missão 'Vencedores Por Cristo'. É palestrante internacional e autor de 40 livros. Casado com Judith, é pai de três filhas e avô de dois meninos.

 Sugestão de leitura: Não fale de boca cheia, Suzana Doblinski e Albertina Ruiz - Editora Mundo Cristão

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