E quando a culpa é da nora?

E quando a culpa é da nora?

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:10

Segundo os parachoques de caminhão, são os homens que mais se incomodam com elas. De acordo com uma pesquisa da universidade de Cambridge, no entanto, quem mais reclama mesmo são as mulheres: 60% das noras contra 15% dos genros estudados pela psicóloga Terri Apter tinham problemas com as sogras. Mas será que o direito à reclamação é sempre dos genros e noras, nunca das sogras? A mesma pesquisa, que deu origem ao livro "What Do You Want From Me?" (sem título em português), aponta que noras e sogras reclamam umas das outras em proporções idênticas. Como as duas são feitas da mesma carne e osso que o restante da humanidade, reclamações divididas são um bom indício de que, se às vezes quem exagera é a sogra, outras quem azeda a relação é a nora. Mesmo que não ganhe fama nos parachoques.

Para a psicoterapeuta familiar Elisabete Meneses, a imagem da sogra problemática é uma construção cultural. Ainda que ganhe respaldo psicanálitico diante da hipótese recorrente de que a sogra pode ver na nora uma ameaça que tenta "roubar-lhe" o filho, isso não significa que esse seja um problema padrão das sogras, muito menos que elas sejam as únicas que podem encontrar obstáculos na relação. "Não existe um papel mais ou menos problemático no triângulo nora-sogra-filho. Os indivíduos vão se comportar de acordo com as relações que construíram ao longo da vida. A mãe pode ser ciumenta, o filho pode ser dependente e a nora pode ser territorialista antes mesmo de o casal se formar", diz. "Quando todos partem de relações saudáveis, é difícil criarem neuroses pelo simples fato de construírem uma família".

Desta forma, a chance de uma sogra ser problemática é a mesma de a nora ser a causadora dos azedumes. A advogada Sueli Paiva Souza, 52, sabe muito bem que nem todas as noras são iguais. "Minha nora é como se fosse uma filha para mim. Somos amigas, nos damos muito bem e compartilhamos um enorme interesse em comum, que é o bem-estar do meu filho", afirma. Mas antes de ter a nora dos sonhos, Sueli viveu em pé-de-guerra com a primeira mulher de seu filho. "Ela era ciumenta ao extremo. Achava que eu estava tentando competir pelo amor do meu próprio filho. Atribuía segundas intenções a tudo que eu dizia. Chegamos a brigar feio", conta. Segundo a advogada, sua primeira nora sempre dava viagens-surpresa de presente para o marido no aniversário, por exemplo, apenas para que a família não participasse da comemoração. Também proibia que ele passasse Dia das Mães e Natal longe da família dela. "Era muito desagradável".

Encarar a relação com a sogra como uma competição é um dos erros mais comuns das noras, diz a psicóloga Elisabete Meneses. "Muitas mulheres já entram nessa relação na defensiva, e a partir daí tudo é motivo para transformas pequenos atritos e mal-entendidos do cotidiano em grandes problemas que podem minar a relação".

Como ser uma boa nora

A consultora de etiqueta e marketing pessoal Ligia Marques concorda que uma nora competitiva é a campeã de gafes. Mas que tentar agradar a qualquer custo, mesmo sendo falsa, também não ajuda. "O maior erro é mesmo não deixar as coisas claras desde o princípio, ou seja, no início deixam a sogra dar muito palpite, dividem com ela segredinhos sobre características do filho e depois querem que ela pare de se intrometer de uma hora para outra. Um leve distanciamento é bom para o casal", opina. O ideal, na opinião de Ligia, seria ser gentil e prestativa desde o início, mas sem forçar a intimidade nem dar abertura para que ela o faça.

Mas como saber se é você quem está causando os atritos na relação? "Aí temos que fazer uma boa autocrítica pensando no que a sogra poderia ter razão. Lembrar que temos que respeitar opiniões alheias e ver se estamos invadindo limites que não deveríamos. Sugerir um equilíbrio de dedicação por parte do marido/namorado é o melhor caminho".

Para ajudar, a consultora dá algumas dicas práticas sobre o que fazer na primeira visita à sogra, que podem colaborar para uma relação cordial.

1. Devo levar presente? O quê? Sim. Flores são o ideal. Um vasinho pequeno. Nada exagerado.

2. Posso oferecer ajuda? Como? Sim, mas se sentir que o ambiente é bem informal. Oferecer-se para ajudar a tirar a mesa, por exemplo, só se for numa refeição simples.

3. É bom pedir para ver fotos antigas? Não aconselho. Dará muita brecha a uma intimidade maior num primeiro momento. Deixe para mais tarde.

4. Posso fazer perguntas sobre a família? Sem problema, mas sem exagerar.

5. Posso chamar pelo primeiro nome? Se pedir autorização antes e vir que ela é mais jovem...

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