Papai, mamãe, irmão mais velho, bebê recém-nascido, avós e até a bicharada. Todo mundo foi parar na traseira dos carros, em adesivos de bonequinhos com traços infantis que representam os membros da família. É só dar um passeio rápido nas ruas para descobrir como são os lares do donos dos veículos a nossa volta. A moda espalhou-se rapidamente por todo o Brasil e é bem provável que você já tenha pensado no assunto. Seja porque gostou da ideia ou porque nem cogita expor seus filhos dessa maneira.
Sem imaginar a repercussão que teria, o designer Germano Spadini criou seu primeiro adesivo da família há três anos, ao descobrir que sua esposa estava grávida do primeiro bebê. Os amigos e familiares gostaram da novidade e, logo, Spadini percebeu que ali estava uma boa oportunidade de negócio. Quando fiz, não tinha visto em lugar nenhum. Não sei se fui o criador, revela.
No mercado desde 2003, sua empresa especializada em adesivos decorativos Job Design Criaativo, hoje vende cerca de 10 mil autocolantes de bonequinhos por mês. Com preços variando de R$ 2 a R$ 5 cada unidade, a procura é tanta que ele lançou no início de 2011 duas novas linhas, incluindo personagens cadeirantes, obesos, negros e orientais. Também é possível encomendar um pai country, uma mãe malhada e um avô churrasqueiro, por exemplo. Além da loja física no bairro do Tatuapé, em São Paulo, e da loja virtual, o empresário também distribui para casas de decoração, de artigos infantis e de acessórios automobilísticos.
O empreendedor conta que o kit de maior venda é formado pelo casal, com duas crianças e um bicho. Mas já fizemos de tudo, até uma família de mãos dadas com Jesus, diz Spadini, que chegou a confeccionar um pai falecido (o bonequinho tinha asas de anjo, a pedido da esposa viúva), um casal de cabeleireiros gays e uma família enorme, com mãe, pai, 4 filhos, avô, avó e 7 animais. Recentemente, a empresa começou a fabricar os autocolantes em tamanho real, para aplicar nas paredes de casa.
Mas como todo modismo, essa mania também tem pontos positivos e negativos. Para o psicólogo e professor da Pontíficia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Antonio Carlos Pereira, as pessoas precisam se comunicar com o mundo e compartilham o seu dia a dia com os outros desde o tempo das pinturas rupestres nas cavernas. Os adesivos são mais uma forma de comunicação e, segundo o psicólogo, as crianças vêem essa nova moda como uma brincadeira. Portanto, usar os autocolantes para personalizar o veículo ou como diversão pode ser uma atividade lúdica para adultos e crianças.
Foi com esse espírito de brincadeira que Mirian Mezzanotte Barneze, 47 anos, decorou a traseira de seu automóvel com 14 adesivos. Além dela, do marido e das três filhas, estão representados as três cachorras e os seis gatos que dividem o teto com eles em Bragança Paulista, no interior de São Paulo. Apesar de não achar que está expondo sua família, ela reconhece que os adereços chamam a atenção por onde o veículo passa. Ainda quero colocar o aquário, brinca Mirian, que até já foi reconhecida no trânsito por uma amiga por causa dos enfeites.
Mas saiba que desfilar com a família toda grudada atrás do carro não é suficiente para demonstrar orgulho aos seus filhos. As crianças percebem que os pais amam e sentem orgulho através das atitudes tomadas no cotidiano e na convivência em casa. Pereira acredita que não é preciso demonstrar esses sentimentos para o público externo e lembra que a necessidade de exposição é ainda maior nas grandes cidades. Chega a ser um paradoxo. Você não conversa nem com os vizinhos, mas abre sua vida na internet para gente que nem conhece.
A assessoria de imprensa da Polícia Militar de São Paulo afirma que não existe nenhuma estatística que relacione o uso dos autocolantes com qualquer tipo de crime. Ainda assim, o bom senso, como quase tudo em relação aos filhos, é o que faz diferença. Chen Gilad, diretor-executivo do grupo de segurança Haganá, concorda. Ele acredita que os adesivos não transmitem dados suficientes para bandidos planejarem um assalto ou sequestro e lembra que redes sociais, como Orkut e Facebook, contêm informações muito mais detalhadas. É preciso ter em mente que qualquer informação que você passa pode ser utilizada por alguém mal intencionado. Mas se você quiser esconder tudo, não vai viver. E na garagem da sua casa, essa moda já colou?
Independente de você aderir ou não à moda dos adesivos da família, vale a pena ficar de olho nas orientações de segurança para evitar assaltos quando estiver dirigindo:
- As películas escuras nos vidros são uma boa pedida, pois dificultam a visualização de quem está dento do carro. Mas preste atenção às normas legais para utilização do insulfilm
- A maior parte dos assaltos acontece entre 18h e 24h, portanto, redobre a atenção nesse período. Quarta-feira é o dia da semana de maior incidência dos crimes
- Ao parar no farol, procure posicionar o carro mais para trás e à direita na rua. Quanto mais para frente e à esquerda, maiores as chances de você ser abordado por um bandido
- Os momentos de embarque e desembarque são mais vulneráveis. Seja breve. Veículos com quatro portas e trava eletrônica geralmente agilizam o processo
- Nunca fique dentro do carro estacionado na rua. Se estiver aguardando alguém, saia do automóvel e combine um ponto de encontro em um local movimentado, como uma padaria, por exemplo.
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