Filhos adotivos têm lugar no coração dos pais desde as Escrituras

Filhos adotivos têm lugar no coração dos pais desde as Escrituras

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 3:30

Por Nany de Castro

A princesa egípcia e Moisés, Noemi e Rute, Eli e Samuel, Davi e Mefibosete, José e Jesus são exemplos de pais e filhos adotivos encontrados na Bíblia. A adoção encontra seu espaço atualmente nos veículos de comunicação, que tentam preparar pais e "filhos do coração" para uma caminhada cheia de graça, amor e dificuldades.

Segundo a psicóloga Cyntia Marques, o relacionamento da criança com sua família molda sua auto-imagem, tem papel fundamental para sua história e interação com o mundo externo. Por isso, "o relacionamento familiar é básico na vida de todo o ser humano".

O encontro

Após 6 anos de casamento e sem filhos, Siomara Gonçalves e Marcos Borges resolveram adotar seu primeiro filho, Gabriel: "Diante da dificuldade de engravidar, Gabriel chegou para nós através de uma amiga. Ainda não tínhamos nos cadastrado", afirmou Siomara. Porém, alguns anos mais tarde, decidiram ser pais do coração mais uma vez e adotaram Maria Clara. "Na verdade, Marcos e eu não tivemos dificuldade nenhuma. Gabriel e Maria Clara chegaram para nós como se viessem com uma 'cegonha'. É verdade, não os procuramos. Fomos avisados da possibilidade de adotá-los por uma amiga que ficou sabendo em relação ao Gabriel, e por uma médica que viu Maria Clara na maternidade", testemunhou o pai.

Legislação

Entretanto, nem todas as pessoas encontram tão facilmente seus filhos, segundo o advogado e presidente do Instituto de Advogados Cristãos do Brasil(IACB), Doutor Gilberto Ribeiro, para adotar uma criança é necessário ter mais de 21 anos. Se casado, o pedido deve ser feito em ambos os nomes, ser no mínimo 16 anos mais velho que o pretendido e procurar a Vara da Infância e da Juventude portando o documento de indentidade.

"A legislação brasileira, Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, é uma das mais avançadas. Por óbvio há problemas, pois como toda a lei, o ECA é uma construção humana, aplicada por humanos; contudo, considero muito razoável e creio na sua eficácia", afirma o Dr. Ribeiro.

Relacionamento

A lei não é o único quesito na adoção, o relacionamento e seu aprofundamento ainda estão nas expectativas de muitas pessoas que desejam adotar um filho.

"O  ato de adotar requer grande disposição mental e emocional, além de uma disponibilidade autêntica, é imprescindível a decisão de amar incondicionalmente, pois é desse tipo de amor que  um filho necessita. Enfim, o casal ou a pessoa que adota, precisa ter claro para si o que significa esta criança. O acompanhamento de um terapeuta familiar bem preparado é muito benéfico nesta ocasião",  define Ligia Galvão, mãe adotiva.

O fato de tratar de igual forma os filhos biológicos e os adotivos ainda geram preocupações, porém, para Sara Vargas,  mãe biológica do Lucas e adotiva de Jéssica e das gêmeas Kelly e Kathleen, isso não funciona nem com os filhos consangüíneos.

"Um grande sofisma é pensar que precisamos tratar todos os filhos da mesma forma.  Tratar com igualdade os desiguais é um dos maiores equívocos que podemos cometer.  Cada filho tem uma linguagem; um se sente amado e querido quando o colocamos no colo, outro quando paramos tudo para brincar com ele.  Também quando precisamos corrigi-los, se deixamos um sem a TV por um determinado período, isso realmente o afeta e é uma restrição eficaz para a correção, mas para o outro que não se importa com TV, não vai funcionar.  Precisamos amar a todos, e por amá-los,  sermos sábios para discernir a maneira de tratar com cada um e atender às necessidades de cada um.  No processo de educação de filhos, todos nos equivocamos eventualmente, mas quando há amor genuíno e humildade para nos retratar, com certeza, o amor nos levará a sermos bem sucedidos como pais", conclui Sara.

Depois de adotados e adaptados, ainda resta um item básico: contar para a criança sobre sua situação. Há quem prefira não passar por esses momentos, deixando que a pessoa descubra por algum parente que fale sem querer sobre o assunto, durante uma conversa familiar, ou por algum coleguinha da escola. Entretanto, não é aconselhável guardar esse segredo. "Os pais que discutem abertamente com seus filhos, que compartilhem informações sobre suas origens e, até mesmo, os ajudam, ativamente, na busca por seus pais naturais, criam adultos mais seguros de si e com um 'self' mais firme e definido. Isso, também, proporcionara à família adotiva um relacionamento mais maduro. Tornando-se, assim, mais unida", afirma a psicóloga.

Assim faz Sara Vargas com seus quatro filhos: "Costumo conversar com meus filhos sobre a necessidade de todos os filhos serem gerados no coração.  Existem muitos filhos, criados por seus pais biológicos, que são órfãos de pais vivos. Isso se dá devido à ausência ou escassez de relacionamento e afetividade dos pais em relação aos filhos.  Eles cresceram na barriga, mas nunca subiram de fato ao coração.  Precisamos conversar com nossos filhos sobre a sua história desde bebês, para que já cresçam com a consciência de que chegaram de forma especial.  Muitos filhos biológicos foram gerados sem planejamento, mas a grande maioria dos filhos por adoção foram extremamente desejados por seus pais adotivos.  A história da adoção tem de tudo pra ser uma linda história de amor"

Este conteúdo foi útil para você?

Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia

Siga-nos

Mais do Guiame

O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições