Filhos do divórcio

Filhos do divórcio

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:30

Filhos de pais que se separam têm reações físicas e emocionais que precisam ser tratadas e confortadas

Na literatura existente, encontramos muitos livros e artigos acerca da situação emocional, física e afetiva de divorciados. Entretanto, muito pouco é dito sobre os sentimentos e conflitos dos filhos antes, durante e após o divórcio. Os pais precisam entender que os filhos necessitam de conforto e consolo nessa situação. Muitas vezes, durante o processo de divórcio, os filhos passam a ser tratados e considerados como objetos da partilha de bens. Discute-se quem ficará com eles como se estivessem falando sobre o carro, o apartamento etc. Quando falamos em consolo e conforto, não é dizer para a criança que está tudo bem, que nada mudará ou algo semelhante. Ela precisa sentir que os pais compreendem a situação e o sofrimento que ela atravessa. Determinados estágios emocionais ocorrerão, a despeito de sua fé ou crença.

1- Medo e ansiedade

É a primeira reação que acomete a criança; provocada pela incerteza do futuro e desmoronamento do presente. O quadro clínico é: sudorese, cansaço, sonolência, pesadelos, distúrbios gastro-intestinais e dores em diversas regiões do corpo, sem motivos aparentes. Nessa fase, é preciso que os filhos sejam acolhidos com muito amor. Gaste tempo com eles, demonstre que os ama. Em I João 4.18, lemos que '... o perfeito amor lança fora o medo'.

2- Abandono e rejeição

- Se meu pai realmente me ama, porque está indo embora?

Perguntas assim surgem sempre na mente da criança. Nessa fase é necessário um contato constante com aquele que deixou o lar. É preciso aconchego e proximidade física.

3- Solidão, tristeza, melancolia

Ocorrem como conseqüência de uma nova rotina de vida a ser incorporada pelos filhos. A criança poderá perder o interesse pelos amigos e divertimentos. É provável que o apetite e o rendimento escolar diminuam consideravelmente. Gastará tempo imaginando uma possível volta dos pais e muitas vezes será encontrada chorando pelos cantos. Esse choro, no entanto, não deverá ser combatido; é importante, pois funciona como válvula de escape da depressão.

4- Frustração e irritação

A perda do contexto e unidade familiar leva a criança a um estado de frustração, podendo desenvolver sentimentos de irritação, que deverão ser conduzidos de maneira positiva e não combatidos ou ignorados. Se você perguntar: 'Por que você está tão irritado?', ajudará muito mais do que 'Pare com essa irritação!'

5- Restabelecimento  da confiança

É a última fase do processo. Dependendo de como os pais lidaram com os sentimentos dos filhos, poderá, ou não abreviada.

Cuidados necessários

Sabemos que muitas crianças atravessando o processo de divórcio de seus pais, ou após o mesmo, entram em quadros de depressão. Hoje, a ciência constatou a existência de uma grande relação entre a depressão psicológica e a imunológica. O organismo sob tensão reprime as reações imunológicas, tornando-o mais vulnerável. É conhecido o fato do aumento da infecção por vírus em época de exames escolares. É sabido que, em um casal de idosos, quando um dos cônjuges morre, o outro torna-se mais propício contrair doenças viróticas e seu sistema imunológico, fica seriamente com prometido. Crianças que, por qualquer motivo precisam ficar afastadas de suas mães, apresentam uma queda no sistema de defesa do organismo. Por esse motivo, os hospitais infantis começam a aceitar a presença da mãe junto à cabeceira do pequeno paciente hospitalizado.

Resumindo, diríamos aos pais que estão em processo de divórcio:

A- Não pensem somente em vocês, mas principalmente, em atender as necessidades de seus filhos;

B- Entenda que eles passarão por diversas fases e sentimentos. Esse processo leva tempo. Sejam pacientes, procurem conversar com eles;

C- Procure não mudar bruscamente seus hábitos de vida. Não evite os amigos, nem seus, nem deles;

D- Não seja radical, nem agressivo. Não queira defender seus pontos de vista e nem atacar seu cônjuge;

E- Peça sabedoria a Deus para conduzir-se em todo o processo. Esse momento será muito apropriado para 'tomar posse' das verdades contidas em Filipenses 4.6,7. 'Não estejais inquietos por coisa alguma: antes, as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplicas, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus'.

Escrito por: Dr. Luiz Antonio Caseira - médico fisiatra e ex-professor do curso de Medicina da Universidade do RJ. É vice-diretor da Missão 'Vencedores por Cristo'. Casado com Ângela é pai de dois filhos.

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