Mãe x babá: qual a função de cada uma?

Mãe x babá: qual a função de cada uma?

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:44

“Ser mãe é educar e cuidar de uma criança. A babá pode educar e cuidar de uma criança, mas a principal diferença é que ela deve fazer isso de acordo com os princípios da família com quem trabalha”. A definição vem da terapeuta de família e escritora do livro “Mãe/Babá: Manual de Instruções” (Summus Editorial) Roberta Palermo. Ela aposta no potencial conjunto dessas grandes mulheres para uma educação construtiva e sadia para toda a família.   Em teoria, parece simples. As mães confiam sobretudo na sua intuição e as babás, na experiência adquirida pelo tempo e convívio diário com as crianças. Mas nem sempre mães e babás conseguem ser aliadas no delicado processo de criação e cuidados com os filhos. “A causa mais comum dos desentendimentos é a confusão de papéis, tanto por parte das mães como das babás”, afirma Ângela Correa, psicóloga e diretora da UNIRE, empresa que oferece curso de treinamento para babás. “A confusão é bem natural, pois esta relação é bem próxima e dotada de certa dependência”. Em um cenário onde tudo é novidade – filho, babá, a ausência física e a adaptação a uma nova rotina familiar – é comum as mães enfrentarem uma avalanche de dúvidas e inseguranças, seja nas tarefas práticas do dia a dia ou na reflexão a respeito dos caminhos de uma boa educação. Tomar decisões é a exigência imediata para o estabelecimento da relação com a babá e com a criança. “É fundamental que, no período de adaptação da babá, a mãe ensine seu sistema de trabalho, organize com ela uma rotina e esteja aberta ao diálogo. Seres humanos não vêm com selo de garantia. Qualquer relação precisa ser cuidada dia a dia”, acrescenta Ângela.

Para Roberta Palermo, em primeiro lugar, mães e pais devem ter bem claro que a educação é responsabilidade deles. “Eles têm de ser atuantes, perto ou longe dos filhos. Quando estão com as crianças, precisam assumir cuidados do dia a dia mesmo, como dar banho, dar comida, trocar a fralda, cortar as unhas. Todas estas tarefas são importantes para criar um vínculo, para aproximar pais e filhos. Participar desses momentos também é educar”, explica.

Final feliz: possível e extremamente saudável

Dialogar, estabelecer um plano de ações, agir em conjunto e impor regras e limites que promovam a convivência harmoniosa entre mãe, pai, babá e filhos. Realizar tantas tarefas parece uma proeza inviável, mas a médica pediatra Paula Victorino provou o contrário. Mãe de duas meninas, de 7 e 4 anos, Paula conseguiu aliar equilíbrio a uma rotina familiar e profissional bastante atribulada. Tudo graças à ajuda da babá Vilma Marcelino, figura imprescindível no seu dia a dia.

Antes de Vilma, Paula teve outras duas babás. Elas só saíram do emprego por problemas pessoais. “Sempre confiei na minha intuição na hora da escolha. A gente sente quando a pessoa vai dar certo. Eu e a Vilma nos entendemos muito bem, ela olha pra mim e logo percebe o que eu estou sentindo ou pensando. Temos uma sintonia muito bacana”, conta a mãe.

A sorte ajuda, mas a garantia de uma relação sadia e construtiva para as crianças vem do esforço e competência das duas partes, ou seja, da mãe e da babá. Mães competentes conhecem seus filhos e estão sempre trabalhando nisto – embora trabalhem fora de casa também. “Mesmo trabalhando muito, sempre dei um jeito de estar presente na rotina das minhas filhas e as conheço muito bem. Às vezes me antecipo aos feedbacks da Vilma, pois só de olhar já sei se tem algo incomodando”, diz Paula.

Conhecer alguém a fundo depende de estar presente e cultivar uma relação nas pequenas coisas cotidianas. Com os filhos, não é diferente. A proximidade, conquistada por este trabalho, reforça a segurança da mãe. “Participo da vida delas. Faço lição, brinco, leio, passeio. Sou soberana, elas nunca preferiram a babá a mim”, orgulha-se Paula. “Nós só queremos respeito pelo nosso trabalho. Uma mãe aberta ao diálogo e que não delega tudo para a babá já está nos respeitando e fazendo com que as crianças também nos respeitem”, complementa Vilma.

Sintomas

Ter ciúmes, culpa e ficar ansiosa ao deixar os filhos com a babá são sinais de que algo vai mal e é preciso agir rápido, antes dos conflitos desgastarem de vez a relação. “É preciso manifestar as insatisfações”, recomenda Ângela. A manifestação de amor pela babá não deixa de ser um sinal de que ela está cumprindo bem o seu papel. Por outro lado, o papel da babá é estreitar laços entre filho e mãe, mesmo quando esta não está presente. “A mãe deve examinar se o ciúme tem fundamento ou se é fruto da sua própria insegurança”, completa.

“Às vezes preciso acordar mais cedo para fazer tarefa com a minha filha, mas é o tipo de coisa que nunca deixo para a babá”, diz a executiva Fernanda Ceneviva Monseur, mãe de duas meninas de 6 e 4 anos. “Na minha casa, eu sou a referência das minhas filhas. Ela segue os meus princípios”, completa. Fernanda praticamente só encontra a babá nos sábados de manhã, quando as duas conversam sobre a rotina das crianças.

Para driblar a ausência e estabelecer uma comunicação em todos os dias da semana, Fernanda encontrou uma didática própria. “Fiz uma agenda do ano. Nela, a babá é orientada a anotar qualquer coisa diferente que tenha acontecido, seja um acidente ou um comportamento incomum. É uma forma de nos comunicarmos com verdade. É nessa relação que eu acredito”, afirma.

Dicas para um relacionamento saudável com sua babá

- Manifeste logo suas insatisfações. O diálogo é o principal instrumento para uma parceria saudável.

- Cumpra as obrigações trabalhistas .

- Instrua a babá de forma amigável e cortês. Mesmo se for para chamar a atenção, o impedimento não precisa ter cunho punitivo ou vexatório.

- Estabeleça uma rotina , de preferência diária ou a cada dois dias, para “ajustes” com a babá: é o momento de sentar, saber o que aconteceu nestes dias e dar a ela um retorno sobre o trabalho realizado.

- A casa da família é o local de trabalho da babá. Impor uma hierarquia é fundamental para evitar liberdades que extrapolem a relação entre empregado e empregador.

- Fique sozinho com seus filhos sempre que possível e só contrate uma folguista (substituta da babá aos finais de semana) se for realmente necessário. “Não ter ninguém no comando força os pais a assumir o comando, que na verdade deveria ser deles na maior parte do tempo”, reforça Roberta.

- Dar banho, dar comida, ajudar na lição e trocar a fralda : é importante participar de tarefas práticas do dia a dia da criança para desenvolver e aprimorar o vínculo.

Este conteúdo foi útil para você?

Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia

Siga-nos

Mais do Guiame

O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições