Medo de crescer

Medo de crescer

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:16

Pode parecer estranho, mas eu sempre gostei de ir ao dentista - talvez porque eu não tinha cáries. Então, quando chegou a hora de levar meu filho Wyatt pela primeira vez ao dentista, eu não me preocupei com nada - ele sentaria quietinho na cadeira enquanto o doutor examinaria seus dentinhos, faria uma limpeza rápida e daria de presente a ele uma nova escova de dentes. Mas não foi exatamente assim. Quando ele sentou na cadeira, se debateu, soluçou, gritou e silenciou - mas só enquanto o dentista contava seus dentes.

Mas o que acontece na visita ao dentista que deixa as crianças com tanto medo? Primeiro, saiba que a culpa não é sua. "Medos são naturais e são até pontos importantes no desenvolvimento. Eles ajudam as crianças a lidarem com questões que fazem parte do crescimento", diz Betsy Brown Braun, autora de Just tell me what to say: sensible tips and scripts for perplexed parents ("Apenas me fale o que dizer: dicas sensatas para pais confusos", em tradução livre). Na verdade, um novo medo aparece quando a criança está para dar um salto no desenvolvimento: engatinhar, andar, dizer as primeiras palavras, dormir na própria cama e daí por diante. "Todas essas coisas representam independência - e a ansiedade anda junto com a independência", diz Jenn Berman, autora de The A to Z Guide to Raising Happy, Confident Kids ("O guia de A a Z para criar crianças felizes e confiantes", em tradução livre).

Ao mesmo tempo em que é reconfortante saber que a maioria dos medos são normais, ainda é doloroso ver o seu filho sofrer durante uma consulta médica ou ter pânico ao pensar no monstro que mora embaixo da cama! Essas dicas vão ajudar você e seus filhos a superar os medos mais comuns da infância.

Monstros

* Mais comum entre 3 e 6 anos.

Geralmente é difícil para as crianças em idade pré-escolar distinguir entre a realidade e a fantasia. Essa é também a hora em que a maioria das crianças se muda do berço para a cama, o que é uma transição enorme e pode provocar ansiedade. A maioria dos experts concorda que usar um "spray antimonstros" não é a melhor estratégia. "Se você precisa de um spray, isso só pode significar que os monstros são reais", explica Braun. Converse com seu filho dizendo "eu posso olhar embaixo da cama se isso te fizer se sentir melhor, mas eu prometo que monstros não existem".

Médico ou dentista

* Mais comum entre 1 e 7 anos.

A cadeira do dentista e a mesa de exame são lugares vulneráveis para a criança: ela não sabe o que vai acontecer e um estranho está invadindo seu espaço.Primeiro, explique à criança que o médico está ali para ajudar na sua saúde. Brinque de médico ou dentista em casa e leve junto na consulta a boneca preferida ou uma naninha. Peça para o médico explicar ao seu filho o que vai fazer. Depois da consulta, faça algo divertido,como uma ida ao playground.

Escuro

* Mais comum entre 3 e 7 anos.

Quando você não consegue ver as coisas, sente que não tem controle sobre o seu meio. A criança começa a fantasiar que criaturas horríveis estão se escondendo. "A solução mais fácil e sensata é manter uma luz acesa", diz a psiquiatra Anandhi Narasimhan. "Uma luzinha noturna na cabeceira ou no corredor vai fazê-lo sentir-se mais seguro sem perturbar seu sono".

Trovão

* Mais comum entre 2 e 7 anos

Por que eles tem medo? Um barulho alto e repentino é assustador em qualquer idade. Conforme as crianças ficam mais velhas e ficam mais expostas às notícias, shows de TV e filmes, elas começam a entender que existem coisas reais no mundo que amedrontam, como furacões e tornados – e que raios e trovões podem estar relacionados às catástrofes. Quando entendem as conseqüências que eventos como esses podem causar, as crianças podem ficar ainda mais nervosas durante a tempestade.

Como você pode ajudar? Primeiro, entenda seus próprios sentimentos. Se você também fica nervosa com a tempestade, tente diminuir. Você pode dizer "esse foi barulhento! Assustou até a mamãe! Os trovões vão parar quando a tempestade parar. Vamos ficar juntinhos até lá". Você pode transformar a chuva em um momento divertido e aconchegante para toda a família: fique enroscada na cama com as crianças e conte os segundos entre os raios e trovões.

A nova babá

* Mais comum entre os 5 meses e 5 anos

Por que eles tem medo? Para um bebê, ansiedade em torno de uma pessoa nova é sua maneira de expressar que sabe que aquela pessoa não é a mamãe nem o papai. "Não significa que ele está com medo da babá, o que acontece é que ele está muito vinculado às pessoas que conhece", diz Braun. "Agora ele está aprendendo que outras pessoas existem e tem rostos, cheiros e vozes diferentes. Tudo isso pode provocar stress". Crianças em idade pré-escolar, no entanto, estão mais preocupadas de que você não volte. Nos dois casos, o medo de pessoas novas é na verdade uma resposta saudável. "Você não gostaria que seu filho se sentisse muito confortável com um estranho", diz Braun.

Como você pode ajudar? Seja seu filho um bebê ou uma criança maior, não saia correndo. Comece com a nova babá enquanto você ainda estiver em casa. No começo, fique na sala com os dois; conforme seu filho se sentir mais confortável, vá fazer suas coisas por perto, mas não deixe a casa. "A babá precisa entender seu filho, e ele também precisa entendê-la. Além disso, quando ele te vê interagindo de forma positiva com uma pessoa nova, é como se você estivesse dando o selo de aprovação", diz a Dra Berman. Quando você precisar sair, não fuja sem se despedir. Mantenha-se calmo e firme, mas não se estenda muito. Com um filho mais velho, você pode dizer "a mamãe está saindo agora, mas eu deixei um jogo muito legal para você brincar com a Julia".

Cachorro

* Mais comum até os 7 anos

Por que eles tem medo? Ser cauteloso com cachorros é na verdade uma tática de sobrevivência, explica a Dra Narasimhan. "Alguns cachorros mordem, então você não gostaria de ver seu filho brincar com todo cachorro que visse". O medo de cachorro geralmente origina-se de um desses motivos: ou você mesmo tem medo e seu filho sentiu a sua ansiedade ou alguma vez seu filho teve uma má experiência com um cachorro. "Cães podem ser imprevisíveis, o que é assustador para uma criança", diz Braun. "Eles latem alto e inesperadamente, pulam, dão mordidinhas e lambem – e seu filho pode ficar com medo de se machucar".

Como você pode ajudar? Você pode tranqüilizá-lo quando ele estiver com medo e não deve nunca pedir para ele fazer carinho quando estiver apavorado. Comece mostrando a ele um cachorro que você sabe que é amigável. Antes, ensine ao seu filho o protocolo, diz Paul Owens, autor de The Dog Whisperer Presents Good Habits for Great Dogs ("O treinador de cachorros apresenta bons hábitos para cachorros incríveis", em tradução livre): primeiro, sempre peça permissão antes de brincar com o cachorro. Segundo, seja gentil (fale com uma voz calma, não bata e não puxe o rabo ou as orelhas). E finalmente, nunca vá em direção ao cachorro e faça carinho em sua cabeça; aproxime-se dele como se estivesse andando em uma letra C, ou seja, numa curva. Então, ofereça sua mão para ele cheirar e faça carinho embaixo de seu queixo.

Personagens fantasiados

* Mais comum entre 2 e 7 anos

Por que eles tem medo? Seja quando encontra um palhaço numa festa ou um personagem num parque temático, seu filho pode ficar assustado porque não consegue ver claramente o rosto da pessoa coberto por uma máscara ou por maquiagem pesada. Mas por quê? É difícil prever o que aquela pessoa vai fazer – ou se ela é amigável. "Crianças estão sempre buscando por dicas sobre a segurança do mundo a sua volta. Uma maneira de conseguir essa informação é observando as expressões faciais das pessoas e fazendo contato com os olhos", diz a Dra Berman. Além disso, há um componente sensorial que pode ser perturbador: palhaços e mascotes geralmente agem de forma maluca e são barulhentos.  

Como você pode ajudar? Se o seu filho se esquiva de palhaços ou personagens fantasiados e vocês estão indo a uma festa ou circo, dê a ele um aviso do que provavelmente vai acontecer. Se ele ficar triste durante o evento, leve-o para fora por alguns minutos para se acalmar. "Muitos pais estão tão preocupados com o que as outras pessoas podem pensar que não consideram os sentimentos do próprio filho", diz a Dra Berman. Pergunte a ele do que ele tem medo e sugira voltar para a festa e fazer uma nova tentativa. Diga "Se você continuar não gostando, me diga e nós iremos embora". Dê a ele quanto poder puder para ele se sentir no controle da situação

Por: Brett Hill

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