"Meu marido se fechou em uma torre de marfim"

"Meu marido se fechou em uma torre de marfim"

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:28

Jaime Kemp

Muitas esposas são frustradas porque seus maridos não se abrem com elas!

Pastor Jaime,

        Já tenho um ano de casada. Meu marido é um homem honesto, trabalhador, responsável. Nós nos amamos e aprecio a idéia de envelhecer ao seu lado. Porém, não consigo saber o que ele está pensando. Ele nunca verbaliza o que está sentindo. Mais desanimada fiquei quando, conversando com minha mãe, ela disse que o mesmo acontecia em relação a meu pai.

         Que coisa, Jaime! Será que isso ocorre com todos os homens, ou só minha mãe e eu "fomos premiadas"? Também gostaria de saber se existe algo que eu possa fazer.

         Agradeço desde já qualquer luz que o senhor possa jogar sobre esta situação.

         Abraços,

         Sara

    Querida Sara,

    Salvo algumas exceções os homens, realmente, possuem dificuldade em expressar seus sentimentos. Eu mesmo passei vários anos de minha vida me esforçando para me comunicar melhor. Pesquisei, inclusive, para descobrir o porquê de a maioria de nós, homens, termos essa dificuldade. Compartilho, então, com você as cinco mais importantes razões que identifiquei:

    1. As expectativas dos pais sobre os filhos homens - Há uma grande diferença entre a criação de meninas e meninos. Quando uma garotinha chora, ela logo encontra um colo e um abraço de alguém que lhe diz que tudo vai ficar bem! Porém, quando um garotinho chora, ele escuta: "Não seja covarde!". Ou então: "Você já é um menino grande, e meninos grandes não choram!".

    A mensagem, "Meninos grandes não choram!", elimina a comunicação de afetividade, compaixão, gentileza e até uma entonação verbal de compreensão. Em vez de sensibilidade o que surge é uma postura endurecida perante a dor de uma criança que precisa chorar. E, mais do que isso, a alma infantil dolorida é levada a desviar o olhar de sua dor e a reagir, "não levando desaforos para casa", o que provavelmente resultará em um "olho roxo" que poderá ser seu, de algum vizinho ou coleguinha de classe. Creio que a maioria dos pais não faz isso de propósito. Não planeja que seus filhos "engulam" suas emoções. Porém, esse é o efeito causado.

    2. O estereótipo divulgado - A própria mídia é responsável pelo estereótipo do comportamento masculino divulgado através dos meios de comunicação (jornais, revistas, livros, rádio, televisão, cinema etc), o qual é exatamente o oposto à gentileza, compaixão, afeição. Esse tipo de imagem é imposta pela sociedade. É a frieza emocional, a arrogância, o status, a voracidade sexual. A mídia abusa de conceitos como acumular dinheiro, dominar pessoas, galgar os mais altos degraus na escalada profissional, seduzir o maior número possível de mulheres, inclusive as famosas "escapadas extraconjugais". E essa idéia é passada a toda sociedade.

    3. A mudança dos papéis na sociedade - Além de toda essa carga midiática, a dificuldade masculina de expressar-se emocionalmente também é justificada pela mudança do papel do homem na sociedade. Não faz muito tempo, um casamento era considerado ideal quando o marido era um bom provedor e a esposa uma boa dona de casa e mãe. Esse padrão mudou. Um bom casamento hoje é julgado na base do companheirismo, da intimidade, da comunicação. Espera-se que os cônjuges verbalizem livremente seus sentimentos de amor, de preferências, de idéias, de desapontamentos. Se isso não acontece, pode ocorrer desilusão no relacionamento, principalmente da mulher.

    4. A diferença entre o racional e o emocional - Os homens interessam-se mais por projetos e as mulheres por pessoas. Os homens realizam-se mais através do que fazem, e as mulheres através dos relacionamentos. Basicamente eles são mais "mente" e elas mais "coração". Há exceções, porém, essa é uma das maiores diferenças entre os sexos que resulta nas diferentes formas de comunicação.

    5. A importância da confidência - É imprescindível que o conversado entre o casal seja mantido entre os dois. Há casos de maridos que expuseram às esposas suas fragilidades e viram-nas reveladas a terceiros. Essa quebra de confiança pode ser fatal.

    Seria interessante o casal avaliar e conversar sobre esses pontos. Por isso, Sara, primeiramente, procure não se apavorar com essa característica de seu marido. Uma forma prática, além das teóricas anteriores, é oferecer um componente facilitador: Perguntas certas nas horas certas. Naturalmente, devem-se adequar as perguntas à situação. Veja alguns exemplos:

    - O que você sente quando está perante um desafio?

    - Você está enfrentando algum tipo de desapontamento, de frustração, de esperança, de desafio em seu trabalho?

    - O que você sente quando é parabenizado por algo que tenha feito?

    - O que você sente quando ocorre algum imprevisto e sua meta não é alcançada?

    Essas perguntas levam a um compartilhar que demonstra uma preocupação genuína em conhecer o sentimento dos maridos. Há também o fator hábito. Muitos não estão acostumados a compartilhar. Perguntas ajudam a ordenar os pensamentos.

    E, para aqueles que conhecem o Senhor, orar juntos é certamente uma forma de comunicação muito eficaz e leva o casal a se encontrar na presença daquele que criou a comunicação e revelou-se ao ser humano, através de sua maior expressão: Jesus.

    Sara, que o Verbo Divino lhe dê a graça e o amor incondicional em sua comunicação com seu marido.

    Jaime Kemp

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