Minha filha chegou a pesar 330g

Minha filha chegou a pesar 330g

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:42

Psicóloga teve gêmeas prematuras e passou mais de oito meses na UTI do hospital, onde estavam internadas.   As gêmeas Manuela e Valentina, hoje com um ano e sete meses, nasceram prematuras, aos cinco meses. A mãe delas, a psicóloga Deise Helena de Simoni, 40, teve uma complicação rara durante a gravidez, chamada Síndrome Hellp – condição que pode levar a insuficiência cardíaca e pulmonar, hemorragia interna, acidente vascular cerebral e outras complicações graves na mãe. No caso de Deise, ela apresentava pressão alta, inchaço no fígado, rins parando de funcionar e plaquetas caindo.

Diante do quadro, a equipe médica resolveu fazer o parto das crianças para que a psicóloga tivesse chance de sobreviver. “O médico, que é um amigo muito querido, me disse que minhas filhas não iriam sobreviver. Eu tinha certeza absoluta de que ele estava errado”, enfatiza.

Manuela nasceu com 705g e chegou a pesar 560g. Valentina pesava 410g quando nasceu, e viu seu peso diminuir a 330g. A primeira passou quatro meses na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) da maternidade, e a segunda mais de oito meses. Como uma mãe consegue superar isso? “Com muita fé e sabendo que nada acontece por acaso”, afirma Deise. Ensinamento após anorexia

“Eu já tinha passado pela sensação de ver um filho morrendo na sua frente. Minha filha mais velha, Gabriela, sofreu de anorexia quando tinha 15 anos”, revela a psicóloga. “Sou espírita e acredito que tudo que acontece conosco serve para podermos evoluir. Mas ,apesar da minha crença, o meu desespero era tanto que cheguei a falar para minha filha que eu aceitaria se ela decidisse morrer. Não aguentava mais vê-la naquele estado. Só quem passa, pode julgar.”

A preocupação maior de Deise piorar o quadro da filha caso a pressionasse para comer mais. Ela tentou fazer com que a menina frequentasse um psicólogo, mas não teve sucesso. Desesperada e sentindo-se impotente, ela buscou apoio na espiritualidade. A psicóloga conta que precisou se apegar ao pensamento de que iria reencontrá-la no futuro. “Isso me fez sofrer um pouco menos”, diz.

Aos poucos, ela conseguiu que a menina voltassse a se alimentar. “Acredito que Deus cuida de todas as coisas, mas a gente tem que lutar até o fim. Como fiz com minhas três filhas. Apesar de acreditar que, se elas viessem a falecer, eu estaria junto delas em breve.”

Quando Gabriela estava com mais de 16 anos, Deise resolveu engravidar novamente. “Vieram gêmeas! Como confio muito em Deus, jamais duvidei que ele me mandou as meninas para que elas aproveitassem essa vida. Eu e meu marido sabíamos que, se lutássemos, juntamente com os médicos, elas iriam ficar bem”, afirma.

Durante os oito meses em que a Valentina ficou na UTI – Manuela deixou o local quatro meses após seu nascimento – Deise enfrentou a difícil rotina acreditando na sobrevivência das filhas.

“Eu sempre rezei pedindo que elas vivessem para que eu pudesse conviver com minhas três filhas até envelhecer. Mas, se isso não fosse possível, acreditar na vida após a morte me confortava muito. Não sei se teria aguentado tudo que tive que passar se não tivesse essa convicção”, comenta.

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