Morar no Centro

Morar no Centro

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:59

O processo de verticalização das cidades brasileiras, que teve início na década de 1930, transformou as regiões centrais nos locais mais desejados para viver. Os apartamentos com metragens generosas e a comodidade de ter tudo por perto atraíram muitas adeptos. O tempo passou e a região – em quase todas as grandes cidades -, virou o patinho feio da história. Vieram os sinais de degradação, a ocupação prioritariamente diurna e a segurança ficou em xeque.

Anos depois, em pleno século 21, morar no centro voltou a ser “fashion”, com seus imóveis - até então vazios ou deteriorados -, se transformando em uma das melhores alternativas para quem cansou das dimensões enxutas dos novos empreendimentos. Além de trazer um charmoso toque de história agregada.

“Isso é muito importante para a história das cidades. A região central é a mais equipada e possui uma estrutura melhor, características que devem motivar grandes investimentos”, afirma Marco Antonio Ramos de Almeida, superintendente da associação paulistana Viva o Centro.

Uma alternativa para acelerar esse processo, segundo ele, é levar estabelecimentos culturais para o local. “As pessoas vão visitá-los e esse fluxo incentiva melhorias que vão desde a estética das ruas até o transporte público. Foi o que aconteceu, em São Paulo, com a Pinacoteca, o Museu da Língua Portuguesa e a reforma de diversos teatros”, diz.

Outra forma é manter e revitalizar a arquitetura da região. Há uma infinidade de construções que marcaram época e possuem traços assinados por arquitetos renomados como Oscar Niemeyer (Copan e edifício Eifel, em São Paulo) e Affonso Reidy (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro). Além disso, viver no centro pode trazer mais benefícios do que se imagina. “Pensando de uma maneira coletiva, a cidade inteira poderá melhorar. Se as pessoas morarem mais perto do trabalho, por exemplo, o congestionamento irá diminuir, assim como a poluição”, explica Alejandra Maria Devecchi, arquiteta e especialista no assunto.

O morador, claro, tem um papel fundamental nesse contexto. O perfil de quem vive na região central é eclético – há espaço para todos. “A maioria é formada por jovens estudantes, que desejam viver perto das universidades. Há também os recém-casados, à procura de imóveis com preços mais baixos, e os idosos, que podem andar a pé sem precisar de outros meios de transporte”, diz Alejandra. Isso sem falar de artistas e jovens empresários que elegeram a área como “cult” e a incorporaram em seu estilo de vida.

Reformar no lugar de construir

Desde que o movimento de revitalização começou, as regiões centrais já apresentaram grandes sinais de valorização, mas ainda é preciso dar um passo maior. Segundo estudo realizado pela arquiteta Alejandra Maria Devicchi, dos 380 imóveis existentes na região central paulistana, 20% estão desocupados e 50% apresentam sinais de subutilização. Daí a profissional ser a favor da reforma – ou retrofit, como tem sido chamado – ao invés da construção de novos prédios.

“A cidade vive um momento oportuno, há escassez de terrenos. A remodelação é uma boa técnica e pode representar até 70% de economia para as incorporadoras”, ressalta. E essa alternativa não deve, necessariamente, estar restrita a prédios residenciais.

Transformar os imóveis comerciais, que hoje são maioria, em apartamentos residenciais pode ser uma das soluções para os problemas das capitais. “Atualmente, as empresas buscam espaços maiores. Os escritórios de antigamente eram pequenos. Portanto, se houver essa reversão, apresentarão as medidas ideais para uma família”, conclui Alejandra.

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