Natação ajuda no desenvolvimento psicomotor e ainda melhora o sono e o apetite dos bebês

Natação ajuda no desenvolvimento psicomotor e ainda melhora o sono e o apetite dos bebês

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:14

Ao entrar na piscina, eles batem as perninhas e os bracinhos agitadamente, em sinal de alegria. Alguns, até, soltam gritinhos e outros querem se desprender dos braços das mães para desbravarem, sozinhos, aquelo mundaréu de água. É claro que não pode, e essa é uma das primeiras lições dos cursos de natação para bebês: as mães aprendem a segurar seus filhos de um modo protetor e firme, mas sem limitar os movimentos dos pequenos nadadores. Ajustes importantes para essa atividade programada para ser praticada em dupla (mãe e bebê ou bebê e pai) normalmente duas vezes por semana, em aulas que duram de 30 a 45 minutos. Quanto à faixa etária, há controvérsias. Muitos especialistas afirmam que desde o primeiro mês, já se pode praticar, outros preferem indicar apenas a partir dos seis meses. Porém, mais uma vez, o meio-termo é o mais aceitável, ou seja, aos 3 meses. "A partir dessa idade, o bebê já sustenta a região cervical, tornando mais fácil a tarefa de manipulá-lo na piscina. E também já tomou as primeiras doses da vacina, reforçando sua imunidade", opina Sandra Rossi Madormo, diretora-técnica da escola Via Esporte, especializada em natação para bebês. É notável que, quanto menor a criança, maior a euforia dela nas aulas. "Com 3 ou 4 meses, ela ainda possui uma lembrança recente da vivência intrauterina, marcada pela presença da água que está associada a algo seguro e confortável", explica Sandra. A partir de um ano, é normal que o aluno estranhe as primeiras aulas e se incomode com a água no rosto. Nenhum problema quanto a isso. Há uma série de exercícios lúdicos que facilitam essa adaptação.

O que se aprende

Antes de tudo, é bom que os pais entendam o objetivo dessa modalidade para bebês. É claro que eles não aprenderão a nadar borboleta ou crawl nessa faixa etária. "A intenção é promover a boa adaptação ao meio aquático", esclarece Samantha Costola, professora de natação para bebês da Academia Competition, de São Paulo. Nesse repertório, cabe ensinar a bater pernas e braços, rotacionar ombros, soltar quadris e coluna na água, flutuar e segurar na borda da piscina. As imersões de cabeça, ou os rápidos mergulhos, só começarão a ser treinados quando o aluno dá sinais de que está pronto. "O professor percebe quando a criança já consegue travar a respiração ao colocar o rosto na água. Fazemos várias brincadeiras para exercitar essa habilidade", conta a professora Thelma Gonçalves dos Santos, da Competition, em São Paulo. Novos aprendizados com benefícios atestados. Estudos científicos comprovam que a modalidade estimula o desenvolvimento motor e o equilíbrio, fortalece a musculatura pulmonar, melhora a qualidade do sono e aumenta o apetite, além de ajudar nos desafios do dia a dia rumo ao crescimento. "A prática aprimora as habilidades psicomotoras e auxilia os bebês a engatinhar, sentar e andar", comenta o professor de natação Dani D’Aquino, proprietário da academia Dani Natação, em Florianópolis. Os benefícios são notados no dia a dia. A filha de Roberta Atala, Karime, 1 ano e 10 meses, faz natação há seis meses e a mãe percebe mudanças. "Antes a Karime só conseguia dormir depois das 22 horas, agora, às 19h30, já está na cama. E vai até o outro dia, sem acordar. Também percebo que ela está comendo mais e se tornou mais sociável. Foi a primeira vivência social dela e isso a ajudou a ter um contato tranquilo com os outros. Acho, até, que as aulas de natação contribuíram para a fácil adaptação da Karime na escolinha", desconfia Roberta. Apesar das inúmeras vantagens, a prática não garante que bebês ou crianças pequenas possam ficar sozinhas na piscina ou no mar. A pediatra Márcia Kodaira, coordenadora do setor de pediatria do Hospital Santa Catariana, em São Paulo, faz uma observação importante. "Não há evidências científicas de que o bebê que faz natação conseguirá agir no sentido do autossalvamento na piscina. Por isso, os pais não devem reduzir a fiscalização quando seus filhos estiverem na água", reitera Márcia. Os professores agem também nesse sentido, ensinando aos alunos um comportamento de respeito ao meio aquático.

Momento de curtição

A dinâmica da modalidade é única e por isso especial. "O professor instrui a mãe, e ela conduz o corpinho do bebê para fazer o movimento sugerido", explica a professora Samantha. E isso une mãe e filho em um momento lúdico de intimidade. "É uma hora de prazer na nossa rotina. Durante a aula, é gostoso ver o jeito que o Leonardo me olha, sempre com tanta confiança. E eu fico feliz também de perceber como ele gosta. Ri, quer mergulhar, demonstra que está aproveitando", conta Eliane Santin, mãe de Leonardo, 9 meses.

Para o bebê, a presença da mãe é garantia de segurança. Para a mãe, mais uma oportunidade de demonstrar afeto e também de se sociabilizar com outras mães. "É importante essa troca para a mãe. No ambiente da aula, ela conversa com outras mães, troca ideias e muitas vezes volta para casa mais animada", observa a pediatra Márcia. Estimulados, mãe e criança seguem a aula fazendo exercícios sempre contextualizados em uma atmosfera de brincadeira e música. Essa última tem um papel fundamental. "Meu filho logo relaciona as canções com as movimentações. Mal a professora começa a cantar, e ele já está fazendo o exercício", conta Juliana Levy, mãe de Leo, 19 meses, que comenta o quanto o filho adora a água. O contato com o meio aquático é muito prazeroso e o professor Dani D’Aquino explica por quê. "Na água, há a possibilidade de fazer movimentos tridimensionais – para baixo, para cima e para os lados - e o bebê sente-se livre para se mexer. Além disso, a água morna naturalmente faz massagem no corpo, o que é gostoso e relaxante", diz o professor Dani. Especialmente, numa fase na qual andar ou engatinhar ainda não é muito fácil, flutuar e brincar na água pode ser uma ótima alternativa para os pequenos.

Quem não deseja que o filho cresça com qualidade de vida? Uma boa maneira de prepará-lo para essa conquista é incentivá-lo à prática de uma atividade física. A série de reportagens CRESCER EM MOVIMENTO, que será publicada até dezembro, quer ajudar você nessa missão. Por isso, a cada mês falaremos sobre os benefícios e os fascínios de uma modalidade. Para completar o "kit saúde", dicas de alimentação para mantê-lo sempre disposto para o exercício. Boa leitura!

Leonardo, 9 meses, demonstra empolgação e coragem na sua segunda aula de natação, na academia Competition, em São Paulo. “Ele logo quis mergulhar”, comentou a mãe, Eliane Santin, impressionada com a destreza do filho

Dicas de nutrição

A nutricionista materno-infantil, Stephania Terra, de Belo Horizonte, traz orientações específicas para bebês que praticam natação.

1. A alimentação deve ser oferecida à criança pelo menos uma hora antes da aula. O mesmo vale para bebês alimentados exclusivamente com leite.

2. A ingestão de água ou sucos precisa ser evitada nos 30 minutos que antecedem à aula para que não atrapalhe o rendimento da criança, ocasionado pelo refluxo e mal-estar.

3. O lanche ou o almoço antes da atividade podem ser ricos em carboidratos. No primeiro caso, uma sugestão é a banana amassada e, para o almoço, batata, mandioca ou baroa em forma de papinha.

Logo após a natação, a ingestão de líquidos está liberada.

Natação x saúde do bebê

A especialista em natação para bebês, Sandra Rossi Madormo, de São Paulo, ouvia frequentemente as mães perguntarem se a modalidade não poderia deixar as crianças mais resfriadas ou com otite. Para fundamentar suas respostas, fez um levantamento de dados durante seis anos, com 220 perguntas que questionavam a saúde dos bebês durante a prática da natação. Veja o que as mães responderam.

O SONO DO BEBÊ MELHOROU

SIM 58% NÃO 22% NÃO OBSERVOU 20%

ELE SE ALIMENTA MELHOR

SIM 56% NÃO 28% NÃO OBSERVOU 16%

O BEBÊ FICA MAIS TRANQUILO APÓS A AULA

SIM 84% NÃO 12% NÃO OBSERVOU 4%

ESTÁ GOSTANDO MAIS DO BANHO

SIM 94% NÃO 4% NÃO OBSERVOU 2%

FICOU MAIS VEZES RESFRIADO

SIM 10% NÃO 86% NÃO OBSERVOU 4%

TEVE COM MAIS FREQUÊNCIA DORES DE GARGANTA

SIM 3% NÃO 91% NÃO OBSERVOU 6%

TEVE COM MAIS FREQUÊNCIA DORES DE OUVIDO

SIM 6% NÃO 92% NÃO OBSERVOU 2%

O BEBÊ TORNOU-SE MAIS SOCIÁVEL

SIM 93% NÃO 2% NÃO OBSERVOU 5%

Por: Tatiana Bonumá

FONTE: Crescer

Postado por Juliana Simioni

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