O evangelista Nick Vujicic pronunciou-se contra o aborto de bebês com síndrome de Down na América, dizendo que uma vez já ouviu dizer que por ele ser uma pessoa com deficiência física, "não deveria ter se casado, ter filhos ou até mesmo pregar".
Vujicic contou sobre uma petição lançada por um editor-chefe de uma rádio na Rússia, Evgeniy Arsyukhin, em 2016, ano em que o evangelista foi pregar no país. O documento assinado por milhares de pessoas dizia que os portadores de deficiência como Vujicic, que nasceu sem braços e pernas, não deveriam ter filhos nem mesmo a oportunidade de falar em público.
"Quando eu estava na Rússia há alguns anos atrás, havia uma petição assinada, porque eu era famoso na Rússia, pregando o Evangelho na TV convencional, e algum editor em uma publicação dizia que 'nenhuma pessoa com deficiência deveria se casar, nem mesmo se reproduzir ou ter um espaço para falar na TV", disse Vujicic a Glenn Beck, do jornal The Blaze no programa "Glenn Beck Radio", na última quarta-feira.
O evangelista observou que a petição, que foi assinada por mais de 100 mil pessoas, acabou levando o editor a ser demitido por sua visão polêmica.
Arsyukhin mais tarde argumentou antes do site de notícias Meduza que as opiniões na petição não eram necessariamente suas, mas que ele estava parafraseando as atitudes do passado em relação às pessoas com deficiência.
Vujicic, que viaja ao redor do mundo pregando o Evangelho e está casado com quatro filhos, concordou com Beck sobre o quão alarmante é que alguns na sociedade parecem achar justo que os bebês com deficiência e aqueles com síndrome de Down sejam abortados.
Beck acrescentou que alguns acreditam que os bebês "não têm qualidade na vida e são um fardo para as famílias".
Ele também criticou uma recente opinião no 'The Washington Post', pedindo que as mulheres recebessem o direito de abortar seus filhos não nascidos se descobrissem que eles têm qualquer deficiência.
"Eu acho, Nick, honestamente, que se nós, como sociedade, podemos abraçar a matança dos seres mais angelicais, que são esses bebês, então quem não seremos capazes de matar?", Beck perguntou.
Logo após Vujicic se perguntou: "quantos mais desses artigos e petições serão divulgados sem que nós respondamos: 'Ei, espere um segundo, vamos realmente analisar isso. É injusto, é simplesmente injusto", disse o evangelista.
O artigo em questão do 'The Washington Post', escrito por Ruth Marcus, editora da página editorial do jornal, afirma: "Tive dois filhos, eu tinha idade suficiente, quando fiquei grávida, que poderia fazer o teste para descobrir a síndrome de Down. Naquela época, foi amniocentese, realizada após 15 semanas; agora, a amostragem das vilosidades coriônicas pode fornecer uma determinação conclusiva no início de nove semanas".
Marcus acrescentou: "Posso dizer sem hesitação que eu teria interrompido essas gestações se os testes dessem positivo. Eu teria sofrido a perda, mas teria ido em frente".
Os cristãos de uma variedade de denominações se opuseram fortemente ao aborto dos bebês com síndrome de Down, no entanto.
Durante um debate sobre a "dignidade e a plena humanidade" das pessoas com síndrome de Down em fevereiro, um membro leigo no Sínodo Geral da Igreja da Inglaterra disse que as altas taxas de recusa aos bebês não nascidos com o distúrbio genético podem ser comparadas com a eugenia realizada pelos nazistas.
"Vivemos em uma sociedade que afirma valorizar e apreciar aqueles que são diferentes e aqueles que têm uma deficiência e ainda assim o que dizemos e fazemos são duas coisas diferentes", disse Andrew Gray, membro leigo, durante o debate.
"Em países como a Islândia, a síndrome de Down foi praticamente eliminada [porque todos os bebês com essa condição estão sendo abortados]. O que temos é uma situação muito simples. O Reino Unido e a Europa começaram a praticar a eugenia, por padrão", acrescentou Gray.
"Isto não é por causa de um desejo liderado pelo estado de remover aqueles considerados fracos ou sub-humanos - não vivemos na Alemanha dos anos 1930, graças a Deus. Mas, embora os motivos e as motivações sejam diferentes, o resultado é o mesmo", finalizou.
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