Os filhos do século XXI

Os filhos do século XXI

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:32

Muito se fala das crianças de hoje em dia, com relação à sua precocidade. Dizem: "Qualquer dia as crianças vão nascer andando e falando". Geralmente isso se reporta às diferenças entre as gerações, considerando que algumas funções têm aparecido e se desenvolvido mais cedo, assim como a estatura tem aumentado, provavelmente por uma alimentação diferenciada, traços genéticos que se acentuaram, hábitos ao cotidiano, com o uso cada vez maior do computador em todas as atividades e, principalmente, no acesso às informações.

Os desafios profissionais tornaram-se maiores e os pais trabalham cada vez mais, por imposição do próprio mercado ou por vontade de oferecer mais conforto aos filhos. Estes, por sua vez, preparando-se para um futuro altamente competitivo, são submetidos a aulas de toda natureza: esportes, línguas, instrumentos musicais, dança etc. Têm agenda lotada como a de um adulto. Como e quando podem se encontrar pais e filhos? Com que tempo? Com qual qualidade? Após um dia intenso, estarão todos cansados, sem disponibilidade um para o outro. Além disso, surgem obrigações domésticas para os pais e lições de casa para os filhos.

Pensamos: "São jovens e não se cansam". Engano! Nós adultos superestimamos a energia das crianças e desconsideramos a subjetividade, que tanto influencia o desempenho. A mola propulsora de nossas ações são a motivação, o interesse, enfim, o desejo. Sem este, nada acontece.

Se os filhos atuais são tão precoces, porque observamos nas escolas, nas clínicas e mesmo em nossas casas, filhos tão imaturos, dependentes, carentes de atenção e afeto? Aonde foram parar os alunos curiosos, dedicados, estudiosos de antigamente? Vemos uma inversão de valores, quando o anti-aluno - aquele que diz não gostar de estudar, é indisciplinado e desafia o professor - é valorizado e o aluno aplicado é ridicularizado pelos colegas, muitas vezes sendo vítima de "bullying".

Educar dá trabalho! Um trabalho que muitas vezes gratifica, quando vemos um ótimo resultado, mas também desanima, quando os objetivos não são atingidos. Entretanto, não podemos abrir mão desse nosso papel tão importante.  Eles precisam de princípios norteadores para se sentir seguros, confiantes e estimulados para enfrentar os desafios. A ausência de parâmetros pode ser uma das causas da imaturidade e insegurança dessa geração e isso nos leva a pensar que os próprios pais e educadores também se sentem sem esses referenciais.

Educar exige abnegação, abrir mão do individualismo, tão presente hoje em dia. O ciclo pais ausentes, filhos imaturos, adolescência prolongada, entrada tardia no mercado de trabalho, priorização da carreira ao invés dos relacionamentos amorosos ? incluindo aí a família, leva o indivíduo a priorizar a si mesmo e se fechar para o outro e, conseqüentemente para as relações. O egocentrismo obscurece e empobrece a visão de mundo. O culto ao hedonismo leva adultos e jovens a buscar apenas o prazer, a não assumir responsabilidades, a fugir dos seus papéis de pais e educadores, de um lado; e filhos e alunos, de outro.

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