Pé no presente, olho no futuro

Pé no presente, olho no futuro

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:28

Iara Vasconcellos

Fico muito surpreso ao ver jovens aproximando-se do casamento e pensando que, se eles simplesmente deixarem a coisa correr, tudo dará certo. Obviamente, esta filosofia não é verdadeira. É muito importante que haja um prévio planejamento em todas as esferas de nossas vidas. Como a família é uma das áreas mais importantes, por que há quem pense que não devemos planejá-la? Desde as finanças da família – entradas e saídas, contas, compras, férias etc. - até o número de filhos e quando tê-los, tudo deve passar por um criterioso planejamento.

Pelo fato de sermos autocentralizados, temos a tendência de orientar nossas vidas de forma a contentar a nós mesmos. Nossos casamentos, nossas famílias e todos os outros relacionamentos somente poderão dar certo se investirmos e trabalharmos diligentemente, com sabedoria, discernimento e planejamento. Em Filipenses 2.3-4 encontramos as seguintes palavras:

"Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros." Em Efésios 4.2 também vemos o seguinte: "Sejam humildes e amáveis. Sejam pacientes uns com os outros, tendo tolerância pelas faltas uns dos outros por causa do amor entre vocês" (Bíblia Viva).

São estas faltas citadas no primeiro versículo que podem causar conflitos, e quanto mais próximos formos, maiores serão as possibilidades de entrar em atrito.

E quanto mais entrarmos em atrito, mais nos justificaremos, enxergando cada vez menos o ponto de vista da outra pessoa.

Todo casal enfrenta as mesmas áreas de problemas básicos.

Devido às diferenças de suas personalidades, temperamentos e origens, alguns se ajustam e adaptam mais facilmente do que outros. Precisamos aprender a lidar com nossas diferenças, aceitando as idiossincrasias e manias um do outro, para que, através dos anos, elas nos conduzam a caminhos abertos, e não a becos sem saída.

Ao planejar nossas vidas, precisamos nos guiar pela realidade.

Muitas vezes, nossos planos são feitos com base em fantasias, o que indubitavelmente conduz ao insucesso. Há algumas características que podem ajudar a evitar este tipo de desabamento.

Devemos fazer planejamentos estratégicos em nossa vida familiar, desenvolvendo e cultivando algumas posturas e atitudes que considero fundamentais, entre elas as expectativas reais, a aceitação, a abertura para mudanças, uma boa comunicação, um coração gentil e uma vida sexual realizada. Vejamos:

Expectativas reais

É espantoso como são poucos os casais que conversam sobre o que esperam receber no casamento.

Em número ainda menor são os que trocam idéias sobre como gostariam de contribuir para o relacionamento para que este seja bem-sucedido.

E isso tudo é uma questão de planejamento. Um bom exercício para os casais já casados é perguntar um ao outro: "Nosso casamento está sendo o que você esperava?" Ou: "Suas expectativas estão sendo atingidas?" As respostas a estas perguntas podem ser ponto de partida para planejamentos.

Expectativas não alcançadas podem tornar-se frustrações, as quais podem se transformar em amargura. Feliz é o casal que percebe, ainda a tempo, a importância de fazer um plano para melhorar o relacionamento.

Pode-se começar indo à Bíblia e vendo as conseqüências desastrosas de uma pessoa amargurada. Hebreus 12.15 diz que a raiz de amargura brota e acaba contaminando os outros.

Por isso, deve-se traçar planos tendo em vista cortar esta raiz, começando com um pedido de perdão e passos em direção à restauração.

Aceitação

O fato de sabermos que Deus nos aceita como somos e que ele nos ama, apesar do que fazemos, nos dá senso de segurança, valor e bemestar.

O mesmo acontece no casamento. Uma das maneiras de nos sentirmos aceitos é ouvir dos lábios de nosso cônjuge que ele nos aceita como somos.

Devemos, periodicamente, planejar a verbalização desta aceitação a nosso cônjuge. Toda esta questão de aceitar um ao outro é uma decisão racional, que ocorre quando planejamos desenvolver um relacionamento sólido e realizador.

Abertura para mudanças A vida está em constante mudança e precisamos mudar com ela. Quando um casal jovem se casa, ambos estão iniciando uma nova experiência.

Eles começam a se adaptar e a superar as dificuldades aprendendo a se ajustar. Neste ponto, geralmente, nascem os filhos. E a vida muda novamente. Quando começam a se adaptar, uma segunda criança surge no pedaço. E a vida continua.

Crianças na escola implicam mais mudanças. Um a um, os filhos vão crescendo e deixando o lar, mudando novamente a vida dos pais.

Neste tempo, a família geralmente passa por duas ou três mudanças.

Este é, na maioria dos casos, um resumo da vida, requerendo, portanto, grande planejamento.

Uma boa comunicação

Pode reparar: todo bom casamento possui uma boa comunicação. E uma boa comunicação é resultado de um bom planejamento de nosso tempo.

Se eu perguntar qual é a maior necessidade de um casamento, a maioria das mulheres certamente responderá que é gastar mais tempo com seus maridos apenas para conversar, não somente sobre fatos, mas sobre seus sentimentos e pensamentos. Sobre como eles estão, como os filhos estão progredindo etc.

Para tudo isso, precisamos de tempo, e isto requer planejamento.

"A Bíblia nos incentiva a resolver nossos conflitos logo. Assumir esta postura de buscar a solução em curto prazo requer decisão e um planejamento de vida"

"É formidável poder dizer a coisa certa na hora certa" (Provérbios 15.23b). Tanto a palavra certa na hora certa quanto o silêncio na hora certa podem ser bênçãos. Algumas coisas não são ditas, por amor, porque o interlocutor pode não ter a maturidade suficiente para lidar com o que seria dito. Outras vezes, um assunto que já é polêmico pode causar irritação ainda maior. Então, calar-se novamente é bênção. O amor faz este tipo de coisa.

Uma boa comunicação também implicará a decisão de abrir ou não a boca para falar.

A Bíblia também incentiva que resolvamos nossos conflitos logo. "Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo" (Efésios 4.26, versão Almeida Atualizada).

Assumir esta postura de resolver os conflitos em curto prazo requer decisão e um planejamento de vida. Quando vamos para a cama com uma situação pendente com nosso cônjuge, é muito provável que nos levantemos na manhã seguinte cansados, machucados e, possivelmente, ainda irritados. Neste clima, o beijo de despedida antes de ir para o trabalho é substituído por uma ruidosa batida de porta.

 No escritório, o coração pesa, a mente divide-se: desejo de telefonar para o cônjuge (e começar a resolver o problema), seguido de uma mudança de idéia – de repente, surge o sentimento de que o conflito não foi sua culpa. Com isso, a distância aumenta entre o casal. Jesus disse, em Mateus 5.23-24, que deveríamos tomar a iniciativa de uma reconciliação.

"O sexo foi criado para ser desfrutado no contexto do casamento e visando o bemestar e o prazer do casal. Também se inclui nesta área o planejamento familiar"

"Vá primeiro reconciliar-se..." Ele não disse que seria fácil. É sempre difícil reconhecer a própria culpa e pedir perdão.

Inúmeras vezes, ofendi minha esposa, mas ao pedir humildemente seu perdão, fui perdoado.

 Também é importante a forma de nossa comunicação. A Bíblia fala: "Nenhuma palavra torpe saia da boca de vocês, mas apenas a que for útil para edificar os outros, conforme a necessidade, para que conceda graça aos que a ouvem" (Efésios 4.29).

A preocupação de Paulo é que a comunicação entre os casais e a família seja utilizada para construir, e não para destruir os relacionamentos.

Um coração gentil

Ao ser interrogado sobre o divórcio, Jesus respondeu estendendo o Antigo Testamento: "Portanto, o que Deus uniu, ninguém separe." Mais adiante, ele diz: "Moisés permitiu que vocês se divorciassem de suas mulheres por causa da dureza do coração de vocês.

Mas não foi assim desde o princípio" (Mateus 19.8). Podemos, então, dizer, com toda certeza, que o divórcio é resultado da dureza do coração. E esta dureza vai penetrando aos poucos por várias causas, principalmente devido à autojustificação e à recusa em perdoar.

O plano de Deus pode ser visto em Efésios 4.32: "Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo."

Uma vida sexual realizada

Quando examinamos as Escrituras, nos certificamos de que o sexo foi criado para ser desfrutado no contexto do casamento e visando o bem-estar e o prazer do casal. Deus nos deixou o livro de Cântico dos Cânticos, escrito por Salomão, para descrever esta importante parte do casamento.

Os casais deveriam encarar esta área com mais seriedade. Também se inclui, na área sexual, o planejamento familiar, como o número de filhos e a época de tê-los.

Como prelúdio de uma noite romântica, pode-se planejar um jantar à luz de velas ou um fim de semana no campo ou na praia, só para o casal.

Pode-se, também, planejar aproveitar um fim de semana para conversas mais íntimas, expressando desejos, sentimentos, sonhos. Em I Coríntios 7.3-5, Paulo deixa claro que os casais devem estar promovendo desfrutes sexuais um para com o outro. Há casais que já são naturalmente românticos; outros, porém, precisam aprender a desenvolver esta área.

"Que em 2003 sejamos motivados e desafiados a planejar mais nossas vidas, submetermos esses planos a Deus e fazer o melhor para alcançá-los"

Novo ano

Se você leu este artigo até aqui, provavelmente observou que precisamos urgentemente programar e organizar nossas vidas e famílias. Para que os tópicos deste estudo (posturas e atitudes-chave para o casal — expectativas reais, aceitação, abertura para mudanças, uma boa comunicação, um coração gentil e uma vida sexual realizada) funcionem no contexto familiar, será preciso:

que se tornem conhecidos; que planejemos introduzi-los em nossas vidas; que nos dediquemos a esta implementação.     Que a chegada de mais um ano nos motive e desafie a planejar mais nossas vidas, a submetermos esses planos ao Senhor e a dar o melhor de nós para alcançar os alvos propostos!

    Jaime Kemp é doutor em ministério familiar e diretor da Sociedade Religiosa Lar Cristão. Foi missionário da Sepal por 31 anos e fundador da missão Vencedores por Cristo.

    É palestrante internacional e autor de 39 livros. Casado com Judith, é pai de três filhas e avô de dois meninos.

    Sugestão de leitura Conversando a gente se entende, de Jaime Kemp (Sepal)

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