Pessoas comuns buscam fotógrafos para terem perfil lindo na web

Pessoas comuns buscam fotógrafos para terem perfil lindo na web

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:41

Para ficarem mais bonitas nas fotos que postam em redes sociais, mulheres procuram auxílio de fotógrafos profissionais   Quem não gosta de se olhar em uma foto e perceber que saiu realmente linda? Se alguma mulher disser que não gosta desta sensação será, no mínimo, surpreendente. É justamente isso que vem motivando um número cada vez maior de pessoas anônimas a visitarem estúdios fotográficos para fazerem ensaios profissionais.

Mas o que antes era particular, agora é público. Se os álbuns de outros tempos eram feitos apenas com o objetivo de eternizar momentos bons e alegres, hoje a história é outra. Colocar fotos feitas por profissionais em perfis de redes sociais e sites de relacionamento está cada vez mais comum.

Perder uns quilinhos, mudar o cabelo ou reformar a casa. Tudo é motivo para contratar um fotógrafo e mostrar as mudanças em perfis da internet. Com preço acessível – hoje, em São Paulo, por exemplo, é possível fazer books pagando menos de R$ 200,00 – dinheiro deixou de ser um fator impeditivo para muita gente.

“Algumas pessoas arrumam desculpas para fazer o ensaio, mas, logo depois que entregamos as fotos, a gente vê que elas foram direto para o Orkut ou Facebook”, comenta a fotógrafa Kelly Oliveira .

Incentivo para emagrecer

Uma semana antes de completar 31 anos, a profissional da área de estética Mary Nascimento, 33, resolveu que iria fazer um book para colocar na sua página do Orkut. O marido deu o maior apoio e foi junto.

Mary adorou o resultado. Ela afirma que, além de ter realizado um desejo de eternizar seus 30 anos, as fotos ainda serviram para elevar sua autoestima. O incentivo, segundo ela, rendeu a força de vontade para eliminar sete quilos.

“Muitas pessoas me elogiaram e adorei fazer as fotos. Fiquei bem à vontade e acho que o resultado foi bem natural, apesar de toda a produção de cabelo, maquiagem e roupas”, conta. Gostou tanto que já pensa em mais uma sessão para ter novas fotos em seu perfil.

Pequenos retoques

A dona de casa Andréia Magno, 35, tinha acabado de fazer uma rinoplastia e queria mostrar o resultado para amigos e parentes. “Um monte de gente coloca fotos de viagens e eventos. Por que não posso colocar de uma novidade no meu corpo?”.

Ela confessa que o fato de os fotógrafos poderem retocar as fotos influenciou sua decisão de ir ao estúdio. “Eu estava um pouco inchada por causa da cirurgia e eles suavizaram esse problema”, revela Andréia.

“Já dá para notar claramente que os perfis não estão mais com fotos caseiras”, observa a dona de casa que não teve medo de críticas negativas. “Eu assumo que fiz fotos só para colocar na internet e recomendo para todo mundo. Além de ter tratamento de artista no estúdio, as fotos melhoram muito a autoestima.”

É só para mulher?

Os homens também aderiram à nova modalidade de sessão de fotos. Apesar de serem em menor número, segundo os profissionais, eles marcam presença. “O book feito por mulheres de 30 a 35 anos é o mais comum. Mas os homens também usam nossos serviços. Só que eles são bem mais tímidos que elas”, conta a fotógrafa Bianca Machado .

“Um dos meus clientes quis fazer fotos para mostrar que estava malhando e o corpo ficou mais bacana, mais definido”, afirma Kelly Oliveira. Ela diz ainda que eles também pedem retoques. “Todo mundo sabe que as famosas utilizam esse recurso para ficarem mais bonitas nas revistas. Uma pessoa comum agora pode fazer isso.” Bianca, que também oferece a possibilidade de retocar as fotos, ressalta que essa prática não é estimulada. “O que fazemos é aconselhar a pessoa a ser o mais autêntica possível. Tentamos realçar qualidades. As fotos precisam passar a realidade”, afirma.

Uso inadequado

A consultora de estilo e imagem Regina Carvalho concorda com Bianca. Ela acredita que não há nada de errado em colocar fotos produzidas em estúdio nas redes sociais, desde que elas não fujam da realidade. “O problema que pode ocorrer é a imagem ser artificial demais ou não se adequar ao meio. Não dá para colocar fotos com poses sensuais, por exemplo, em sites de negócios como o LinkedIn.”

Regina acredita que, atualmente, todos precisam cuidar da imagem de forma mais profissional do que antigamente. A visibilidade das pessoas mudou com as redes sociais e por isso o cuidado precisa ser maior, na sua opinião. “O importante é não passar uma impressão errada. Uma simples foto pode causar grandes prejuízos na vida de uma pessoa se for usada de forma incorreta”, completa.

Já Daniela Passaretti , consultora de imagem e estilo, não enxerga a tendência com bons olhos. Segundo ela, esse movimento de procura por fotos profissionais é uma tentativa de as pessoas alcançarem padrões de beleza que a sociedade impõe. “Acho que tem muito exagero nas redes sociais. Todo mundo tem que ser bonito, rico, talentoso, magro. Isso não existe. É muito mais legal colocar coisas mais verdadeiras nos perfis do que imagens super produzidas.”

Para a psicóloga Andréa Jotta, membro do Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o que deflagrou a onda de perfis com fotos profissionais foi o aparecimento de opções cada vez mais baratas para este tipo de trabalho.

“Os sites de compra coletiva vivem oferecendo fotos em estúdio por preços acessíveis. Isso contribui bastante para a proliferação desta prática. Com baixo custo, as pessoas comuns têm a possibilidade de serem tratadas como estrelas dentro do estúdio”, observa a psicóloga. Para ela, se não houver exagero, não há nada de errado em querer ter uma foto bonita.

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