População mais feminina

Segundo os dados do último censo do IBGE, divulgados há algumas semanas, a população brasileira está mais feminina. Da população total, que passam dos 190 milhões, o número de mulheres supera o de homens em quase 4 milhões e, pela média, há 95,9 deles para cada 100 delas. Esse diferencial pode não parecer grande coisa se você pensar apenas nas relações corriqueiras, mas no cenário geral, pode mudar inclusive como as pessoas se relacionam.

A psicóloga Arlete Gavranic vai ainda mais longe na análise desses números. Segundo ela, esses dados são brutos e não tratam da orientação sexual dos entrevistados, por exemplo. "Se você observar que o número de homossexuais masculinos é bem maior, essa proporção pode ser 90 homens para cada 100 mulheres", calcula.

A diminuição do número de parceiros potenciais já é realidade, mesmo antes da constatação do IBGE. "Já vemos mulheres sozinhas, principalmente a partir dos 35, 40 anos. Quando os relacionamentos se rompem, o parceiro normalmente vai em busca da mulher mais jovem e a ex tem dificuldade de ser refazer amorosamente", pontua Arlete, que é coordenadora dos cursos de pós-graduação do Instituto Brasileiro Interdisciplinar de Sexologia e Medicina Psicossomática (Isexp). "E isso tende a se agravar por conta dos novos números". Segundo ela, essa questão de ‘mulher com validade’ é uma questão social importante a ser discutida e repensada.

Outra mudança importante que pode acontecer, no médio prazo, é o aumento do número de homossexuais femininas. Em busca de afeto, as mulheres vão se relacionar entre si, dentro desses grupos femininos maiores.

Ainda pensando nas relações amorosas é preciso pensar num aspecto que já acontece, por exemplo, no Oriente Médio, onde a mulher existe também em maior número. "A bigamia e o número de amantes tem tudo para aumentar", pondera Arlete. "As mulheres podem passar a se contentar a ter um ‘caso’, ter pouco, apenas para dizer que também tem. Ai, vão se submeter a ter pouco por falta de oportunidade, baixa autoestima e medo de não passar por aquela experiência". O problema dessa perspectiva é o reforço de um machismo que, até agora, as mulheres lutaram tanto para combater. Mais, nesse caso, pode sim significar menos!