Profissão quase feliz

Profissão quase feliz

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:28

05/01 Paulo Autran, que ficará conhecido como "senhor dos palcos", na verdade se formou em Direito. Trabalhou por sete anos até perceber a falta de vocação à lide jurídica. Enveredou-se pelos caminhos do teatro e cinema. O detalhe desses sete anos "perdidos" chama a atenção. É o que se deduz de suas declarações algum tempo antes de ser consumido por câncer, enfisema pulmonar e outras complicações neste Dia das Crianças. "Sou feliz porque dediquei a minha vida a algo que me deu prazer" disse, aos 85 anos.

Olhar para trás e verificar que a carreira valeu a pena não é privilégio de muitos. Especialmente nestes tempos de competição acirrada nos vestibulares, concursos, empregos na iniciativa privada onde pipocam candidatos poliglotas com MBA, estágios no exterior e currículo impecável. Entre os melhores nunca bastará ser bom.

E onde se encaixam os jovens cristãos? Com certeza terão de buscar, dentro das mesmas oportunidades, a capacitação necessária para ter seu lugar ao sol.

Mas como um jovem cristão pode evitar os sete anos perdidos após receber o sonhado diploma? Como ter clareza de que ficará "feliz ao acordar e pensar em mais um dia de trabalho", conforme um controverso conceito de felicidade citado por Max Geringer? Como se preparar para a faculdade, como escolher a profissão que dará essa satisfação?

Há algum tempo, um jovem me perguntou se podia ajudá-lo a "entrar numa universidade". Desanimado, confessou ter feito vários vestibulares. Pediu para alguém indicá-lo a algum reitor. Contudo, via seu sonho de fazer determinado curso muito distante. Confesso que a princípio não tinha uma resposta àqueles olhos e ouvidos ansiosos. Não recebi nenhuma revelação, ou "senti" qualquer sintoma proveniente do céu. Até desejei poder dizer algo que transcendesse minha condição falível.

Fiz-lhe perguntas: "Você já orou a respeito?". "Será que é isso que Deus tem planejado para você? Seu rosto expressou parecido a: "Do que você está falando?"

Imediatamente inspirado na idéia de que "Deus tem um plano em cada criatura" disse àquele jovem que, como servos de Cristo, não há como desvincularmos nossa vida pessoal, nossos anseios, nossa carreira e quaisquer outros planos do relacionamento pessoal com Deus. Ele deve estar presente naquilo que deduzimos ser as mais insignificantes escolhas do dia a dia. E, obviamente, Deus não vai realizar o milagre de pesquisar profissões, procurar se informar dos próximos concursos, matricular nos processos seletivos, estudar o conteúdo programático, ouvir o orientador vocacional, ler a ementa do curso, considerar o futuro campo de atuação e, principalmente, ORAR a respeito!

O risco de deixar Deus fora de alguma área de nossa vida é um dia olhar para trás e notar que se passaram sete, dez, talvez vinte anos de infelicidade profissional. Talvez ocorrera a conquista de bens materiais, amizades, clientes. Talvez tudo se mostre perfeito, mas se foram tantas manhãs de acordar e sentir-se "quase feliz" ao pensar em cumprir mais uma rotina de trabalho. E o mais preocupante será descobrir que nesses anos todos não se desenvolveu NADA ao Reino de Deus na profissão escolhida sem a participação dEle.

O raciocínio é simples e pode ser desvendado na resposta a duas perguntas: 1) O que viemos fazer/estamos fazendo neste mundo?; 2) Qual deve ser a nossa prioridade? Resposta (pessoal): 1) Viemos cumprir o propósito divino para nós, viemos glorificá-lo com nossa vida e ações/Devemos ou deveríamos estar cumprindo esse propósito – que nos dará a satisfação diária; 2) A prioridade é "Buscar primeiro o reino de Deus e a sua justiça e as outras coisas vos serão acrescentadas".

Não é a sua carreira, não é simplesmente a constituição da sua família, não é o seu projeto, mas o propósito de Deus que conta!

Salomão desenvolveu o conceito de "vida abaixo do sol", com seu caráter passageiro. E ecoou em seus escritos: "Tudo é vaidade!", no sentido de vil e transitório. A carreira, os títulos, as conquistas pessoais passarão. O que vai contar na eternidade é nossa atividade em relação ao que Deus esperava de nós. E quanto a nós mesmos, como refletimos a imagem de Deus em nós na escola, na empresa, na família, na vizinhança? E, indo direto ao xis da questão: Quantas almas ajudamos a desviar do caminho do inferno?

Volto a Paulo Autran para uma ressalva. Apesar de ter descoberto sua vocação e desenvolvido uma carreira brilhante, ele poderia ter vivido plenamente feliz, não fosse o um ano de luta contra câncer. Um ano foi tempo suficiente para perceber a insalubridade gerada pelo fumo que corroeu-lhe o aparelho respiratório. Poderia, se conhecesse o Senhor Jesus, ter tido um crepúsculo com cantos de pássaros e não cercado pela dor e as incertezas do além-túmulo.

Jovem cristão: você pode ter melhor desfecho. Há um horizonte à sua disposição. Talvez não venha ser um Autran condecorado (e canceroso), mas há ao seu dispor um potencial suficiente para que sua vida seja extraordinária. Você tem um conceito de "vida acima do sol" sugerida pelo Dr. São Paulo. "Antes pensai nas coisas que são de cima". Carpe diem! – aproveite o dia!

Por: José San Martín Caminã Neto - jornalista e radialista

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